quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Mercados americanos: a análise intra-semanal de Brian Shannon (5)


   O Sr. Shannon decidiu presentar-nos com uma análise a meio da semana, portanto, vamos aproveitar. Entre os índices sectoriais que ele cobre habitualmente, apenas as biotecnológicas (IBB) estão negativas em termos anuais. o S&P 500 (SPY) regista um ganho de 6,63% e DIJA (DIA) de 5,72%. Destaque para os supercondutores (SMH) que já vão em 24,27%, só este ano:



  • Pontos-chave do vídeo do Sr. Shannon:

[00m26s]: depois de ter feito máximos históricos, o S&P 500 encontra-se presentemente a transaccionar dentro de uma gama de vlaores bem definida, entre os $216 e os $220. A zona de suporte nos $216 permanece válida, mas é provável que o SPY recue um pouco mais abaixo, até à zona da média móvel simples a 50 dias, onde também se encontra uma linha de tendência ascendente (LTA) que remonta a Abril deste ano. No gráfico intradiário do SPY (30 em 30 minutos), pode ver-se que a acção de preços está debaixo da média móvel simples a 5 dias, o que recomenda bastante cautela, sobretudo tendo em conta o exposto no postal anterior.

[01m33s]: No Nasdaq 100 (QQQ), a situação parece um pouco pior, com o ETF a "namoriscar" a zona de suporte na casa dos $116. No gráfico horário do QQQ é possível observar uma série de máximos e mínimos consecutivamente mais baixos, que ocorrem debaixo da média móvel simples a 5 dias. Portanto, todo o cuidado é pouco.

[02m25s]: O Russell 2000 (IWM) está bastante melhor do que os ETFs anteriores, mantendo a tendência de subida recente. Ainda assim, é preciso lembrar que o IWM ainda não recuperou o anterior máximo ($126,56) que já remonta a Junho de 2015. Além disso, o IWM foi rejeitado pela sua média móvel simples a 5 dias na sessão de hoje. O Sr. Shannon acha que, enquanto o ETF aguentar acima da zona de suporte entre os $122,25 e os $122,5, as descidas não deverão ser significativas.

[03m48s]: Os semicondutores (SMH) também estão a aguentar bem, pelo nenos, para já. O SMH está inclusivamente acima da sua média móvel simples a 5 dias. A zona de suporte a vigiar nas próximas sessões andará pelos $65,5.

[04m11s]: Já as biotecnológicas (IBB) tiveram o destino diametralmente oposto, tendo registado quedas importantes nas últimas sessões e encontrando-se presentemente sobre a sua média móvel simples a 50 dias.

A propósito das subidas recentes...


     O grande Brian Shannon publicou este gráfico interessantíssimo na sua conta do StockTwits. Entre tudo o que se pode ler no gráfico, saliento: «a rejeição de novos máximos lança suspeitas acerca da tendência de médio prazo.»


Chris Ciovacco: «Estará a Teoria de Dow a dizer-nos que os subidas actuais das cotações vão falhar?»


     As minhas férias de Verão acabam hoje, portanto, está na altura de voltar a actualizar este blogue. Para tal, escolhi um dos meus tópicos de bolsa favoritos, a venerável Teoria de Dow, desta feita pela voz do Chris Ciovacco, em mais um dos seus vídeos interessantíssimos.




Pontos de interesse do vídeo do Sr. Ciovacco:

  • 00m29s O vídeo começa com um gráfico do S&P 500 ($SPX) entre Fevereiro de 1994 e Fevereiro de 1995, um período em que a acção do índice foi bastante semelhante àquela que se verifica actualmente, i.e. depois de um período de lateralização de vários meses, o índice finalmente avançou para novos máximos. O mesmo acontceu poucos dias depois no outro grande índice americano, o Dow Jones Industrial Average ($INDU).
  • Agora vem a parterealmente interessante: conforme já expliquei várias vezes neste blogue, a venerável Teoria de Dow estabelece os dois índices principais da época em que o seu criador viveu, o DJTA (transportes) e o DJIA (indústria), devem subir ou cair simultaneamente para que estejamos em Bull ou em Bear Market. A simultaneidade é absolutamente imprescindível: só quando os dois índices subirem ou caírem é que temos uma tendência primária definida.
  • A ideia subjacente à Teoria de Dow é que os ganhos das empresas de transportes têm um impacto directo na saúde dos Bull Markets. Mais concretamente, se as empresas de transportes esiverem a aumentar os seus lucros, então é porque há cada vez mais passageiros e mercadorias para transportar e, concomitantemente, a economia está a crescer. Voltando ao vídeo do Sr. Ciovacco, isso significa que o DJTA ($TRAN) deve acompanhar o DJIA ($INDU)  para que o Bull Market se mantenha válido.
  • 01m53s Ora, não foi isso que aconteceu em Fevereiro 1995. O gráfico do DJTA não acompanhou o gráfico do DJIA e não fez um novo máximo. Ou seja, em Fevereiro de 1995 não houve confirmação da Teoria de Dow, nas palavras do Sr. Ciovacco (eu prefiro dizer que houve divergência).
  • 02m40s Avançado para os dias de hoje (o Sr. Ciovacco não os mostra, mas fala neles), a situação é muito semelhante. Depois de um período de lateralização prolongado, o $SPX e o $INDU fizeram novos máximos, mas o $TRAN ainda não.
  • 04m06s Com efeito, o $TRAN só haveria de fazer um novo máximo em Julho de 1995. Ou seja, foram precisos cinco meses para haver confirmação da Teoria de Dow. Quem tivesse esperado pela confirmação, teria perdido importantes ganhos ao longo desses cinco meses. No caso do S&P 500, essas perdas corresponderiam a 16,4% da valorização em Fevereiro de 2015. No caso do Dow Jones Industrial Average, corresponderiam a 18,2% da valorização em Fevereiro de 2015.
  • 06m37s Olhando agora para um gráfico recente do DJTA ($TRAN) e observando a enorme distância que ainda separa a valorização actual do anterior máximo, parece pertinente formular a questão "Será que a Teoria de Dow ainda é relevante?". O Sr. Ciovacco acha que sim, mas ressalva: a Teoria de Dow não constitui necessariamente um impeditivo à continuação do espectáculo (showstopper).
  • 07m55s Recorrendo a um gráfico do DJTA ($TRAN) entre 1989 e 1993, o Sr. Ciovacco mostra-nos que podem passar anos até que um máximo anterior seja novamente atingido. Olhando para o gráfico do S&P 500 ($SPX) durante o mesmo período, verifica-se que o o índice das Large Caps registou importantes subidas ao longo dos anos (+25,56%), não obstante o DJTA não ter atingido o máximo de 1989!
  • 11m14s Olhando para um gráfico multianual do compósito da NYSE ($NYA) no qual foram sobrepostas as médias móveis simples (MMS) a 30, 40 e 50 semanas, o Sr. Ciovacco identifica um sinal de transacção que ocorreu apenas 11 vezes desde 1982. Pode ver-se que a MMS 30 cruzou as outras duas médias móveis de baixo para cima, o que constitui um sinal Bullish.
  • 14m02s O mesmo sucedeu no gráfico semanal do S&P 500 ($SPX). Além disso, a MMS 40 também cruzou a MMS 50 de baixo para cima, reforçando o sinal bullish. É preciso salientar que os sinais de transacção traduzem apenas probabilidades, não desfechos.
  • 15m56s Usando o fundo transaccionável VGT (VGT:NYSE), o Sr. Ciovacco revê o desempenho do sector das tecnologias de informação desde Março de 2015. Também aqui se observa um cruzamento positvo das médias móveis simples referidas anteriormente.
  • 16m23s O mesmo para o Dow Jones Industrial Average ($INDU).
  • 17m00s Curiosamente, as obrigações do Tesouro Americano de médio prazo (7-10 anos), ainda não revelam sinais de fraqueza. Com efeito, as médias móveis simples no gráfico semanal do fundo transaccionável IEF (IEF:NYSE) continuam empilhadas de uma forma bullish, com as médias móveis simples de curto prazo por cima das móveis simples de longo prazo. A situação é muito semelhante para as obrigações de longo prazo (TLT).
  • 17m33s O fundo transaccionável que aposta na queda do S&P 500, o SH (ProShares Short S&P 500, SH:NYSE) mostra precisamente o contrário, i.e. uma conjunturo manifestamente bearish, com as médias móveis simples de curto prazo por debaixo das móveis simples de longo prazo. Volto a enfatizar que isto traduz apenas possibilidades, não desfechos.
  • 18m07s Não surpreendentemente tendo em conta os gráficos anteriores, o gráfico semanal do índice de volatilidade do S&P 500 ($VIX) também apresenta, em termos de médias móveis simples, um prognóstico bearish.
  • 18m32s O Sr. Ciovacco fala da evolução recente dos mercados emergentes usando o rácio VWO:SH (Vanguard FTSE Emerging Markets/ProShares Short S&P 500). Também aqui a MMS 30 penetrou as outras duas MMS de cima para baixo.
  • 19m35s A partir daqui, o Sr. Ciovacco fala nas declarações recentes da Presidente da Reserva Federal Americana, Janet Yellen. Yellen mencionou a possibilidade de voltar a utilizar os fundos do banco central americano para comprar activos e até mencionou um valor em concreto: 2 biliões de dólares (2 triliões nos EUA). Mais do que isso, Yellen disse que a FED não espera levantar as taxas de juro significativamente nos próximos anos -contrariamente ao quie a imprensa ocidental nos disse (porque será?).
  • Mas Yellen foi ainda mais longe: «Se os mercados voltare a cair, implementaremos medidas adicionais de compra de activos e durante mais tempo.» Sim, a FED disse mesmo isto, por incrível que pareça. Basicamente admitiram o esquema! Os especuladores de Wall Street acreditam agora que há 70% de hipóteses de que a FED não suba as taxas de juro em Setembro, mais uma vez, contrariamente ao que a imprensa ocidental nos disse. Isto significa o seguinte que, a longo prazo (anos), o mercado de acções poderá ser perigoso. Mas a médio prazo (meses), as subidas deverão continuar, pelo menos, modestamente.