quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Mercados americanos: Brian Shannon revê o ano de 2014


O meu analista técnico favorito no YouTube fez um apanhado geral do que aconteceu nas bolsas americanas durante o ano que agora acaba:



Aqui ficam alguns pontos-chave do vídeo:

Modo actual: bearish

[03m27s]: no S&P 500 (SPY), perdemos o suporte crítico nos $207,5 e estamos agora em território de correcção;

[03m30s]: no Nasdaq 100 (QQQ), perdemos o suporte crítico em redor dos $104 e estamos agora em território de correcção; essa zona ($104-104,5) passou agora a constituir a banda de resistência que cuja penetração deveremos aguardar para voltar a abrir ou a reforçar posições longas.

[04m32s]: também o Russell 2000 (IWM) acabou por sucumbir à pressão vendedora e está abaixa da média móvel a cinco dias -MM(65)-; a zona de resistência a superar está entre os $120,50 e os $120,75;

[05m25s]: os semicondutores (SMH) também estão a corrigir e encontraram resistência sob a anterior zona de suporte na zona dos $55,40;

[06m14s]: o sector financeiro (XLF) também perdeu terreno e é preciso voltar à zona entre os $24,90 e os $25 para voltarmos a estar em modo bullish;

[08m15s]: a AAPL está a mostrar alguma fraqueza e a fazer novos mínimos e novos máximos mais baixos do que os precedentes; o melhor a fazer por agora é ficarmos afastados desta acção;

[08m55s]: o ouro (GLD) continua a cair de forma continuada, estando todas as médias móveis principais (20, 50, 100, 150, 200) com declives negativos;

[09m45s]: o dólar americano (UUP) teve um excelente 2014 e a sua tendência de subida primária permanece intacta;

[10m15s]: o petróleo (USO, OIL) continua em queda livre, frustrando todos aqueles que apostam no fim das quedas [N.B.: imbecis que não entendem as duas máximas mais sagradas dos mercados "a tendência é tua amiga" e "apostar contra a tendência é como mijar contra o vento"]; o triângulo descendente que o Sr. Shannon identificou na análise semanal anterior acabou mesmo por confirmar-se;

[10m55s]: as obrigações (TLT) tiveram um ano fantástico [N.B. conforme eu mencionei alguns postais mais abaixo] e continuam em tendência primária de subida; 

[11m57s]: nos mercados não há sorte ou azar, há apenas inépcia ou perícia; é da responsabilidade de cada investidor identificar o que corre mal -quando corre mal- e corrigir os processos que se revelaram deficitários.

Greg Harmon sobre as subidas recentes da bolsa chinesa


Harmon volta a não desiludir aqueles que o seguem atentamente, presenteando-nos com mais este bom artigo sobre o compósito de Xangai ($SSEC):

«O mercado chinês tem estado em alta desde meados de Julho. E depois de um movimento de subida de mais de 50%, estão finalmente a aparecer sinais de que poderá consolidar ou até recuar, à semelhança daquilo que os dragões dos desfiles tradicionais chineses costumam fazer.


O gráfico semanal em baixo mostra o movimento do índice a partir da zona dos 2450 pontos, numa clara transição de um período de estagnação para uma tendência ascendente. Mas também mostra que o $$SSEC recuou [em Dezembro] depois de ter tocado na linha definida pelo Topo Duplo de Abril e Novembro de 2010:




Curiosamente, foi nesta zona que a média móvel simples a 200 dias também atingiu um máximo. Pergunto-me se isto será significativo? O que é certamente significativo é que as subidas recentes foram tão grandes e tão rápidas que o indicador de momento RSI chegou a estar acima dos 90%. Uma correcção faz, portanto, todo o sentido.

O mercado chinês tem agora uma oportunidade de nos mostrar a sua força.  Uma quebra abaixo dos 2820 seria um forte sinal de que as subidas foram exageradas e que um novo teste à zona dos 2450 pontos não é de descartar. Mas se o $SSEC aguentar na zona entre os 2900 e os 3100 pontos, poderá haver tempo para fazer "reset" aos indicadores de momento e manter a tendência ascendente durante o ano de 2015.»

Comentário do blogueiro: bastante oportuna, esta análise do Sr. Harmon. O melhor momento de olhar para os índices bolsistas é precisamente quando eles estão a tentar romper uma resistência anterior. Com excepção dos EUA, os mercados mundiais estiveram em contracção durante 2014. Mas se a bolsa chinesa regressasse às subidas de uma forma consistente e continuada, poderíamos ter um novo fôlego para a economia mundial. O $SSEC fechou ontem nos 3234,68 pontos.

A propósito, caso o melhor cenário se concretize e o compósito de Xangai volte a subir, há três fundos transaccionáveis (exchange-traded funds, ETF) de acções chinesas com boa liquidez: o  Market Vectors China ETF (PEK:NYSE), o iShares FTSE China 25 Index Fund (FXI:NYSE) e o db X-Trackers Harvest CSI 300 A-Shares Fund (ASHR:AMEX). Há muitos outros ETFs de acções chinesas mas todos têm ou pouca liquidez ou são alavancados, características que os tornam muito pouco recomendáveis, uma vez que a volatilidade dos mercados chineses é enorme.

Sobre um dos gráficos mais vistos do ano...


O gráfico em baixo foi uma das "provas" mais referenciadas pelos profetas do apocalipse bolsista para nos "avisar" a nós, incautos investidores, do "crash que se avizinha". Todas as aspas na minha frase anterior são intencionais, porque não só não acredito que o gráfico em causa constitua prova alguma, como não acredito na generosidade dos supostos avisos dos "gurus" dos mercados.

Trata-se de um gráfico do compósito de todos os índices da família S&P (e não apenas do S&P 500), desde o ano 1870 até aos nossos dias. Sobre o gráfico do S&P, foi traçada, a cor azul, uma regressão exponecial (embora no gráfico pareça linear), permitindo identificar uma "tendência" de longo prazo:


O propósito do gráfico é mostrar que a actual valorização dos índices americanos supera a tal "tendência" em mais de 90%, um valor que certos "gurus" consideram alarmante. Mais acrescentam estes "especialistas" que é apenas a segunda vez na história que esse valor é atingido e que, nesse sentido, vem aí uma grande catástrofe.

Ora, embora eu até aceite que este exercício tem a sua piada e até deve ser encarado com uma certa seriedade, seria completamente absurdo vender acções apenas com base neste gráfico. Por várias razões:

1. Nada nos garante que a regressão exponencial que foi utilizada é aquela que melhor aproxima a evolução do índice; provavelmente até foi escolhida a dedo para provocar alarmismo.

2. Mesmo que a regressão exponencial utilizada seja de facto aquela que melhor aproxima a evolução do índice, há um período em que os mercados continuaram a subir muito para além desse nível; sim, é verdade que esse período corresponde à mítica "bolha das tecnológicas", mas o que é certo é que quem tivesse vendido as suas acções só porque a regressão exponencial estava muito abaixo do gráfico, teria perdido grande parte dos ganhos proporcionados pela subida.

3. Uma regressão exponencial é válida apenas para o conjunto de pontos para os quais foi construída; o seu valor preditivo é cada vez mais limitado à medida que novos pontos são acrescentados, a menos que essa regressão seja actualizada para cada novo ponto; isto deve-se ao facto de que, se a tendência for realmente exponencial,  cada novo ponto do S&P estará mais afastado do anterior do que o anterior estava do antepenúltimo; por conseguinte, é possível que o compósito do S&P suba mais acima da "tendência" do que em momentos anteriores, sobretudo se a regressão nunca for actualizada;

4. Por último e mais importante de tudo, só se vende em bolsa quando a evolução do preço dos títulos nos fornece sinais claros da reversão da tendência primária; até lá, as subidas ainda podem durar vários meses ou até anos. Volto a enfatizar que as profecias dos "gurus" da bolsa são historicamente muito más, razão pela qual nunca, mas NUNCA, devemos dar-lhes ouvidos; as únicas vozes que vale realmente a pena ouvir são a dos fundamentais e, sobretudo, a do preço das acções; porque só essa é que nos dá dinheiro!

Procura por ETFs cresceu mais do que nunca em 2014


A procura por fundos transaccionáveis (exchange-traded funds, ETF) cresceu de 137 mil milhões de dólares em 2013 para 143 mil milhões de dólares em 2014. O valor investido em ETFs americanos supera agora, pela primeira vez na história, os 2 biliões de dólares (biliões portugueses, triliões americanos).

Para quem não sabe o que são ETFs (situação indesculpável para os leitores deste blogue!), «os ETFs são transaccionados em bolsa como se fossem acções, mas replicam o desempenho de uma carteira de títulos semelhante à dos fundos de investimento que se subscrevem aos balcões das instituições financeiras (bancos, corretoras, etc.) [ver um exemplo aqui]. O mercado dos ETFs representa apenas um décimo da indústria dos fundos de investimento, mas está a crescer a um ritmo muito mais rápido: os fundos tradicionais receberam menos de metade dos $194 mil milhões de dólares que tinham recebido em 2013.»

Um dia normal na bolsa de Nova Iorque, a New York Stock Exchange (NYSE).

Este crescimento não surpreende mesmo nada aqui o vosso blogueiro, por dois motivos: (1) hoje em dia, qualquer pessoa pode comprar e vender ETFs pela inyernet através das plataformas de "trading" disponibilizadas pelas corretoras, o que elimina o processo tradicional e moroso de subscrições aos balcões e confere maior agilidade aos investidores; e (2) bem mais importante, o desempenho histórico dos fundos tradicionais é muitas vezes desastroso, havendo muitos fundos que caem mais que os índices bolsistas em Bear Market e sobem menos em Bull Market.

A vantagem dos ETFs é evidente: tratando-se de instrumentos transaccionados em bolsa e, portanto, sujeitos à lei da oferta e da procura, replicam de uma forma muito mais eficiente os índices ou o conjunto de títulos que representam. Por conseguinte, a eficiência de um ETF é tanto maior quanto mais líquido for esse título, i.e. quanto maior for volume transaccionado. É pois, sem surpresa, que os ETFs mais bem-sucedidos sejam precisamente aqueles que maior volume transaccionado apresentam:

«Entre os ETFs, o SPDR's S&P 500 (SPY: NYSE) foi aquele que mais dinheiro recebeu dos investidores. O fundo, que replica o S&P500, atraiu quase 25 mil milhões de dólares em 2014. É o maior aumento desde que o SPY foi lançado em 2009, e é quase o dobro da quantia injectada no SPY em 2013.» 

 Evolução do índice S&P500 e do ETF SPY desde 2010: a sobreposição é quase perfeita!

«Para além do SPY, os ETFs que mais dinheiro atraíram este ano também estão associados ao S&P 500, nomeadamente o Vanguard S&P 500 ETF (VOO: NYSE), que aparece em segundo lugar com 10 mil milhões de dólares, e o  iShares Core S&P 500 ETF (IVV: NYSE), que aparece em terceiro com 9 mil milhões de dólares.

(...) os ETFs que mais depreciaram em 2014 foram o iShares MSCI Emerging Markets (EEM: NYSE) e o SPDR Gold Trust Shares (GLD: NYSE)». Ou seja, quem mais perdeu foram os ETFs associados aos mercados emergentes e ao preço do ouro.

Termino este postal com uma pequena adenda: os ETFs que replicam índices bolsistas são o instrumento ideal para quem nunca transaccionou em bolsa e está a pensar em começar. É que as acções estão sujeitas a flutuações que podem durar muitos meses, fazendo desesperar os investidores mais inexperientes. Já os índices mantêm geralmente uma tendência ascendente ou descendente bem definida, sendo menos propensos a enervar os iniciados. O único senão é evidente: com ETFs que replicam o mercado, apenas se conseguirá uma performance igual à do mercado. O que até não é nada mau, tendo em conta que mais de 70% das pessoas que investem em bolsa perdem dinheiro e apenas 3% batem o mercado.

Aqui fica a lista dos ETFs mais líquidos para cada um dos principais índices americanos (sem alavancagem):

S&P 500: SPDR's S&P 500 (SPY: NYSE)
Nasdaq 100: PowerShares QQQ Trust (QQQ: Nasdaq GM)
Dow Jones Industrial Average: DJ Industrial Average ETF Trust (DIA:NYSE)
Dow Jones Transportation Average: iShares DJ Transportation Average Index Fund (IYT:NYSE)
Russell 2000: iShares Russel 2000 (IWM: NYSE)

terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Obrigações do Tesouro Americano (a 20 e mais anos, via TLT), gráfico diário


Contrariando todos aqueles que dizem há já mais de um ano que as obrigações se encontram numa "bolha especulativa", teoria ridícula que Greg Harmon já desconstruiu de forma brilhante, o fundo transaccionável iShares Barclays 20+ Year Tresaury Bond Fund (TLT:NYSE) continua a ganhar terreno, tendo rendido 27,45% em 2014. É um valor assombroso tendo em conta valor que estamos a falar de activos de baixo risco e que ainda pode subir mais um pouco amanhã.

Conforme eu tinha mencionado na análise que fiz aqui, as obrigações pareciam estar a formar um padrão gráfico de "chávena" em todos os horizontes temporais. Ora, como se pode ver no gráfico de hoje, o padrão acabou mesmo por se concretizar:



As figuras gráficas de "chávena" e de "chávena com asa" ocorrem em Bull Market e constituem padrões de continuação. A figura é válida porque cumpre todos os critérios necessários:

1. Tendência anterior de subida: presente, o ETF TLT está a subir desde Dezembro de 2013;

2. Uma forma em "U" cujo fundo corresponde a um suporte: presente, é claríssimo que o fundo da nossa chávena se encontra na zona dos $118, que corresponde ao nível de resistência imediatamente precedente (ver preço em Setembro);

3. A profundidade da chávena deverá variar entre 1/3 e 2/3 do avanço anterior: presente, porque o avanço anterior foi de $11.12 ($122-$111.69) e o recuo da chávena foi de $4.38 ($122-$117.62) e 4.38/11.12 = 39.39%, acima de 1/3 e abaixo de 2/3;

4. A "asa" ou "pega" da chávena deve ter uma profundida de cerca de 1/3 do avanço anterior: presente, apesar de termos recuado um pouco mais do que seria desejável, $2.12 ($122 - 119.88), o que corresponde a 48,40%.

5. A duração da figura deverá ser de 1 a 6 meses: presente, a figura inicia-se no dia 15 de Outubro e termina no dia 9 de Dezembro.

6. O volume transaccionado deverá aumentar com o rompimento da resistência da chávena: este é talvez o único critério que não me convence inteiramente; apesar de ter havido um ligeiro aumento do volume a seguir à "asa", não foi um aumento muito expressivo, tendo havido apenas 4 dias acima da MME(60).

7. Preço-alvo: presente; diz a teoria da chávena que temos de considerar a distância entre o segundo pico ($122 e não $122.55, porque temos de usar os preços de fecho, não os extremos) e o fundo ($118); depois, adicionamos essa distância ($4) à resistência da chávena para obter o nosso preço-alvo, i.e. $122 + $4 = $126, preço já atingido no dia 16 deste mês.

Portanto, as obrigações americanas estão num claro Bull Market. Apesar do MACD estar negativo e o CMF não nos convencer (LTD por quebrar), o RSI tem reagido muito bem à zona dos 50%. E com os índices bolsistas a darem sinal de quererem afundar, é natural que as obrigações continuem a subir no longo prazo, embora possam descer pontualmente, durante uma ou outra semana.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Mercados americanos: a análise semanal de Brian Shannon (23)


Que semana poderia acabar sem termos mais uma análise do grande Brian Shannon aqui no AnB? Venha ela!



Alguns pontos-chave do vídeo do Sr. Shannon:

Estado geral do mercado: bullish; abrir posições curtas é, para já, muito pouco recomendável;

[1m10s]: o Sr. Shannon acredita que, no caso do SPY, a zona de suporte mais importante na resolução temporal de 30 em 30 minutos é $207,5 (confirmo, apesar de eu preferir traçar os meus suportes nos gráficos diário e semanal, a anterior zona da anterior resistência Nov-Dez 2014 está claramente nesse nível);

[1m50s]: para o Nasdaq (QQQ), o nível de suporte correspondente situa-se em redor dos $104;

[2m13s]: o Russell 2000 está finalmente em novos máximos, depois de ter passado a maior parte do ano em tendência lateral; 

[3m27s]: para os semicondutores (SMH), o nível de suporte mais importante situa-se na zona entre os $54,75 e os $55,0;

[4m12]: O ouro (GLD) mantém uma tendência primária de descida (apesar dos conselhos dos charlatães que dizem que temos de comprar ouro porque vem aí um crash!); já as obrigações do tesouro americano (TLT), encontram-se em tendência primária de subida e presentemente a corrigir (portanto, é a altura ideal para aqueles que querem apanhar o barco);

[8m06s]: o petróleo (USO) também mantém a sua tendência de queda, apesar do recente abrandamento das descidas; o Sr. Shannon consegue inclusivamente ver um triângulo descendente -uma figura gráfica de continuação da tendência- no gráfico do fundo transaccionável (exchange-traded fund ou ETF) USO.

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Berkshire Hathaway, Inc. B, gráficos diário e semanal (23/DEZ/2014)


Está na altura de olharmos novamente para a Berkshire Hathaway, Inc. B, (BRKB: NYSE), a acção que é indissociável dos míticos investidores Warren Buffett e Charlie Munger. A minha última análise à BRKB foi publicada no dia 15-Nov (ver estrelas cor-de-laranja no gráfico diário). Na semana passada estive perto de reforçar a minha posição na Berkshire pela 18ª oitava vez desde 2005, mas as subidas foram tão rápidas que acabei por perder o ponto óptimo de entrada.

 
Disse eu, nessa altura,  que a valorização da BRKB estava algo esticada e que a acção precisava de corrigir. A acção continuou porém a subir até ao início de Dezembro, só tendo corrigido nessa altura. Depois, disparou novamente para cima e tem estado a lutar com uma resistência na zona dos $153 há já quatro sessões.

O que podemos dizer hoje? Bem, os indicadores técnicos dão-nos sinais contraditórios: o MACD está globalmente positivo, com a diferença entre a MME(12) e a MME(26) a cruzar o sinal ou MME(9) de baixo para cima, embora haja agluma divergência em relação ao histograma. Já o CMF revela indefinição, havendo uma linha de tendência descedente (LTD) por romper mas também uma linha de tendência ascendente por quebrar. O volume tem aumentado nas últimas sessões, mas não se consegue concluir sobre quem está a levar a melhor, Touros ou Ursos.

Vejo duas possibilidades: (1) o preço continua a subir nas próximas sessões, mas não por muito tempo, chegando talvez à zona dos $155; (2) o preço não consegue superar a zona dos $153 e corrige novamente, idealmente até à zona amarela no gráfico, mas possivelmente até mais abaixo. Vamos olhar para o gráfico semanal para tentar perceber quão abaixo:

 
Como se pode verificar, o MACD semanal mostra uma forte divergência para com o seu histograma, o que não é bom sinal. O RSI semanal também está francamente esticado, claramente acima da zona de sobrecompra. O único aspecto positivo é a expansão do volume transaccionado, mas isso não nos livra da possibilidade de correcção.

Ora, em caso de queda livre, o primeiro suporte semanal anda na casa dos $140-$142, zona que serviu anteriormente de resistência. Outra hipótese mais pessimista é descer até ao segundo suporte, na casa dos $130-$132. A verdade é que a BRKB não tem recuado muito durante o presente Bull Market, mas pode ver-se que tem o hábito irritante de permanecer em tendência lateral durante meses. Observe-se por exemplo, o período entre Jul-2013 a Mar-2014: as Saídas de Chandelier estão praticamente horizontais!

Eu cá já decidi: a situação está moderamente perigosa, por isso vou esperar que o preço recue um pouco até voltar a reforçar a minha posição...

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Mercados americanos: a análise semanal de Brian Shannon (22)


Loucura total nos mercados americanos!

Ontem foi um dia de verdadeira loucura nos mercados ianques. Há já quase dois anos que os principais índices dos mercados americanos não subiam tanto num dia. É preciso recuar até Janeiro de 2013 para encontrarmos uma sessão melhor do que a de ontem. O S&P500 subiu +2,40%. O Nasdaq 100 +2,47%. O DJIA +2,43%. O DJTA +1,58%. E o Russell 2000, que foi o mais fraco dos grandes índices americanos em 2014, subiu +1,47%, estando no ponto mais alto desde Junho deste ano. 

Se a este cenário juntarmos as subidas de anteontem, as maiores desde Outubro de 2013, podemos afirmar que estamos perante numa das melhores alturas do ano. Desde 2009 que não havia dois dias seguidos tão bons. E isto depois de tantos "especialistas" terem vaticinado o fim do Bull Market em Outubro! Eheheheh...

Confesso que não esperava subidas tão fortes, mas nem tudo são rosas. O grande Brian Shannon explica porquê:

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Um dia muito interessante nos mercados americanos...


...mas, quanto a mim, manifestamente insuficiente para decretar o fim da correcção. Os mesmo comentadores me(r)diáticos que passaram os últimos dias a dizer-nos que estava tudo acabado estão agora eufóricos com as subidas de hoje. Já me pronunciei sobre este autêntico desfile de irracionalidade aqui

Seja como for, o S&P 500 registou a maior subida diária desde Outubro de 2013, uns espectaculares 1,96%, quebrando o ciclo de quedas das últimas sessões. Vale por isso a pena actualizar o primeiro gráfico do último postal e fazer o ponto da situação.

Em alternativa ao S&P 500, hoje vamos usar o fundo transaccionável (exchange-traded fund ou ETF)  S&P 500 SPDRs (SPY: NYSE) para fazer a nossa análise (mais adiante explicarei porquê). Em termos de traçado, os gráficos do  S&P 500 (índice) e do SPY (ETF) são basicamente a mesma coisa, podendo a cotação do SPY ser obtida dividindo a cotação do S&P 500 por 10 (grosso modo). Portanto, o gráfico do último postal pode perfeitamente ser comparado com este:

 
Por exemplo, as zonas amarela e cor-de-laranja são as mesmas do gráfico do postal anterior, a menos do tal efeito de escala (10x). Há no entanto uma diferença importante: o SPY exacerba os movimentos de volume, por feito da afluência ou do êxodo dos compradores que apostam exclusivamente nas subidas ou descidas do índice.

Mas vamos mas é ao que interessa, que é analisar a grande subida de hoje. Olhando apenas para a vela, uma quasi-marubozu com pequenas sombras, dá a impressão que a correcção terminou. Pura ilusão, por três motivos:

1. O preço já estava muito abaixo da Banda de Bollinger inferior, sendo por isso uma correcção ascendente perfeitamente natural e até expectável;

2. O CMF e o MACD continuam em zona negativa; no caso do CMF, há duas linhas de tendência descendente por quebrar; no caso do MACD, esta é a primeira aproximação ao sinal (MME(9)), sendo que as aproximações do MACD ao seu sinal, só por si, não são indicativas do fim das correcções, conforme mostram as estrelas azuis que eu desenhei sobre as correcções anteriores;

3. Há uma clara resistência por quebrar na casa dos $202 (2020 pontos no índice); foi essa resistência que despoletou a correcção anterior em finais de Setembro; além disso, essa resistência rejeitou o preço do ETF nas últimas três sessões.

E se além destes três motivos de natureza técnica juntarmos a declaração hoje emitida pela Reserva Federal, esta vela bonitinha poderá ser sol de pouca dura (o mercado reage irracionalmente às boas notícias, mas "volta quase sempre ao sítio" nos dias a seguir).

Bem... mas como saber? Nestas coisas dos mercados nunca há certezas, apenas probabilidades. Ora, eu publico semanalmente aqui no AnB as análises de um Senhor Analista que usa a média móvel a cinco dias num gráfico com resolução temporal de meia em meia hora. Sim, estou a falar do grande Brian Shannon. Na sua última análise (Sexta-feira, 13-Dez-2014), o Sr. Shannon mostrou-nos este gráfico do SPY (ver o vídeo dois postais abaixo):


E disse: «Perdemos a MM(65) na Segunda-feira [dia 8] e fizémos este padrão de máximos mais baixos e mínimos mais baixos, por baixo de uma MM(65) descendente. Isso deve manter-nos na defensiva.»

Ora, será que a situação descrita ainda se mantém? Para responder a esta questão fiz um gráfico semelhante àqueles que o Sr. Shannon nos costuma mostrar. A propósito, para aqueles que eventualmente não percebam como diabo é que a média móvel a cinco dias passa a ser uma média móvel a 65 períodos no gráfico, é simples: uma sessão normal dos mercados americanos dura seis horas e meia. Portanto, para cinco dias úteis em que os mercados abrem, temos:

5 dias x 6,5 horas x 2 meias horas por hora = 65 períodos

Vamos lá então ao tal gráfico:


O que temos aqui? O preço do SPY recuperou e fechou acima da MM(65), o que é um sinal positivo. No entanto, a MM(65) ainda está descendente, o que indica que ainda não chegou altura de abrir ou de reforçar posições.

Amanhã, no entanto, se as subidas se mantiverem, os mercados americanos podem voltar a tornar-se interessantes para os Touros. Vamos ver como corre a sessão, mas sempre com reservas!...

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Três gráficos "catitas" do S&P 500 (e do SPY)


Estamos já no 11º dia de correcção no S&P 500 (determinado pelo cruzamento entre a MME(12) e MME(26) no MACD). Conforme eu tinha previsto na passada Quarta-feira, o índice penetrou na zona amarela do gráfico em baixo:


O índice acabou por reagir à zona cor-de-laranja ou, se preferirem, ao suporte na casa dos 1980 pontos. Tendo em conta que a Banda de Bollinger inferior foi rompida de forma expressiva, o índice é bem capaz de reagir e subir um pouco nas próximas sessões. No entanto, não se iludam, caros leitores: o MACD e o CMF estão fortemente negativos (o RSI, que não está representado no gráfico, também). Portanto, mesmo que tenhamos subidas nos próximos dias, esta correcção ainda está longe de terminar e deveremos ter mais quedas até ao fim-de-semana.

Ora, como é habitual quando uma correcção dos mercados vai a meio, já há várias profecias apocalípticas nos mé(r)dia afectos ao mundo financeiro, com os "especialistas" a vaticinar um novo crash, com o fim do Bull Market e miséria total nas ruas do EUA. As quedas recentes no preço do petróleo contribuem para aumentar a histeria e a irracionalidade, mas a verdade é que o S&P500 ainda não desceu abaixo de um nível que possamos considerar anormal.

No meio de tanto disparate, lá aparece uma ou outra coisa digna de ser vista. É o caso deste gráfico que vos mostro a seguir:


Trata-se de um gráfico que nos mostra a evolução do fundo transaccionável (ETF)  S&P 500 SPDRs (SPY: NYSE) durante o presente Bull Market, praticamente desde o seu início. A parte realmente interessante do gráfico é o canal de transacção delimitado pelas duas linhas, que tem impedido e sustentado as subidas do SPY ao longo do seu percurso ascendente.

A avaliar por este canal, podemos estar prestes a enfrentar um longo período de descidas. Por outro lado, o SPY apenas tocou na linha inferior do canal por três vezes durante a sua subida, sendo dois toques seguidos uma situação sem precedentes neste Bull Market. Vale a pena apostar na queda dos mercados com base neste canal? Não me parece, mas serve como primeiro sinal de alerta para a possibilidade desta correcção vir a ser significativa.

Há ainda outro gráfico quase tão giro que vos gostaria de mostrar:


Aqui temos a três graficos: [1] a evolução do índice S&P 500 de Janeiro a Dezembro deste ano (a vermelho), [2] a evolução média das bolsas mundiais no mesmo período (a verde) e [3] a evolução das bolsas mundiais excluindo as praças americanas (a branco).

O que se pode ver aqui? Bem, pode ver-se por exemplo, a razão pela qual eu não detenho acções portuguesas, com grande mágoa minha. É que os EUA são o único lugar do mundo civilizado onde os mercados bolsistas subiram durante o ano de 2014. Vamos lá ver o que nos reserva 2015...

sábado, 13 de dezembro de 2014

Mercados americanos: a análise semanal de Brian Shannon (21)


Eu não dizia que estavamos perante a calma antes da tempestade? Conforme "anunciei" no postal anterior, os mercados americanos encontram-se presentemente a corrigir, depois de terem andado a subir durante sete semanas seguidas. Devo confessar que estou um tanto ao quanto surpreendiso com a rapidez das quedas observadas nas últimas sessões. Ao contrário dos analistas mainstream, que estão geralmente optimistas e até acham que os índices vão voltar a subir já na próxima semana, estou convencido que as quedas ainda não vão ficar por aqui. O S&P 500 já perdeu 3,7% desde o máximo  de 2079,47 pontos registado no dia 5 de Dezembro. O Nasdaq 100 perdeu 3,4%. O DJIA perdeu 3,9%. O DJTA perdeu 5,1%. O Russell perdeu 3,3%.


Alguns pontos-chave do vídeo do Sr. Shannon:
  • [02m32s] Não há nenhuma razão para comprar acções enquanto os índices continuarem a fazer novos máximos e novos mínimos mais baixos do que os máximos e mínimos imediatamente precedentes, ao mesmo tempo que se mantêm abaixo da média móvel a cinco dias -MM(65)- cujo declive é presentemente descendente;
  • [03m10s] Há pessoas que gostam de abrir ou reforçar posições quando um determinado índice cruza uma determinada média móvel, e.g. MM(50), mas essa estratégia não é garantia de sucesso: o preço pode continuar a cair durante muito tempo depois desse cruzamento;
  • [03m55s] O petróleo tem caído a pique, mas isso não significa que vai deixar de cair nos próximos tempos; lembre-se: «a tendência é tua amiga. Apostar contra a tendência é como mijar contra o vento»;
  • [06m10s] O Russell 2000 (através do ETF IWM:NYSE) está a testar novamente a zona de suporte $114,25 - $115, que tem sido a região onde as quedas dos preços têm sido detidas no último mês e meio (aqui o vosso blogueiro não acredita que essa zona se aguente);
  • [07m54s] Nunca se deve cometer o erro de comprar acções só porque o preço desceu um bocado ou, como alguém terá dito «nunca se deve tentar apanhar facas em queda»; em vez disso, é preciso esperar por sinais concretos de que as descidas terminaram e só voltar a entrar ou a reforçar posições depois de esses sinais se terem manifestado; tentar adivinhar "fundos" é um jogo de tolos; o mesmo deve ser dito para a IBM (IBM:NYSE), aos [14m50s];
  • [10m03s] O ouro está a dar sinais consistentes de força e, para os mais ousados, poderá ser uma aposta interessante; no entanto, aqui o vosso não recomenda, por entender que a tendência primária ainda é descendente e, portanto, comprar ouro neste momento seria uma aposta de natureza meramente especulativa, não um investimento;
  • [10m51s] O momento da Apple (AAPL:Nasdaq GS) continua claramente descendente, sendo inclusivamente possível identificar pontos de entrada dos ursos (bears) sobre a MM(65);
  • [13m12s] Apesar de ter sido alvo de um recente "upgrade" por parte das casas de corretagem, a GoPro (GPRO: Nasdaq GS) continua em forte tendência descendente; mais uma vez, fica patente o velho adágio «apostar no preço e não nas notícias»;
  • [15m49s] A Infinera (INFN:Nasdaq GM) tem bons fundamentais (segundo o Sr. Shannon, eu ainda não olhei para eles) e mantém potencial de subida; no entanto, ainda precisa de superar a zona de resistência entre os $14,4 e os $14,5 antes de voltar a ser uma boa aposta.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

A pasmaceira acabou! Começou a correcção!


Olé!... Finalmente a emoção, a incerteza e a volatilidade voltaram aos mercados americanos! Já era hora, carago! Sem mais demora, vamos imediatamente olhar para o gráfico diário do S&P 500:


O que temos aqui? Bem, para começar, um claro topo duplo entre os 2050 e os 2080 pontos, que se formou entre 20 de Novembro e 8 de Dezembro, tendo sido rompido ontem (9 de Dezembro) e confirmado hoje (10 de Dezembro). A força da vela de hoje, uma "bearish marubozu" quase perfeita, e também a evolução dos indicadores técnicos no gráfico (MACD e CMF) não deixam margem para dúvidas: depois de sete semanas de subidas, estamos finalmente a corrigir.

A força da vela de hoje dá para nos pôr em sentido, mas ainda não há razão para alarme: embora estejamos abaixo da MM(20), ainda estamos acima da MM(50), da MM(200) e, sobretudo, da zona de suporte colorida entre os 2000 e os 1960 pontos. É para aí que eu imagino que o índice se vá dirigir nas próximas sessões. Seria muito interessante que o suporte nos 2000 pontos funcionasse pela primeira vez, mas julgo que isso será um cenário muito optimista. O mais provável é que o índice desça um pouco mais baixo, testando a zona amarela ou até mesmo a zona cor-de-laranja, onde esteve a resistência às subidas de Junho e de Agosto.

Daí para baixo, a coisa aquece bastante. O meu limite dos limites será a zona em redor dos 1900 pontos, abaixo da qual em "modo de emergência". Mas, como eu costumo dizer sempre aqui no AnB, nunca devemos sofrer por antecipação. Primeiro, vamos ver como termina esta semana. Depois, em função do que tiver acontecido, pensaremos no futuro a médio prazo.

Errata: no gráfico, onde se lê "a MME(12) cruzou a MME(2) de cima para baixo" deve ler-se "a MME(12) cruzou a MME(26) de cima para baixo", obviamente.

domingo, 7 de dezembro de 2014

Mercados americanos: a análise semanal de Brian Shannon (20)


Como de costume, cá fica mais uma análise semanal do grande Brian Shannon. Os mercados americanos têm estado uma valente seca nos últimos quinze dias, por isso a análise é praticamente igual à anterior, exceptuando algumas sugestões de compra que o Sr. Shannon nos providencia nos minutos finais do vídeo. Desconfio que isto é a calma antes da tempestade...

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

The Walt Disney, Co. (DIS: NYSE), gráfico diário, 02-Dez-2014


Voltamos a olhar para a   Walt Disney, Co. (DIS: NYSE), renovando a análise efectuada no dia 17 de Novembro. Na altura previ dois possíveis cenários de queda, um mais optimista até aos $88 e outro mais pessimista até aos $86. Felizmente, foi o  primeiro caso que acabou por se verificar, com o preço a fazer um fundo duplo na média móvel a cinquenta dias, MM(50):



No entanto, nem tudo são rosas. Em primeiro lugar, todos os principais índices americanos estão presentemente a dar mostras de perda de momento ascendente, com fortes proabilidades de correcção nas próximas sessões. E em segundo lugar -e talvez mais importante-, os indicadores técnicos CMF e PPO estão em divergência com o preço, fazendo antever quedas num futuro não muito distante, com a MM(50) praticamente horizontal. Vivemos portanto dias de grande incerteza em relação à Disney e o melhor é esperar para ver o que acontece até ao fim desta semana.

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Mercados americanos: a análise semanal de Brian Shannon (19)


O Brian Shannon voltou ontem da sua lua-de-mel e fez a análise semanal que costuma fazer à Sexta-feira. De uma forma geral, pouco há a dizer: os mercados parecem estar a iniciar uma correcção, mas ainda é cedo para apostar em quedas. No entanto, especial atenção deve ser dada ao ouro, que parece estar a ganhar momento ascendente, tendo já desenhado um padrão de máximos e mínimos mais altos. É demasiado arriscado para o meu gosto, mas há quem possa aproveitar.

domingo, 30 de novembro de 2014

Ainda a propósito do SPDR S&P 500 ETF (SPY:NYSE)...


Encontrei este gráfico interessante com a evolução diária do SPY desde Junho de 2013:


O gráfico é auto-explicativo, pelo que não requer muitos comentários adicionais da minha parte, sobretudo tendo em conta que a análise do estado actual do SPY já foi feita no postal anterior. No entanto, gostaria de chamar a atenção para dois pontos:
  1. Não é pelo facto de o RSI estar sobrecomprado que teremos garantidamente uma correcção nos próximos dias; podemos ter, mas também podemos ter uma lateralização dos preços.
  2. No entanto, se houver uma reversão do momento, i.e. uma queda significativa dos preços estando o RSI em modo sobrecomprado, as probabilidades de termos uma correcção aumentam significativamente (setas azuis no gráfico).

S&P 500 SPDRs (SPY: NYSE), gráficos diário e semanal 27-Nov-2014


O grande Brian Shannon está em lua-de-mel e, por conseguinte, esta semana não temos a sua análise habitual dos mercados americanos. Vamos por isso recorrer ao Greg Harmon da Dragonfly Capital Management e aos seus dois gráficos do fundo transaccionável (exchange-traded fund, ETF) S&P 500 SPDRs (SPY: NYSE), que replica o S&P 500.

«(....) A volatilidade (VXX) parece ainda estar em níveis baixos, mantendo a tendência alta dos ETFs dos índices SPY (S&P 500), IWM (Russell 2000) e QQQ (Nasdaq 100). Os seus gráficos continuam a mostrar divergência, à medida que o SPY e o QQQ continuam a subir e o IWM permanece em modo de lateralização. Todos os três parecem estar em risco de uma correcção de curto prazo.

A semana terminou com o ouro ($GOLD) a testar os $ 1200, o número redondo, antes de cair novamente [quase 3%], acompanhando a queda do petróleo. Já o dólar (UUP) continuou a subir, assim como as obrigações (TLT). Já os mercados emergentes (EEM) testaram a resistência [nos $42,5] e voltaram a cair.»

Vamos então olhar para os gráficos do SPY, começando pelo diário:


«O SPY começou a semana com uma vela interior na Segunda-feira, aguentando o gap da Sexta-anterior [atenção que esta semana só teve quatro sessões, porque a Quinta-feira foi o feriado do dia da acção de graças nos EUA]. A amplitude dos preços aumentou ligeiramente a partir de então, mas ainda assim num intervalo muito curto. O gráfico diário mostra sinais de exaustão, com o MACD a cruzar para baixo e o RSI a recuar da região de sobrecompra. Contudo, nenhum dos indicadores mostra sinais suficientemente fortes e definitivos, portanto a tendência permanece ascendente.»

E agora, o gráfico semanal:


«A semana terminou com uma vela doji no SPY. Trata-se de um sinal de indecisão, podendo o preço prosseguir tanto para cima como para baixo durante a próxima semana. As bandas de Bollinger estão a ser pressionadas para cima, enquanto o RSI permanece bullish e o MACD está ascendente, sugerindo uma continuação das subidas [mas só no longo prazo!].

Não há resistência imediatamente acima do máximo semanal nos $207.87, mas as extensões de Fibonacci de Setembro e de Outubro providenciam como alvos os $209.53, os $211,89 e os $214.25, para as extensões de 138.2%, 150% and 161.8, respectivamente. Já os suportes podem ser encontrados nos $205.7, seguido pelos $204.8, 203.25 e 201.9. Portanto, estamos perante um cenário de consolidação de curto prazo com uma possível correcção da tendência ascendente de longo prazo.»

E eu acrescento que essa correcção é agora bastante provável. Mas vamos ver o que a próxima semana nos reserva...

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Russell 2000 (via IWM), gráficos semanal e diário, 26-Nov-2014


Numa altura em que os mercados americanos parecem estar a perder momento ascendente e a preparar-se para uma correcção, vale a pena voltarmos a olhar para aquele que tem sido o mais fraco dos grandes índices dos EUA durante o presente ano de 2014, o Russell 2000, também conhecido como o índice das small cap (empresas com pequena "small" capitalização em bolsa "cap").

Como já é habitual aqui no AnB, vamos utilizar o fundo transaccionável (exchange-traded fund, ETF) iShares Russell 2000 (IWM: NYSE) para fazer a nossa análise, pela simples razão de que os gráficos do índice $RUT não são acompanhados pelo volume transaccionado, elemento que eu considero ser muito importante.

Ao contrário do que é habitual, hoje vamos começar pelo gráfico semanal. Porquê? Porque é ao nível desta resolução temporal (semanas) que está a ser travada a batalha que realmente interessa:


O que temos aqui? Bem, para começar, uma forte resistência na zona dos $ 120, que vigora praticamente desde o início do ano e que, na sequência de um topo duplo, fez o ETF corrigir de $120,18 para $103,54, uma queda de cerca de 13,96%! Em Outubro, porém, os investidores começaram a injectar dinheiro novamente nas small cap, fazendo aumentar fortemente o volume transaccionado e elevando rapidamente os preços até à zona de resistência, acima do máximo local do início de Setembro ($117,48).

Portanto, estamos agora num ponto muito interessante: nas últimas três semanas, o IWM aproximou-se da resistência ($120), voltou a descer até à MM(50) e está agora mais ou menos a meio caminho entre as duas. Com o PPO na zona que pintei a amarelo no gráfico, entre duas LTDs que vigoram desde 2013, é possível que o IWM continue a avançar para cima. No entanto, como os outros índices denotam alguma saturação, também é possível que o IWM corrija nos próximos dias.

Para tentarmos inferir o que vai acontecer, ou melhor, o que é mais provável que aconteça (porque nestas coisas dos mercados nada é garantido), vamos agora olhar para o gráfico diário:


Pode ver-se que, apesar de o gráfico diário (ainda) não colocar em causa a tendência ascendente semanal, há divergências entre a evolução ascendente do preço e os indicadores técnicos (PPO e CMF descendentes) que sugerem quedas nas próximas sessões. Por "próximas sessões" entendam-se os próximos quinze dias. 

Concluindo, é realmente uma pena, mas julgo que ainda não vai ser desta que o IWM vai superar a grande resistência de 2014 ($120)...

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Previsões dos "gurus" para o S&P 500 em 2015


Este postal é obviamente para nos rirmos daqui a um ano. É que as previsões dos "gurus" dos mercados têm-se revelado historicamente desastrosas e não me parece que 2015 seja o ano em que isso vai mudar. Vamos começar por fazer um pequeno exercício: comparar as previsões para 2014 com a realidade actual. Eis aqui algumas previsões dos analistas para o S&P 500 em 2014, publicadas em Dezembro de 2013:

Sam Stovall da Capital IQ: 1895 pts.
Simon Maihoffer da iSPYEF: 1950 pts.
Tom Lee da JP Morgan: 2075 pts.

Ora, o ano de 2014 ainda não acabou e ontem o S&P 500 fechou a sessão nos 2072,83 pontos. Isso significa que o Tom Lee é um génio e os outros são todos idiotas? Nem por isso, significa que ele teve sorte, porque as previsões dos gurus não interessam sequer ao menino Jesus.

Os números e os factos não mentem: o grupo CXO Advisory analisou 6582 previsões de 68 "gurus", efectuadas entre 1998 e 2012, verificando posteriormente os resultados destas previsões. Apesar de haver muitos nomes com grande reputação entre os "gurus", a precisão média das previsões foi de apenas 47% - inferior à taxa de acerto que se obteria atirando uma moeda ao ar! Dos 68 "gurus", 42 tinham uma taxa de acerto inferior a 50%.


Outro estudo realizado por David Drema mostrou que, de uma amostra de 400 mil previsões, o erro médio rondava os 43%!!!

Naquele que é provavelmente o estudo mais exaustivo sobre esta temática, Philip Tetlock analisou 28 mil previsões feitas por centenas de "peritos". Ele concluiu que as habilidades preditivas dos "gurus" são desapontadntes. Escreveu Tetlock:

«Estes resultados colocam os peritos numa posição muito pouco lisonjeira no ranking da performance, perturbadoramente mais próximo do chimpanzé do que dos modelos estatísticos formais

Ai, que até a mim me doeu! Mas há mais:

«Os resultados não podem ser descartados como anomalias... ao analisar os números por região, período temporal e variáveis de decisão, é impossível encontrar qualquer domínio em que os humanos tenham ultrapassados os algoritmos de extrapolação mais rudimentares, muito menos os mais sofisticados modelos estatísticos.
(...) Praticamente não faz diferença se os participantes possuem doutoramentos, se são economistas, cientistas políticos, jornalistas ou historiadores, se têm experiência ou acesso a informação privilegiada. O único indicador fiável foi, ironicamente, a fama do "guru", de acordo com a indexação do Google: os "gurus" mais conhecidos, com maior probabilidade de serem "levados ao colo" pelos média, tiveram pior desempenho que os seus colegas menos conhecidos.»

E com estes parágrafos em mente, aqui ficam agora as previsões para o ano 2015. Para o ano cá estaremos para verificarmos como se portaram estes "gurus":

Andrew Garthwaite do Credit Suisse: 2100  pts.
David Kostin da Goldman Sachs 2100  pts.
Jonathan Glionna da Barclays: 2100  pts.
David Bianco do Deutsche Bank: 2150 pts.
Tobias Levkovich da CitiGroup: 2200 pts.
Savita Subramanian da Merrill Lynch's: 2200 pts.
Julian Emanuel da UBS 2225 pts.
John Stoltzfus da Oppenheimer's2311 pts.

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Ver também:  

Vinte diferenças entre a forma de pensar dos ricos e a da classe média
Do pessimismo catastrófico à euforia disparatada...
Acções, obrigações e "ruído de fundo"...

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Standard & Poor's 500 Large Caps Index (S&P 500), gráfico diário


Depois de uma correcção brutal dos principais índices americanos em Outubro, dando origem a uma subida espectacular nas últimas semanas, o S&P 500 deu ontem os primeiros sinais de estar prestes a afundar novamente. Atentemos no gráfico em baixo:


Pode ver-se que os dois indicadores técnicos utilizados, PPO e CMF, indicam agora fortes probabilidades de reversão, que deverá ser ou não confirmada nos próximos dias. Em relação ao PPO, a média móvel exponencial a 12 dias acaba de tocar na média móvel exponencial a 26 dias, indicando uma perda de momento ascendente muito significativa. Já no CMF houve uma quebra da linha de suporte ascendente que figurava desde o ínicio da subida e corroborando as indicações do PPO.

Em caso de correcção, o destino mais provável do índice deverá ser, em princípio, a zona dos 2000 pontos, que já ofereceu uma resistência muito significativa às subidas entre Julho e Outubro. Esta zona torna-se ainda mais relevante se considerarmos que é também para lá que se está a dirigir a média móvel a cinquenta dias - MM(50). No entanto, se as quedas se processarem rapidamente, também possível que o preço recue novamente até à MM(200). Mas não vamos sofrer por antecipação: primeiro vamos esperar que o preço recue até aos 2000 pts. Depois, em função do que tiver acontecido, redefiniremos a nossa estratégia.

Um ponto importante para aqueles que eventualmente estiverem tentados a apostar nas quedas, é que o S&P500 pode demorar semanas a cair depois do aviso dos indicadores técnicos. Por exemplo, na correcção anterior, o cruzamento das MMEs do PPO teve lugar no início de Setembro, mas a correcção de facto só veio a acontecer no fim do mês, tendo inclusivamente havido um novo máximo (2019,26 pts) depois do referido cruzamento. Ainda pior do que isso, na penúltima correcção houve três novos máximos depois da indicação do PPO. Portanto, não se ponham a vender só porque os indicadores técnicos assim dizem,  a fórmula certa é: indicadores técnicos + perda de momento ascendente + quebra de suporte + velocidade de queda. Por outras palavras, só quando o último pico dos preços for aproximadamente igual ao pico anterior, havendo divergência nos indicadores técnicos e tendo havido um queda rápida a partir da base dos dois últimos picos, é que estaremos definitivamente em correcção. Portanto, olhos bem abertos, mas cuidado com as pressas!

Ou então, façam como eu: sigam a tendência primária de longo prazo e nunca apostem nas quedas. Muitos dizem que a especulação é um ofício de tolos e eu tendo a concordar cada vez mais à medida que os anos vão passando...

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Mercados americanos: a análise semanal de Brian Shannon (18)

«A tendência é tua amiga.»
- Sabedoria dos Mercados -

Os mercados americanos abrem daqui a 2 horas e 20 minutos. Aqui fica mais uma excelente análise dos mercados americanos por parte do grande Brian Shannon. Em jeito de sumário abreviado, os mercados têm vindo a subir, mas começam já a aparecer alguns sinais de saturação. No entanto, ainda é cedo para apostar em quedas, coisa que aliás eu raramente faço num Bull Market. Aliás, se os riscos de apostar contra a tendência primária não forem absolutamente óbvios para o caro leitor que está a ler este blogue, a minha sugestão é que fique bem longe dos mercados!...



Vale ainda a pena também lembrar a máxima do Sr. Shannon: "Negoceiem as tendências, ignorem o ruído [notícias e opiniões dos "especialistas"] e foquem-se naquilo que o preço faz! Só o preço compensa!"

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Obrigações do Tesouro Americano, gráficos diários


Ainda não é nada de definitivo, mas o preço das obrigações do tesouro americano nos seus gráficos diários parece estar a desenhar um padrão de "chávena" em todos os prazos, sobretudo nos títulos a 10 e mais anos:


Numa altura em que os principais índices dos mercados americanos parecem estar a perder o momento ascendente, ao mesmo tempo que os indicadores de volatilidade dão sinais de querer corrigir, poderá estar a chegar o momento propício para abrir posições em obrigações. Portanto, olho nestes títulos nos próximos dias...

Para os mais ousados, recomendo também olhar para os seguintes fundos alavancados: Direxion Daily 20 Year Plus Treasury Bull 3x Shares (TMF: NYSE), ProShares Ultra 20 Plus Year Treasury (UBT: NYSE), PowerShares DB 3x Long 25+ Year Treasury Bond (LBND: NYSE), ProShares Ultra 7-10 Year Treasury (UST: NYSE).
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Ver também:

Acções, obrigações e "ruído de fundo"...

Ouro (GLD: NYSE), gráficos diário e semanal, 19/NOV/2014


A sessão de hoje trouxe um desenvolvimento interessante para o Ouro, aqui representado pelo fundo transaccionável (exchange-traded fund, ETF) SPDR Gold Trust Shares (GLD: NYSE) que, depois da subida fulgurante na Sexta-feira, acabou por ser travado nos $115, correspondentes à base inferior de um triângulo descendente que vigorou entre Junho de 2013 e Outubro de 2014, conforme eu tinha previsto aqui.

Na verdade, o ETF em causa até se portou bastante melhor do que os principais índices deste metal precioso, o GDX (Market Vectors Gold Miners), o GDXJ (Market Vectors Junior Gold Miners) e o XAU (índice ouro e prata de Filadélfia), que caíram, respectivamente, 5,47%, 7,14% e 5,17%. Os fundos "bearish" alavancados DUST (Direxion Daily Gold Miners Bear 3x) e JDST (Direxion Daily Junior Gold Miners Bear 3x) ganharam, respectivamente, 15,82% e 19,10%. Tudo num só dia!

Vivemos portanto dias de verdadeira loucura em torno dos metais preciosos. A questão é: vale a pena comprar ou vender ouro neste momento? Os gráficos respondem. Vamos começar pelo diário:


É possível observar que, nas duas últimas sessões, o preço foi detido pela resistência nos $115 (anterior suporte). No entanto, tanto o CMF como o PPO indicam fortes possibilidades de ocorrerem novas subidas durante os próximos dias, havendo ainda muito espaço até à MM(50) e, sobretudo até à LTD que desenhei a partir dos máximos de Julho e Agosto. Portanto, a avaliar apenas pelo gráfico diário, o melhor é não fazer nada.

Mas vamos ver o que nos diz o gráfico semanal (provisório, porque a semana só termina na Sexta-feira):



Há uma ligeira divergência entre as MMEs do MACD (descendentes) e o seu histogram (negativo, mas ainda ascendente). Esta situação indica grande incerteza para os próximos dias, não sendo possível concluir em definitivo acerca da direcção do preço. Por outro lado, o RSI parece ter resvalado na LTD de médio prazo com maior declive, iniciada em Julho. Isto significa que o preço poderá cair.

Em suma, a tendência de longo prazo é negativa, mas a curto prazo a situação é muito difícil de avaliar, podendo até haver subidas. Portanto, não me vou meter no Ouro para já. Daqui a umas semanas, as coisas já estarão mais claras e aí tomarei uma decisão.

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

The Walt Disney, Co., gráfico diário, 17-Nov-2014


Hoje vamos olhar um pouco para a Walt Disney, Co. (DIS: NYSE), uma acção cuja performance em bolsa tem sido fantástica ao longo do presente Bull Market (só este ano, já subiu mais de 18%) mas que se encontra presentemente em correcção:


Os fundamentais da Disney não estão maus, mas o valor da empresa -e consequentemente da acção- depende muito do sucesso dos filmes da Marvel, que tem sido o principal veículo impulsionador da cotação nos últimos dois anos. O problema é que não haverá nenhum filme de monta até ao próximo ano, altura em que estreará "Os Vingadores - A Era de Ultrão" e, portanto, não é líquido que a cotação continue a subir nos próximos tempos.

No entanto, como eu preconizo o investimento a longo prazo, a DIS continua apetecível. A acção levou uma tareia durante a forte correcção dos mercados em Outubro, quebrando inclusivamente a sua MM(200), mas recuperando rapidamente e acabando por fazer um novo máximo no início de Novembro. A DIS tem esbarrado sistematicamente na zona dos $ 91 e ainda não parece que vá ultrapassar essa resistência nas próximas sessões.

Neste momento, antevejo dois cenários possíveis:

1. A DIS corrige até à zona de suporte entre os $88 e os $89, onde também se encontra a MM(50), neste momento quase horizontal; consolida aí durante as próximas duas semanas e volta a subir.

2. A DIS continua a corrigir a partir da zona mencionada em cima, os indicadores técnicos semanais tornam-se negativos e as quedas prosseguem até à zona entre os $86 e os $87; o que acontecerá nesta situação dependerá em grande medida dos resultados do quarto trimestre (Q4), sendo que a DIS reagiu mal aos resultados do Q3, que até bateram as estimativas.

É impossível dizer qual destes dois cenários é mais provável neste momento. Aliás, se o mercado voltar a corrigir de forma tão dramática como aconteceu em Outubro, a DIS poderá mesmo quebrar a MM(200) de forma definitiva ("death cross"). No entanto, julgo que, para já, essa possibiliade não deve ser colocada em cima da mesa. Concluindo, vamos esperar alguns dias para ver o que faz a acção, sem vender nem comprar. Daqui a uma semana voltaremos a falar.

domingo, 16 de novembro de 2014

Ainda sobre o volume...


Na sequência do postal anterior, parece-me pertinente recuperar o que o Dr. Braga de Matos diz no seu "Ganhar em Bolsa" acerca do volume, corroborando o que eu escrevi anteriormente:

«Nenhuma análise de preços é completamente eficiente sem a observação concomitante e correlativa dos volumes de transacção envolvidos, pois só assim se consegue avaliar adequadamente o movimento da oferta e da procura para o momento.

(...) Quantas acções do mesmo título mudaram de mão a um certo preço por comparação com o número e o preço verificados noutro(s) momento(s) anterior(es)? Ou, para análise do mercado em geral, que volume para que valor do índice bolsista?

(...) Geralmente, o volume acompanha a cotação, subindo com a ascendente, decrescendo com a descendente. A divergência constitui um aviso de reversão.

(...) Diz-se que os volumes estariam para os preços assim como o consumo de combustível para os veículos: maiores volumes, preços mais altos; menor volume, preços mais baixos. Todavia, não se pense que existe sempre um sincronismo coreográfico.

(...) Ter sempre em atenção a liquidez do título: poucos volumes têm pouco valor interpretativo.»

É esta ausência do tal "sincronismo coreográfico" que faz com que o volume seja um indicador secundário face ao preço, mas nunca um indicador inútil. Mais uma vez, é preciso enfatizar que a utilidade do volume reside na detecção de inconsistências, servindo de aviso prévio a uma eventual alteração da tendência primária. Por outras palavras, ninguém deve transaccionar em bolsa tendo como base apenas o volume... mas também ninguém deve transaccionar em bolsa ignorando completamente o volume.

sábado, 15 de novembro de 2014

Mercados americanos: a análise semanal de Brian Shannon (17)


No vídeo desta semana, o grande Brian Shannon disse, pela primeira vez, uma coisa com a qual eu não concordo inteiramente. Vejam o vídeo e tentem adivinhar o que é:



Então? Adivinharam?... Trata-se do volume. Sim, o Brian tem toda a razão quando diz que o nível das stop losses deve ser determinado em função do preço. No entanto, a ideia de que o volume não serve para nada é errada. O volume, enquanto elemento da Análise Técnica, serve de sério aviso, embora não definitivo, de uma possível reversão da tendência. Por outras palavras, o volume por si só não quer dizer nada em definitivo, mas deve ser observado de tempos a tempos para determinar possíveis inconsistências na evolução do preço. Se eu tivesse que atribuir um peso às duas coisas, preço e volume, diria que o preço representa 90% da informação a considerar e o volume 10%.

Por exemplo, se uma subida ocorrer com uma diminuição muito grande de volume, os investidores devem ficar alerta e agir rapidamente se os preços começarem a cair. Repare-se, não devem fazer nada antes de os preços começarem realmente a cair, mas a quebra no volume servirá sempre como primeiro aviso de que algo poderá não estar bem. Aliás, o volume é um elemento-chave em inúmeras figuras de reversão: cabeça e ombros, triângulos simétricos, ascendentes e descendentes, cunhas, etc. Nestas figuras, o volume é imprescindível para confirmar a reversão ou continuação do movimento. Fiquei por isso um pouco surpreendido com as afirmações de Shannon neste vídeo, mas acredito que ele tem perfeita consciência da grande importância do volume no contexto certo e que simplesmente não se expressou bem.

Qaunto ao resto, o vídeo é, como sempre impecável. Um reparo acerca do ouro (GLD: NYSE): tal como Shannon, eu também acredito que o ouro ainda está numa tendência descendente. No entanto, a força do movimento ascendente na última sessão indica que a correcção pode superar os $115 que eu tinha indicado na semana passada. Em quanto poderá superar? Bem, em princípio até à zona entre os $116 e os $117, onde se encontra presentemente a MM(50). No entanto, pode não ficar por aí... até à BB superior (mais ou menos nos $121) tudo é possível. Portanto, eu não apostaria na queda do ouro nos próximos dias...

Berkshire Hathaway, Inc. B, gráfico diário, 15/NOV/2014


Já lá vão mais de dois meses desde o meu último postal sobre a Berkshire Hathaway, Inc. B, (BRKB: NYSE), a acção que é indissociável do multimilionário Warren Buffett. A  BRKB é precisamente o título que eu detenho há mais tempo, tendo reforçado a minha posição 17 vezes desde 2005.

Ora, na minha última análise à BRKB, eu escrevi que não esperava que a acção subisse significativamente nos meses seguintes. Aliás, depois do escândalo na Tesco e dos péssimos resultados da IBM (IBM: NYSE) e da Coca-cola (KO: NYSE), empresas em que a Berkshire detém posições, aquilo de que eu estava mesmo à espera era que a cotação da BRKB afundasse. Aliás, a Berkshire apresentou resultados horríveis para o terceiro trismestre de 2014 no último dia 7 de Novembro, com um perda de 9% nos ganhos face ao ano de 2013.

Felizmente, as minhas expectativas não se cumpriram, tendo prevalecido a Arte do Pensamento Contrário: ao invés de venderem, os investidores viram nos números da Berkshire uma oportunidade e compararam mais acções. Este comportamento, aparentemente irracional, pode ser explicado por várias razões:
  • A BRKB tem uma história consistente de fortes recuperações a seguir a períodos de grandes perdas;
  • A BRKB comprou recentemente a Duracell à Procter & Gamble (PG: NYSE), naquilo que muitos analistas consideram um negócio típico à Warren Buffett: comprar um negócio em declínio e que muitos vêem como "acabado" para a seguir o fazer voltar à ribalta.
  • A BRKB comprou uma pequena parte da Charter Communiactions (CHTR: Nasdaq GS), um provedor de serviços por cabo (não apenas televisão, mas também internet e streaming). A empresa tem crescido a bom ritmo nos últimos anos e Buffett tem um historial de acertar quase sempre que se mete nos média e no audiovisual. Seguindo uma lógica semelhante, a BRKB aumentou a sua participação na Direct TV (DTV: Nasdaq GS).
  • A BRKB reforçou as suas posições nos gigantes dos cartões de crédito Visa (V: NYSE) e Mastercard (MA: NYSE), numa altura em que o consumo interno está a aumentar nos EUA.
Vamos então olhar para o gráfico diário:


A vela amarela indica a data da minha última análise. Desde então, houve uma correcção significativa durante o mês de Outubro, à qual se seguiu um forte movimento ascensional que perdurou até agora. No entanto, o RSI, as BB e o MACD parecem sugerir que a força desse movimento se está a esgotar, podendo haver novas correcções durante as próximas semanas. Se isso acontecer, a área a cor-de-rosa é a zona de suporte mais óbvia, com os níveis mais importantes nos $142, $140 e $138. Uma descida até níveis mais baixos ($ 136) não é impossível, mas parece-me improvável dada a força ascencional que a acção tem revelado nas últimas semanas.

Ainda não voltei a reforçar a minha posição na BRKB e não o farei tão cedo. É que, conforme expliquei na minha última análise, a Berkshire tem o hábito de a permanecer numa gama de valores bem definida durante vários meses, acumulando pressão compradora até "explodir" numa ascensão que, tipicamente, costuma ser curta (ver período entre Maio e Agosto no gráfico). As subidas actuais são por isso um tanto ao quanto anormais... e, dada a saturação dos indicadores técnicos, mais vale esperar que a acção consolide em torno dos $140-$141, antes de comprar mais acções.