quarta-feira, 14 de setembro de 2016

S&P 500: gráfico semanal (não definitivo)


    Se a semana terminasse hoje, o S&P 500 fecharia com um gráfico pouco inspirador para os touros:



Felizmente, ainda temos mais dois dias de bolsa até ao fim-de-semana para evitar que aquela enorme cauda da vela japonesa mais recente seja anulada ou, pelo menos, encurtada. O mais preocupante neste gráfico é clara divergência entre o histograma do MACD e os máximos feitos pelo preço desde Fevereiro. Isto pode vir a traduzir-se numa correcção mais profunda, mas ainda é cedo para pensarmos nisso. Por outro lado, há vários outros aspectos que são encorajadores:
  • O declive da média móvel simples a 40 semanas (200 dias) é positivo (viés de longo prazo bullish);
  • O volume transaccionado ainda não aumentou significativamente com a queda das cotações, embora isso ainda possa mudar até ao fim-de-semana;
  • O indicador de momento, o RSI, ainda está acima dos 50% (zona bullish);
  • O suporte na casa dos 2125 pontos, identificado aqui na semana passada, está a resistir bem; e mesmo que seja quebrado, há outro suporte logo a seguir, em redor dos 2100 pontos (banda amarela no gráfico).
Caso a banda amarela ceda, as quedas poderão acelerar novamente, com a  média móvel simples a 40 semanas a poder ser alvo de um novo teste, algures nos 2075 pontos.

Moral da história? Para já, o melhor a fazer é esperar pacientemente. Até sexta-feira, voltaremos a falar sobre o $SPX aqui no AnB.

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

A paciência é a virtude suprema do investidor...



...mas alguém que espera tanto tempo não é lá muito esperto! Tome-se o período entre 1973 e 1977, como exemplo. Houve muito dinheiro a fazer, primeiro para baixo (1973-75) e depois para cima (1975-77). O moral da história é o seguinte: a maioria das pessoas que "joga" em bolsa aposta apenas numa direcção, para cima. Mas quem faz dinheiro a sério em bolsa sabe aposta geralmente para os dois lados, porque senão corre o risco de passar muito tempo à espera de resultados. 

Claro que os leitores poderão dizer, «Ai, o Warren Buffett sempre apostou só para cima e hoje é um dos homens mais ricos do mundo!» Pois, mas o WB viveu noutros tempos, em que as economias ocidentais chegaram a crescer aos dois dígitos percentuais por ano. Assim era fácil esperar, porque o retorno estava praticamente assegurado. Dou-vos no entanto outro exemplo, o George Soros. O homem sempre apostou nas duas direcções, notavelmente contra a libra esterlina no início dos anos 90. Soros não é tão rico como o WB mas, em comparação, a rapidez com que acumulou a sua fortuna é igualmente impressionante. E em situações de estagnação bolsista, são os Soros que enriquecem, não os Buffetts.

Claro que é mais fácil dizer do que fazer. Mas é precisamente aí que entra a Análise Técnica (AT). A Análise Fundamental (AF) é imprescindível para o investidor, sobretudo para o grande investidor. Mas a AT é a ferramenta por excelência do especulador. E quem for mesmo inteligente, usa ambas AT e AF. Quem o conseguir fazer, será certamente um dos "feiticeiros" dos mercados.

sábado, 10 de setembro de 2016

Mercados americanos: o comentário semanal de Chris Ciovacco (2)


    Na sua conta do Tumblr, o Sr. Ciovacco escreveu: «Numa perspectiva de curto prazo, há motivos para preocupações. Na sexta-feira, o S&P 500 fechou abaixo do máximo do ano passado, 2134 pontos. As quedas foram acompanhadas por um forte volume e a ruptura do período de baixa volatilidade foi a favor dos ursos.

A maior preocupação a curto prazo vem de uma fonte familiar: a FED (Reserva Federal Americana). Os mercados foram impulsionados por vários programas de "liquidez" pouco convencionais por parte dos bancos centrais de todo o mundo. Nesse sentido, qualquer conversa ou acção relacionada com um possível aumento das taxas de juro deve ser seguida de perto, especialmente no curto prazo, uma vez que a FED tem três oradores agendados para a próxima segunda-feira, 12 de Setembro de 2015.

(...) Dada a elevada dependência do mercado das taxas de juro baixas, da facilitação quantitativa e de outras políticas pouco convencionais, devemos entrar na próxima semana com uma mente aberta em relação a todos os desfechos, incluindo os desfechos 'bearish' de longo prazo. No entanto, devemos continuar a basear as nossas decisões nos factos, não em previsões ou preocupações acerca do que poderá ou não acontecer.» 
 
No vídeo de hoje, convenientemente intitulado «Quão preocupantes foram as quedas da sessão desta sexta-feira?», o Sr. Ciovacco faz um exercício de antevisão dos cenários possíveis para o actual momento dos mercados americanos (e não só), com bases em gráficos históricos do $SPX.



Pontos de interesse do vídeo do Sr. Ciovacco:

  • 00m26s O Sr. Ciovacco abre o seu vídeo semanal com dois gráficos mensais, um do S&P 500 ($SPX) e outros do compósito do Nasdaq ($COMPQ). Os gráficos cobrem o período desde Janeiro de 2014 até à presente data. Em cada gráfico, está também representado um rectângulo de consolidação multimensal que foi penetrado para cima (breakout).
  • 01m15s Passando agora para um registo histórico diário do S&P 500, compreendendo o período entre Junho de 1982 e Janeiro de 1985, no qual foi incluído um rectângulo de consolidação multianual. É aqui que o Sr. Ciovacco faz o primeiro comentário interessante, dizendo: «Tipicamente, quanto mais longo é o período de consolidação, mas forte é a subsequente penetração bullish ou quebra bearish do índice¹.» No caso do $SPX em 1985, o que acabou por acontecer foi uma penetração (breakout) mas, ainda assim, o índice não seguiu imediatamente para cima após essa penetração.
  • 02m36s Pelo contrário, durante os 10 meses seguinte (até Outubro de 1985), o $SPX teve uma evolução praticamente lateral, apensar de se ter mantido acima dos valores do rectângulo de consolidação. O que nos leva aos segundo comentário pertinente do Sr. Ciovacco: «Uma penetração não nos indica em defintivo o que vai acontecer a seguir, apenas a probabilidade do que vai acontecer a seguir.»
  • 04m16s Mas a partir de Outubro de 1985, tudo mudou. O $SPX arrancou em definitivo, quebrando um segundo rectângulo de consolidação (representado a cor azul no vídeo do Sr. Ciovacco) e não parou de subir até ao mítico 'crash' de Outubro de 1987, hoje conhecido como a "segunda-feira negra". Em termos percentuais, o ganho correspondente ao período que decorreu desde a penetração do primeiro rectângulo (Janeiro de 1985) até ao topo do Bull Market (Outubro de 1987) foi de 95%.
  • 05m20s Repetindo a análise para o período entre 1988 e 1991 (ainda estamos no $SPX), é possível retirar as mesmas conclusões para outros dois rectângulos, destas feita muito mais voláteis, i.e. rectângulos em que os máximos e mínimos são de maior amplitude. O que é importante reter é que a saída do primeiro rectângulo é seguida por um período em que o comportamento do $SPX é diferente daquele que se observava no primeiro rectângulo. Isto indicia uma mudança da tendência primária, de lateral para bullish. Mas, mais uma vez, estamos a falar de probabilidade, não de certezas absolutas. Nos mercados não há certezas absolutas. Se assim fosse, toda a gente faria dinheiro e no final ninguém faria nenhum.
  • 08m22s Ainda no $SPX entre 1988 e 1991, o Sr. Ciovacco sobrepõe três médias móveis simples (MMS) ao gráfico semana: a MMS(30), a MMS(40) e a MMS(50). Observa-se que, poucas semanas depois da penetração do primeiro rectângulo, as médias móveis de curto prazo ultrapassam as de longo prazo, primeiro a MMS(30) ultrapassa a MMS(40) e a MMS(50), e depois a MMS(40) também ultrapassa a MMS(50), tendo todas as MMS um declive positivo ou ascendente. A utilidade das MMS neste caso é que permitem fazer uma leitura do mercado que vai para lá da acção de preços -que é praticamente lateral-, enquanto as MMS são ascendentes. Desta feita, o ganho orrespondente ao período que decorreu desde a penetração do primeiro rectângulo (Fevereiro de 1991) até Janeiro de de 1994 foi de 31%.
  • 11m06s Agora algo ligeiramente diferente. Repetindo novamente a análise para o período entre  Abril de 1994 e Julho de 1995, (ainda no $SPX), é possível observar uma penetração do primeiro rectângulo que é quase imediatamente seguida por uma subida rápida do valor do índice. Mas até neste caso, há uma grande incerteza e volatilidade durante algumas semanas que fariam hesitar os investidores com "mãos fracas".
  • 11m50s Mais dois rectângulos no $SPX, desta feita entre Novembro de 1997 e Março de 1999. As conclusões são análogas às dos casos vistos anteriormente. Também aqui as MMS semanais indiciavam as futuras subidas do índice.
  • 15m40s Usando agora a média móvel simples a 200 dias em vez das MMS semanais anteriores (ainda para o $SPX entre Novembro de 1997 e Março de 199), verifica-se que o declive da MMS(200d) foi sempre positivo, mesmo dentro dos rectângulos, i.e. mesmo durante os períodos de elevada volatilidade e incerteza. Por outras palavras, utilizar o declive da MMS(200d) como critério de identificação da tendência primária teria permitido a um investidor ignorar a volatilidade e permanecer no mercado ao longo deste período conturbado, aproveitando depois as subidas sem perdas de oportunidade ou custos adicionais de transacção.
  • 18m47s O Sr. Ciovacco recupera novamente um gráfio multianual do compósito da NYSE ($NYA), traçado entre 1982 e o momento presente, para nos recordar que há um sinal de transacção bullish que, em todo esse período de 34 anos, ocorreu apenas 11 vezes: o cruzamento da MMS(30s),  sobre a MMS(40s) e sobre a MMS(50s), de baixo para cima. No passado este sinal de transacção bullish foi sempre seguido por subidas prolongadas, com a Sr. Ciovacco a mencionar uma média de 102 semanas e uma mediana de 108 semanas de subidas.
  • 19m42s Passamos agora para o momento presente, que é aquele que mais nos interessa. Olhando para o gráfico semanal do $SPX e traçando novamente as três MMS, verifica-se que o sinal de transacção bullish ocorreu novamente nas últimas semanas. Portanto, do ponto de vista das MMS -e só das MMS-, o presente momento de volatilidade dos mercados deve ser ignorado. Mais uma vez, é preciso enfatizar: o sinal, só por si, não significa um desfecho definitivo (subidas), apenas uma maior probabilidade desse desfecho vir a acontecer. Até porque mesmo que o sinal se confirme, ainda pode haver muita volatilidade até que as subidas aconteçam. Portanto, cuidadinho com as expectativas, porque estamos a falar a muito longo prazo! Além de que o Bear Market, embora menos provável dada a ocorrência deste sinal, ainda é uma possibilidade em cima da mesa...
  • 21m54s Olhando agora para um gráfico da MMS(200d) do $SPX entre 1994 e 2010, é possível confirmar que o declive da MMS(200d) não constitui um critério de entrada/saída nos mercados absolutamente fiável mas, ainda assim, é geralmente fiável.
  • 22m50s Voltando ao momento presente, verifica-se que as quedas de sexta-feira são, relativamente à distância e ao declive da MMS(200d), diferentes das quedas registadas em Agosto de 2015 e em Janeiro de 2016. Desde logo, as quedas anteriores foram antecedidas por uma acção de preços nas proximidades da MMS(200d), com os mercados a afundarem rapidamente a partir do momento em que o preço cruzou a MMS(200d) de cima para baixo. Nessas duas ocasiões, o declive da MMS(200d) tornou-se negativo. Mas não é essa a situação que se observa actualmente. Com efeito, o preço está muito acima da MMS(200d) e, por outro lado, o declive da MMS(200d) é inequivocamente positivo.
  • 25m11s Quando se olha apenas para a MMS(200d) e para a MMS(50d) do $SPX, também se observa uma melhoria geral das condições do mercado, tendo ambas MMS um declive positivo e com a MMS de médio prazo -MMS(50d) - bem acima da MMS de longo prazo -MMS(200d).
  • 28m38s Voltando à questão inicial do vídeo, «Quão preocupantes foram as quedas da sessão desta sexta-feira?», o Sr. Ciovacco é taxativo: «Tudo depende da janela temporal em que transacciona, mas com base nos dados que temos neste momento -e só neste momento-, as quedas ainda não são preocupantes.» No entanto, é preciso levar em conta o terceiro parágrafo deste postal, i.e. a FED detém a chave do desempenho dos mercados, devendo os investidores estar abertos a todas as possibilidades.
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(¹) - Na língua de Shakespeare, uma penetração (para cima) é designada por 'breakout' e uma quebra (para baixo) é designada por 'breakdown'.

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Mercados americanos: a análise semanal de Brian Shannon (71)


   Que dia emocionante! Finalmente alguma acção nas bolsas mundiais! Nos EUA, hoje tivemos a maior desvalorização bolsista desde o Brexit! Nunca falha: após um período prolongado de lateralização, há sempre um movimento rápido, ou para cima, ou para baixo! Do ponto de vista da análise fundamental, houve explicações para todos os gostos nos mé(r)dia após o fecho dos mercados, mas nenhuma me convence. Falaremos delas no próximo postal, com o comentário do Chris Ciovacco.

Para já, vamos ouvir a análise técnica semanal do grande Brian Shannon:




  • Pontos-chave do vídeo do Sr. Shannon:

[00m23s]: o Sr. Shannon começa com um gráfico intradiário do S&P 500 (15 em 15 minutos) no qual se pode ver um autêntico massacre. O preço abriu a sessão de hoje em salto ("gap") debaixo da média móvel simples a 5 dias e afundou-se como um prego ao longo do resto do dia. À hora que escrevo este postal, o SPY ainda se estava a afundar no mercado after-hours! Tal como eu, o Sr. Shannon  não estava à espera desta carnificina (eu estava à espera de quedas, mas não tão rápidas), mas todos os suportes de curto e de médio prazo foram quebrados, incluindo a média móvel simples a 50 dias, a média de preços ponderada por volume (volume weighted average price - VWAP) traçada desde os mínimos de Junho (Brexit) e também os mínimos registados em Agosto.

[02m39s]: Apesar de tudo, é preciso ter presente que a resistência que eu indiquei onte (2125 pontos para o $SPX e $212 para o SPY), ainda não foi quebrada. O que é preciso agora, segundo o Sr. Shannon, é monitorizar a VWAP traçada a partir da abertura da sessão de hoje e esperar que o preço volte a subir acima dela. Até que isso suceda, abrir posições longas no SPY é arriscar-se a perder dinheiro.

[04m10s]: O Nasdaq 100 (QQQ) também teve uma sessão ainda mais miserável (-2,52%) com um volume transaccionado que foi mais do que o dobro do volume registado nas últimas sessões. Aliás, o QQQ recuou para níveis abaixo do máximo de Novembro de 2015, fechando abaixo da sua média móvel simples a 50 dias. Quando se olha para gráfico intradiário do QQQ (15 em 15 minutos), verifica-se que o fundo transaccionável (exchange-traded fund, ETF) que replica o Nasdaq 100 caiu para debaixo da média móvel simples a 5 dias, curva que agora tem um declive claramente negativo.

[05m28s]: A situação é apenas um pouco melhor no Russell 2000 (IWM), não em termos de queda bruta (-3,12%) mas pelo facto deste ETF ter conseguido fechar a semana acima da sua média móvel simples a 50 dias e acima da VWAP traçada desde os mínimos do Brexit. Nada disto impede, evidentemente, que as quedas continuem durante a próxima semana.

[07m12s]: Quanto aos semicondutores (SMH), a queda registada hoje foi brutal (-3,63%), o volume transaccionado mais que triplicou e o CMF entrou em território negativo. Ainda assim, o SMH fechou a semana acima da sua média móvel simples a 50 dias e acima da VWAP traçada desde os mínimos do Brexit.

[08m49s]: Bem pior estão as biotecnológicas (IBB), que fecharam a semana mesmo em cima da zona de suporte multimensal na casa dos $280.

[09m31s]: A Apple, Inc. (AAPL:Nasdaq GS) também não está nada famosa. Depois de ter falhado o assalto aos $110 na semana passada, a acção continua a descer e já está muito perto da sua média móvel simples a 200 dias que, ainda por cima, apresenta um declive claramente descendente.

[10m13s]: As obrigações do tesouro americano a 20+ anos (TLT) quebraram uma importante zona de suporte multimensal entre os $136 e os $138. No gráfico diário, o fundo TLT parece ter completado um triângulo descendente que, como os meus leitores saberão, é uma figura de reversão bearish.

[10m44s]: A chinesa Ali Baba (BABA:NYSE) também parece estar finalmente a corrigir, depois de ter passado praticamente todo o verão a subir. Ainda assim, a média móvel simples a 50 dias está bastante abaixo ($88,73) dos níveis actuais de valorização da acção ($99,62).

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

S&P 500: "Olha o caracol, que bicho mole..."


     No que respeita ao mundo financeiro, a notícia mais destacada hoje nos mé(r)dia ocidentais foi o facto de o Banco Central Europeu (BCE) ter mantido as taxas de juro inalteradas. As comentadeiras de serviço especulam sobre o prolongamento do "QE Europeu" até Março de 2017, mas nós aqui no AnB já sabemos que a eficácia do programa de Mário Draghi & C.ª estava condenado ao fracasso logo à partida: como vimos há umas semanas atrás, quer a redução das taxas de juro, quer a facilitação quantitativa estão sujeitas à Lei dos Rendimentos Decrescentes

Por um lado, o mecanismo de redução das taxas de juro tende a funcionar apenas quando se parte de taxas de juro relativamente elevadas (e.g. 8%), porque a dívida criada nessas circunstâncias é maioritariamente "produtiva". Porém, à medida que o banco central vai reduzindo cada vez mais as taxas de juro, a dívida que se acrescenta ao sistema tende a ser cada vez mais "improdutiva", o que significa que a insistência neste género de políticas por parte dos bancos centrais tende a produzir resultados e benefícios cada vez mais modestos para o sistema económico.

Já no caso da facilitação quantitativa, os activos financeiros podem subir apenas até aos níveis de valorização aceites pelos participantes do mercado. Quando se parte de um fundo de mercado, i.e. de níveis de valorização relativamente baixos, como por exemplo a seguir a um Bear Market, a QE tende a produzir resultados mais significativos do que quando se está em Bull Market. É por isso que as sucessivas tranches de QE implementadas pela FED nos EUA foram cada vez menos eficientes, com a QE III a surtir um efeito muito menor do que a QE II e, sobretudo, do que a QE I.

Deixando agora de lado os fundamentais,  vamos olhar para o gráfico do maior índice bolsista americano:


Pode ver-se que o S&P 500 está em clara lateralização, não obstante as divergências pouco preocupantes (para já) no PPO e no CMF. O caracol não tem avançado grande coisa desde meadosd e Julho, mas também não tem caído. O índice reagiu bem ao teste sobre a média móvel simples a 50 dias (seta verde no gráfico). E mesmo que não volte a reagir da mesma forma no próximo reteste, há uma zona de suporte multimensal na casa dos 2125 pontos que deverá deter as quedas dos $SPX, caso elas venham a ocorrer. 

Seja como for, o ideal para amanhã seria que o índice se mantivesse dentro da zona amarela. Vamos ver o que acontece!

domingo, 4 de setembro de 2016

Mercados americanos: a análise semanal de Brian Shannon (70)


    Esta semana, praticamente todos os índices sectoriais bolsistas dos EUA registaram subidas modestas. A excepção foram as biotecnológicas (IBB) que, ainda assim, estão praticamente inalteradas em termos mensais (-0,10%). O grande perdedor da semana foi o petróleo (USO, $WTIC, OIL) que perdeu mais de 6% do seu valor em termos semanais (-6,48%).



  • Pontos-chave do vídeo do Sr. Shannon:

[00m28s]: o S&P 500 (SPY) encontra-se presentemente acima da sua média móvel simples a 50 dias. O Sr. Shannon traçou uma linha de tendência ascendente (LTA) ligando os máximos de Abril e Junho aos mínimos de Agosto e ínicio deste mês de Setembro. Essa LTA parece estar, para já, a servir de suporte à acção de preços do SPY. Olhando para o gráfico intradiário (15 em 15 minutos), é possível verificar que o SPY fechou acima da sua média de preços ponderada por volume (volume weighted average price - VWAP) traçada desde o início desta semana (week-to-date, WTD) e também acima da média móvel simples a 5 dias. No entanto, quando se olha para o SPY em termos de tendência de médio prazo (alguns dias a algumas semanas), há uma clara zona de resistência entre os $218 e os $220, o que significa que é preciso ter paciência e esperar pelo desenrolar desta lateralização. Em caso de queda da cotação, o Sr. Shannon entende que seria desejável que a zona entre os $217,50 e os $217,75 aguentasse como suporte.

[03m28s]: o Nasdaq 100 (QQQ) passou praticamente todo o mesmo de Agosto numa zona de laterlaização entre os $116 e os $118, estando termina a sessão de sexta-feira mais ou menos a meio ($117). Também aqui a acção de preços está acima da sua VWAP (WTD) e também acima da média móvel simples a 5 dias. O Sr. Shannon acha que, enquanto o preço do QQQ estiver entre os $116,5 e os $116,75, o benefício da dúvida deve ser dado aos compradores (touros).

[05m17s]: o Russell 2000 (IWM) está um pouco mais forte do que os dois índices anteriores e voltou a aproximar-se do seu máximo histórico ($126,56 ou $129,10 na versão sem ajustes do SPY), fechando a semana nos $125,51. No gráfico diária, o IWM ainda está numa clara tendência de subida, com máximos e mínimos consecutivamente mais elevados. No entanto, o Sr. Shannon acha que é preciso que a zona entre os $123,25 e os $123,50 aguente como suporte nas próximas sessão para que possamos manter o optimismo.

[06m11s]: semicondutores (SMH) encontram-se practicamente em máximos históricos, embora a acção de preços parece agora um pouco estendida demais. Ainda assim, o Sr. Shannon alerta os ursos para o facto de que apostar contra os SMH parece ser uma estratégia perdedora a médio e longo prazo, uma vez que o padrão de máximos e mínimos consecutivamente mais elevados sobre uma média móvel simples a 5 dias com declive positivo é absolutamente inequívoco nos gráficos diário e intradiário (30 em 30 minutos).

[07m00s]: conforme vos tinha dito no parágrafo introdutório deste postal, as biotecnológicas (IBB) são presentemente o patinho feio dos fundos transaccionáveis (exchange-traded funds, ETF) sectoriais dos EUA. Ainda assim, as IBB terminaram a semana acima da sua média móvel simples a 50 dias e também acima da média de preços ponderada por volume traçada desde os mínimos de Junho. É portanto possível que as IBB encontrem suporte algures nos $280. No entanto, se tal não acontecer, é possível que o preço das IBB recue até à média de preços ponderada por volume traçada desde o início do ano (year-to-date, YTD). Quando se olha para o gráfico intradiário das IBB (30 em 30 minutos), constata-se que a acção de preços está por debaixo de uma média móvel simples a 5 dias com declive negativo, o que significa que é melhor esperar pelo desenrolar das próximas sessões bolsistas antes de apostar na subida das IBB.

[09m01s]: a Apple, Inc. (AAPL:Nasdaq GS) voltou a falhar o assalto aos $110, mas ainda está acima da média de preços ponderada por volume traçada desde a última divulgação de resultados. Apesar de o preço da AAPL estar acima da  média móvel simples a 5 dias, também está abaixo da média de preços ponderada por volume traçada desde os máximos mais recentes (16 de Agosto). O cenário ideal, nas palavras do Sr. Shannon, seria a AAPL descer novamente até aos $107, fazer um fundo duplo e depois subir acima da resitência nos $108, que passaria a suporte.

[09m47s]: a Ali Baba (BABA:NYSE) teve uma semana excelente e também se encontra presentemente acima da média de preços ponderada por volume traçada desde a última divulgação de resultados. 
[10m18s]: também o Twitter parece estar  (TWTR:NYSE) a melhorar, embora a tendência primária continue a ser inequivocamente de descida, com o declive da média móvel a 200 dias claramente descendente. O TWTR retestou recentemente a sua média de preços ponderada por volume traçada desde a última divulgação de resultados e depois subiu bem acima dela, um comportamento que o Sr. Shannon acha poder ser um potencial fenómeno de acumulação. Outrossim, o TWTR fechou a semana acima da média de preços ponderada por volume traçada desde os máximos mais recentes (15 de Agosto).

sábado, 3 de setembro de 2016

Mercados americanos: o comentário semanal de Chris Ciovacco


     Nos EUA, os principais índices bolsistas continuam a lateralizar. Aproveitando a pasmaceira actual, o Sr. Ciovacco decidiu rever os elementos mais básicos da Análise Técnica: as médias móveis simples de médio e de longo prazo.



Pontos de interesse do vídeo do Sr. Ciovacco:
  • 01m19s Olhando para o gráfico do S&P 500 ($SPX) entre 1994 e 2010, o Sr. Ciovacco começa por falar nas dificuldades subjacentes à estratégia "Buy & Hold" (comprar as acções e mantê-las ao longo dos anos), nomeadamente aquelas que surgem durante os períodos de perdas correspondentes aos Bear Markets (períodos multianuais em que as cotações caem). Nesta lógica de investimento continuado, a possibilidade de nos protegermos contra estas perdas é por demais pertinente. Uma das estratégias mais simples é usar uma média móvel simples a 200 dias -MMS(200)- como indicador de probabilidade. Diz o Sr. Ciovacco que, quando o declive da MMS(200) é positivo, a probabilidade de termos subidas das cotações é geralmente mais elevada. Analogamente, a probabilidade de termos descidas das cotações é maior quando o declive da MMS(200) é negativo.
  • 03m32s Mas atenção, nenhuma média móvel funciona sempre. A MMS(200) pode constituir um excelente indicador da evolução das acções durante meses e até anos, falhando logo a seguir. É preciso por isso utilizar várias médias móveis, com períodos diferentes.
  • 04m37s Para ilustrar este ponto, o Sr. Ciovacco usa um gráfico em que apenas estão representadas duas médias móveis simples do $SPX ao longo período conhecido como a "bolha das dot.com" (2000-2001), a média móvel simples a 200 dias e a média móvel simples a 50 dias. Em causa está um fenómeno clássico cuja importância é referida em qualquer livro de Análise Técnica (AT): o cruzamento da MMS(50) com a MMS(200), neste caso, de cima para baixo, indicando um Bear Market (em rigor, indica apenas o aumento da probabilidade de estarmos em Beark Market, porque na AT nunca há certezas, apenas possibilidades e probabilidades associadas). Este cruzamento foi consagrado na literatura da especialidade como "death cross" (cruzamento de morte).
  • 06m28s Segue-se um gráfico com os mesmos protagonistas mas desta feita relativo ao período da crise financeira de 2007-2008. A história é mais ou menos a mesma: até à crise, a MMS(50) manteve-se acima da MMS(200). Com o espoletar da crise, a MMS(50) cruzou a MMS(200) de cima para baixo ("death cross") e manteve-se debaixo da MMS(200) a partir daí (Bear Market).
  • 07m49s Agora vem a parte que realmente interessa, que é a situação actual. Olhando para o gráfico do $SPX a partir de Abril de 2016, vê-se um claro "golden cross" (cruzamento de ouro) que é precisamente o inverso de um cruzamento de morte: a MMS(50) cruza a MMS(200) de baixo para cima, aumentando a probabilidade de ocorrerem subidas das cotações. Outrossim, a MMS(50) fez um novo máximo, situação que nunca ocorreu nos dois Bear Markets vistos anteriormente (bolha das dot.com e crise financeira). E ainda há outro aspecto positivo, embora não definitivo: o declive da MMS(200) tornou-se novamente positivo, outro sinal bullish.
  • 14m01s Olhando agora para o gráfico semanal do compósito do Nasdaq ($COMPQ), também aqui é possível observar uma melhoria do desempenho das duas médias móveis mencionadas anteriormente. Também houve "golden cross", a MMS(50) também fez um novo máximo e ambas MMS(50) e MMS(200) têm declives positivos.
  • 15m09s O mesmo para o Dow Jones Industral Average ($INDU). O Sr. Ciovacco aproveita inclusivamente para traçar um paralelo com o início do presente Bull Market, em 2009.
  • 16m59s O mesmo para acções globais (ACWI).
  • 17m37s O mesmo para o sector energético (XLE).
  • 18m08s O mesmo para os mercados emergentes (EEM).
  • 19m33s Olhando agora para o mercado americano como um todo (VTI), a situação é muito semelhante. E aqui sim, temos um sinal francamente positivo, porque este ETF inclui acções de praticamente todos os sectores da economia americana, o que significa que a probabilidade de haver mais subidas (a médio e longo prazo, não necessariamente a curto prazo), aumentou significativamente. 
  • 21m41s Perante tudo isto, convém olhar novamente para aquele que continua a ser, para já, o grande vencedor de 2016: o ouro. O Sr. Ciovacco recorre a um fundo transaccionável de acções de mineração do metal amarelo, o GDX (VanEck Vectors Gold Miners, GDX:NYSE), para nos mostrar que, apesar das subidas recentes dos mercados de acções, a procura por ouro continua muito forte, com a MMS(50) bem acima da MMS(200) e ambas com declive positivo. O Sr. Ciovacco atribui este fenómeno ao facto de a Reserva Federal Americana não ter sido capaz de elevar as taxas de juro directoras de uma forma sustentada e significativa, o que faz com que os investidores continuem a temer a desvalorização continuada do dólar americano.
  • 22m40s Esta situação deve manter os investidores em alerta porque, ao olhar para o desempenho do ouro desde a "bolha das dot.com", verifica-se que as subidas do metal amarelo coincidiram por vezes com os períodos de desvalorização da bolsa. Esta situação não será de todo surpreendente para aqueles que sabem que o ouro é frequentemente encarado como um activo de refúgio e uma protecção contra a inflação. Por outra palavras, apesar de os índices bolsistas estarem tendencialmente bullish, o ouro ainda não corrobora essa narrativa.
  • 25m45s Ainda por cima, as subidas recentes do ouro foram acompanhadas por outras matérias-primas, em particular pela prata (SLV), que tem estado a subir desde meados de Dezembro de 2015.