sábado, 23 de julho de 2016

Chris Ciovacco: «O que é que podemos aprender com as tendências de subida em várias classes de activos?»


    Esta semana, o Sr. Ciovacco retoma os seus habituais exercícios de comparação da evolução recente dos mercados com o seu registo histórico.



Pontos de interesse do vídeo do Sr. Ciovacco:
  • 00m32s Recorrendo a um gráfico semanal do S&P 500 ($SPX) para o período 2007-2008, o Sr. Ciovacco começa por explicar que, idealmente, uma tendência de subida deve ser acompanhada pelas médias móveis, com as médias móveis mais rápidas (i.e. aquelas com período mais curto) a ficar acima das médias móveis mais lentas (e.g. MM 50 acima da MM 200). Quando isto deixa de acontecer, as probabilidades de as valorizações bolsistas caírem rapidamente aumentam consideravelmente, como ilustra o caso da crise financeira de 2008.
  • 01m34s Inversamente, quando estamos numa tendência primária de descida (Bear Market), as médias móveis mais lentas deverão ficar acima das médias móveis mais rápidas (e.g. MM 200 acima da MM 50). Nesta situação, a ultrapassagem das médias móveis pelo preço alerta para uma possível reversão bullish, como ilustra o caso do gráfico semanal do S&P 500 para o período 2009-2010 (introdução da facilitação quantitativa - quantitative easing, QE).
  • 01m57s Comparando os dois gráficos anteriores com a situação observada no $SPX a 24 de Junho do presente ano de 2016, verificava-se que as médias móveis de médio e longo prazo estão novamente a subir, mas as de mais curto prazo pareciam estar a inverter para baixo.
  • 02m50s Felizmente, o S&P 500 continuou a subir, tendo inclusivamente saído do rectângulo multianual em que se encontrava desde finais de 2014. Isto significa que as probabilidades apontam no sentido da continuação das subidas.
  • 03m17s No entanto, quando se olha para o gráfico semanal das obrigações de médio prazo (IEF), também se observa uma inquestionável tendência bullish de longo prazo.
  • 04m00s O mesmo sucede para as obrigações a longo prazo (TLT) e para os fundos de investimento no mercado imobiliário (VNQ).
  • 04m56s O ouro (GLD) também tem estado numa clara tendência de subida, com todas as médias móveis de médio e de longo prazo a apontarem para cima.
  • 05m48s O Sr. Ciovacco detém-se no gráfico semanal das obrigações de longo prazo (TLT), procurando explicar o porquê de a zona de resistência entre os $133,5 e os $134 ter sido penetrada com sucesso. A saber: (1) manutenção, por parte dos bancos centrais, das taxas de juro directoras em valores baixos; (2) potencial cenário de deflação, por efeito do excesso de crédito e desalavancagem; (3) redução das margens de lucro nos EUA, enquanto o resto do mundo continua a crescer de forma modesta; (4) Valorização excessiva das acções; (5) Níveis globais de dívida muito elevados, com repercussões nos ganhos obtidos com os investimentos; (6) efeito de contágio do Brexit.
  • 08m01s Quanto aos motivos pelos quais as acções voltaram a subir, o Sr. Ciovacco menciona: (1) o facto de que a economia norte-americana evitou a recessão; (2)  a tentativa, por parte dos bancos centrais, de inflacionar a economia como forma de desvalorizar a dívida (o dinheiro vale mais quando a inflação desde e menos quando a inflação sobe); (3) as perspectivas, para o resto de 2016, de aumento das margens de lucro das empresas cotadas em bolsa; (4) a reticência, por parte dos bancos centrais, em aumentar a incerteza associada ao Brexit, aumentando as taxas de juro.
  • 10m25s Com tanta incerteza, não é de admirar que o ouro, considerado o activo de refúgio por excelência, tenha também subido nos últimos meses. O Sr. Ciovacco aponta vários motivos para que isso tenha acontecido: (1) as "guerras de divisas", i.e. a tentativa dos governos manterem as suas moedas em níveis de valorização baixos para assim manterem as suas dívidas sob controlo; (2) a desvalorização das divisas leva ao aumento potencial da inflação no futuro, o que significa que o dinheiro tenderá a valer cada vez menos; além disso, (3) a política dos bancos centrais levou a elevados níveis de valorização não apenas nas acções mas também nas obrigações; o ouro surge assim como a derradeira alternativa; (4) há ainda a possibilidade de a FED avançar para formas de QE alternativas, como o "dinheiro de helicóptero" (ver postal anterior); (6) tudo isto, a concretizar-se, reflectir-se-á inevitável e negativamente no poder de compra dos consumidores - se o dinheiro valer menos, passará a ser possível comprar menos bens com ele.
  • 13m43s O Dow Jones Industrial Average ($INDU) também esteve confinado a um rectângulo de transacção multianual cujo limite superior penetrou recentemente. É provável que haja um reteste nas próximas sessões. Também parece haver sinais positivos no Wilshire 5000 ($WLSH) que superou recentemente uma linha de tendência descendente (LTD). No entanto, é preciso salientar que o $WLSH ainda não superou os máximos de 2015.
  • 16m00s Olhando agora para os rácios e começando pelo compósito da NYSE ($NYA), é possível observar que o quociente $NYA:TLT ainda se encontra em tendência descendente. Isso ainda poderá vir a acontecer mas, para já, a LTD multimensal permanece inviolada. O Sr. Ciovacco diz ainda que há um possível padrão de "cabeça e ombros" invertido no gráfico semanal do $NYA. A confirmar-se, teremos grandes subidas nas próximas semanas. No entanto, é preciso esperar para ver se a linha do pescoço do padrão aguenta.
  • 17m38s No compósito do Nasdaq ($COMPQ) foi penetrada finalmente a LTD que remontava aos máximos de 2015, fechando finalmente o "gap" de finais desse ano.
  • 18m30s Bem pior estão as coisas na Alemanha, com o $DAX a não ser capaz sequer de atingir a LTD que vigora desde Março de 2015. O rácio ACWI:TLT também mostra que as acções globais (ACWI) têm tido um desempenho abaixo das obrigações (TLT).
  • 19m27s Já o gráfico do índice de volatilidade do S&P 500 ($VIX) mostra a quebra de um importante suporte ou linha de tendência ascendente (LTA). Já o índice das small caps, o Russell 2000 (IWM) fechou muito perto de uma zona de resistência multimensal na casa dos $120, como referi no postal anterior.
  • 20m05s Bem pior está o sector dos transportes (IYT), que continua em clara tendência descendente. Por seu lado, o rácio GLD:SPY parece ter quebrado uma LTD que já remontava ao quatro trimestre de 2015. Apesar da lateralização recente, o RSI parece estar a favorecer o ouro. No entanto, é preciso salientar que o rácio SLV:GLD está a favorecer a prata em relação ao ouro. Isto pode explicar-se pelo facto de que a prata tem uma procura muito maior do que o ouro por parte da indústria mundial.
  • 23m20s O sector dos materiais (XLB) ainda não conseguiu superar a LTD que vigora desde o início de 2015. O Sr. Ciovacco mostra ainda que as recentes subidas no S&P 500 não foram acompanhadas pelos seguintes rácios: $SPX:GLD (ouro), $SPX:SDY (acções com alto dividendo), $SPX:TLT (obrigações), $SPX:VNQ (fundos de investimento do mercado imobilário).
  • 25m35s Também o rácio XLB:TLT (materiais/obrigações) parece estar com uma performance sub-óptima, constantemente travado por uma LTD que vigora desde meados de 2015. A situação é muito semelhante no caso do rácio XLE:TLT (energia/obrigações).
  • 26m27s Quanto às obrigações de médio prazo (SPY:IEF), ainda parece haver pelo menos duas LTDs que, para já, estão a travar a subida do rácio.

Mercados americanos: a análise semanal de Brian Shannon (69)


     A evolução dos principais índices bolsistas dos EUA foi bastante morna ao longo desta semana, correspondendo a um período de lateralização (ver postal anterior). A excepção foi o maior índice das tecnológicas, o Nasdaq 100 ($NDX), que registou uma subida semanal (week-to-date, WTD) de +1,66%. Ainda assim, o Sr. Shannon começa o seu habitual vídeo alertando-nos para o facto de que os profetas da desgraça já andam a vaticinar a queda dos mercados há semanas e, para já, aconteceu precisamente o contrário: estamos em máximos históricos, ou quase.



Pontos-chave do vídeo do Sr. Shannon:

  • 00m36s Apesar de estar em máximos históricos, o S&P 500 (SPY) ainda não mostra quaisquer sinais de que os vendedores estão a retomar o controlo. Com efeito, a média móvel simples a cinco dias (MM 130 no gráfico intradiário de 15 em 15 minutos) continua com um declive clarmente ascendente, havendo inclusivamente uma clara zona de suporte na casa dos $215. Quem abrir posições curtas num mercado assim arrisca-se a sofrer grandes dissabores. O Sr. Shannon acha mesmo que é possível que o SPY encontre novo suporte algures nos $216,5, o que aumentaria significativamente a probabilidade de as subidas continuarem a partir daí.
  • 02m40s O Nasdaq 100 (QQQ) penetrou convicentemente a resistência multimensal nos $110, fechando muito perto dos máximos registados em Novembro de 2015 ($114,75). A zona de suporte a vigiar andará entre os $112,75 e os $113.
  • 03m41s O Russell 2000 (IWM) está a lateralizar mesmo em cima de uma zona de resistência multianual na casa dos $120. O suporte está logo abaixo, algures nos $119. O Sr. Shannon não diz mas, no gráfico semanal do IWM, parece estar a formar-se uma "cabeça e ombros" multimensal. Ainda é cedo, no entanto, para confiarmos.
  • 05m36s O sector dos semicondutores (SMH) tem sido o mais forte das últimas semanas e está agora em máximos de 15 anos. Em tempos eu disse aqui neste blogue que isto acabaria por acontecer, dados os magníficos fundamentais dos vários componentes do SMH.
  • 07m00s Já o sector das biotecnológicas (IBB) continua a subir rumo à zona de resistência multimensal na casa dos $290.
  • 07m53s Já o maior componente do S&P 500, a Apple, Inc. (AAPL:Nasdaq GS) voltou a perder terreno esta semana, estando agora abaixo da sua média móvel simples a cinco dias (MM 65 no gráfico intradiário de 30 em 30 minutos) e também abaixo da sua média de preços ponderada por volume (volume weighted average price - VWAP) traçada desde o início desta semana (WTD). Por conseguinte, o Sr. Shannon acredita que a acção está em modo correctivo e poderá recuar até à sua média móvel simples a 50 dias (MM 50, no gráfico diário). A Apple só voltará a ficar bullish quando o preço superar a resistência entre os $99,75 e os $100.
  • 09m16s A Ali Baba (BABA:NYSE) tem sido repetidamente travada pela média de preços ponderada por volume traçada desde a sua entrada em bolsa (Initial Public Offering - IPO), em Setembro de 2014. A acção tem subido bastante nas últimas semanas, mas está agora muito perto de uma resistência multimensal na casa dos $85.
  • 11m08s As obrigações do tesouro americano a 20+ anos (TLT) parecem estar a estabilizar e encontraram suporta na zona entre os $136 e os $138, que já tinha servido de resistência durante o mês de Junho. Tendo em conta que o preço das TLT fechou acima da sua a média móvel simples a cinco dias (MM 130 no gráfico intradiário de 15 em 15 minutos) e que essa MM 130 tem agora um declive ascendente, existe a possibilidade de as TLT voltarem a subir nas próximas sessões, em especial se a barreira dos $140 for novamente ultrapassada.

quarta-feira, 20 de julho de 2016

Análise técnica para totós: a diferença entre correcções e lateralizações


    Aproveitando uma sequência de postagens muito interessantes do Sr. Shannon na sua conta do StockTwits, aqui fica a diferença uma correcção (manifestada na descida dos preços) e uma lateralização (manifestada numa "pausa" na acção de preços ao longo do tempo). O Sr. Shannon chama a uma correcção uma "correcção pelo preço" e a uma lateralização uma "correcção pelo tempo":



Ou seja, numa correcção (correcção pelo preço), a valorização do activo recua até à média. Numa lateralização (correcção pelo tempo), o preço mantém-se mais ou menos constante, até as subidas serem retomadas:

 
Saliento que, no mítico livro "A Análise Técnica das Tendências das Acções" da dupla Edwards/Magee, uma lateralização é geralmente designada como uma linha (não obstante a variação dos preços dentro dessa linha). A ideia é traduzir a paragem temporária do preço em relação à sua tendência primária de subida, como se ele precisasse de parar para respirar antes de retomar a sua subida (ou descida, quando a tendência primária é descendente).


domingo, 17 de julho de 2016

Chris Ciovacco: «Dívida, dinheiro de helicóptero¹ e a Reserva Federal»


     Esta semana, o Sr. Ciovacco centra a sua mensagem naquilo a que ele chama "os nossos planificadores globais", i.e. as pessoas e as instituições que, com as suas políticas (ou falta delas) determinam a evolução da economia mundial, para o melhor e para o pior. A mensagem principal do vídeo é muito semelhante à de outros vídeos anteriores: a actuação dos bancos centrais condiciona o desempenho dos mercados, devendo os investidores ter esta realidade sempre bem presente antes de comprarem ou venderem activos financeiros. Mas atenção: a pertinência e o nível de detalhe das explicações providenciadas pelo Sr. Ciovacco neste vídeo são pura e simplesmente fabulosos. Não hesito em afirmar que este é um dos melhores vídeos que já vi sobre o actual momento da economia mundial.



Pontos de interesse do vídeo do Sr. Ciovacco:

  • 01m32s O Sr. Ciovacco recorre a um interessante diagrama para explicar como é que, nos EUA, a Reserva Federal (FED) utiliza as taxas de juro como instrumento da política económica, recorrendo aos bancos como agentes de transmissão. Os bancos concedem crédito às empresas e às famílias (habitação), criando dívida no processo. A ideia é que o dinheiro emprestado desta forma fará crescer a economia e criará postos de emprego, através do aumento do consumo [notem que eu escrevi "fará", não escrevi "faz"].
  • 02m34s Ao longo da história recente dos EUA, a FED tem baixado as taxas de juro com o objectivo alegado de estimular a economia e de procurar atingir níveis máximos de empregabilidade. Então, à medida que a inflação começa a subir, a FED vai aumentando gradualmente as taxas de juro.
  • 03m03s Por outro lado, as empresas também podem ir buscar capital às famílias através da emissão de obrigações. Em teoria, as famílias serão recompensadas com os juros correspondentes e, quando a maturidade das obrigações for atingida, ser-lhes-á devolvido o capital inicialmente investido. Mas há um detalhe: a compra de obrigações implica a assumpção de um determinado nível de risco, uma vez que é sempre possível que as empresas não continuem a prosperar e, por conseguinte, não sejam capazes de devolver o capital inicialmente investido.
  • 03m54s De acordo com algumas teorias económicas, a quebra de compromisso obrigacionista não é necessariamente uma tragédia para toda a sociedade, porque o fenómeno cria as condições para que apenas a dívida "produtiva" ou "aproveitável" permaneça no sistema, com a dívida "improdutiva" a ser removida da economia. Temos assim uma espécie de darwinismo económico em que as empresas emitentes de dívida "produtiva" prosperam, enquanto as empresas emitentes de dívida "improdutiva" vão à falência.
  • 04m27s À medida que a taxa de juro directora de um sistema económico é reduzida pelo seu banco central, também o é a taxa interna de retorno requerida para que os investimentos sejam rentáveis. Isto significa que, em teoria, será mais fácil às empresas prosperar num ambiente de taxas de juro reduzidas. Porém, essa facilidade implica limiares mais baixos de criatividade,  inovação e, consequentemente, de produtividade. É por isso que uma economia cujas taxas de juro directoras são baixas é, intrinsecamente, uma economia fraca e em que a procura de crédito é muito inferior à oferta.
  • 08m57s O vídeo torna-se realmente interessante a partir daqui. O Sr. Ciovacco explica que o mecanismo de redução das taxas de juro tende a funcionar quando se parte de taxas de juro relativamente elevadas (e.g. 8%), porque a dívida criada nessas circunstâncias é maioritariamente "produtiva". Porém, à medida que o banco central vai reduzindo cada vez mais as taxas de juro, a dívida que se acrescenta ao sistema tende a ser cada vez mais "improdutiva". Além disso, tanto as empresas como as famílias tendem a evitar contrair novos empréstimos, por já terem muitas dívidas acumuladas de anos anteriores. Isto significa que a insistência neste género de políticas por parte dos bancos centrais tende a produzir resultados e benefícios cada vez mais modestos para a economia.
  • 12m03s No caso concreto da FED, à medida que o mecanismo de redução das taxas de juro começou falhar devido à acumulação excessiva de crédito num ambiente de taxas de juro reduzidas, deu-se a transição para uma política económica alternativa designada por Facilitação Quantitativa (Quantitative Easing - QE).
  • 12m31s Na QE, a FED continua a utilizar os "bancos" (notem as aspas) como agentes de transmissão da sua política económica. Porém, o mecanismo baseia-se numa transacção de dinheiro electrónico (notem bem, electrónico e não real) a troco de obrigações do governo federal. O objectivo é que os as agências financeiras primárias usem o dinheiro concedido pela FED para comprar acções e obrigações das empresas, impulsionando a subida dos mercados financeiros. A parte realmente surreal desta história é que a teoria económica por detrás do QE estabelece que a subida dos mercados criará um "efeito de riqueza" (wealth effect), que por sua vez levará as famílias a aumentar os seus níveis de consumo, fazendo crescer a economia (sim, isto é aceite como "ciência", por incrível que pareça!).
  • 15m13s Porém, a verdade é que a QE também está sujeita à Lei dos Rendimentos Decrescentes, com os activos financeiros a poderem subir apenas até aos níveis de valorização aceites pelos participantes do mercado. É por isso que, conforme observa o Sr. Ciovacco, as sucessivas tranches de QE implementadas pela FED foram cada vez menos eficientes, com a QE III a surtir um efeito muito menor do que a QE I.
  • 16m29s É por isso que, presentemente, a FED está muito reticente em permitir falências ou incumprimentos massivos de dívida. Poderá haver um efeito de cascata em que a falência de uma grande empresa ou instituição financeira sirva de gatilho para a venda generalizada e continuada de activos financeiros nos mercados globais. Porém, o resgate financeiro destas entidades manterá a sua dívida "improdutiva" no sistema, agravando a situação a longo prazo.
  • 18m51s O Sr. Ciovacco utiliza uma comparação interessante a que ele chama "A economia dos batidos de couve dos nossos planificadores globais". Nos EUA, os batidos de couve (kale smoothies) são uma bebida muito popular entre os entusiastas do fitness, sendo usados como complementos nutritivos ao exercício regular. O Sr. Ciovacco argumenta que as políticas económicas seguidas pela FED (redução das taxas de juro, QE, resgates, dinheiro de helicóptero¹, dívida) são um pouco como esperar ficar em forma bebendo apenas batidos de couve, i.e. sem nunca fazer os exercícios físicos necessários para esse efeito. Os exercícios físicos, neste caso, seriam as recessões, falências, incumprimentos e reduções de dívida que a FED não está a permitir.
  • 27m21s Em todo o mundo, a dívida total dos governos duplicou desde o início da crise financeira, em 2007 (1 trilião nos EUA = 1 bilião em Portugal = $1 000 000 000 000):

  • 30m33s São precisamente os níveis elevados de dívida ilustrados acima, juntamente com as valorizações elevadas dos activos financeiros, que têm levado a FED a adiar sucessivamente a subida das taxas de juro.
  • 31m37s A recente subida do S&P 500 acima do rectângulo multianual promete novas subidas dos índices bolsistas, mas o é preciso ter presente que o rácio $SPX:GLD continua bearish (ou seja, o ouro continua a ser preferido às acções). Isso poderá mudar nas próximas sessões, à medida que nova informação for acrescentada aos gráficos.
  • 32m31s Esta divergência é ainda mais evidente no rácio $SPX:SLV (a prata continua a ser preferida às acções)
  • 33m28s Já o rácio materiais/obrigações (XLB:TLT) parece estar um pouco melhor e a forçar até o limite superior do canal de transacção em que se encontra.
  • 34m02s A situação é semelhante no caso do rácio XLE:TLT (energia/obrigações).
  • 35m48s O Sr. Ciovacco mostra-nos um gráfico multianual do S&P 500 (1997-2004) no qual se podem observar os efeitos decorrentes dos aumentos e das reduções da taxa de juro directora por parte da FED. Dependendo dos dados económicos divulgados nos próximos meses, a recusa, por parte da FED, em aumentar as taxas de juro, pode fazer com que os mercados continuem a subir durante muito tempo, meses ou até anos. Ou, pelo contrário, pode fazer com que se estatelem já este Verão. Infelizmente para nós, investidores, é precisamente esta incerteza que faz mover os mercados.
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(¹) Por "dinheiro de helicóptero" entende-se uma forma alternativa de QE em que o dinheiro seria dado directamente às empresas e as famílias (em vez de ser dado às agências financeiras primárias); a expressão resulta da imagem de um helicóptero a lançar dinheiro sobre as cidades, conforme se ilustra na caricatura a seguir:


Evidentemente, a implementação de facto do "dinheiro de helicóptero" não seria deitar dinheiro às populações em sentido literal, mas talvez enviar cheques pelo correio ou, mais provável ainda, conceder benefícios e/ou isenções fiscais.

Mercados americanos: a análise semanal de Joseph Hentges (10)


     Aqui fica o vídeo desta semana do Sr. Hentges:



Pontos-chave do vídeo do Sr. Hentges:

  • 00m23s A evolução recente do Dow Jones Industrial Average ($INDU) sugere a continuação das subidas. Recorrendo à Teoria das Ondas de Elliott, o Sr. Hentges antevê a possibilidade de ocorrer um novo máximo de pelo menos 19700 pontos. Para já não passa disso, uma possibilidade.
  • 04m52s O Oscilador de McClellan para o compósito da NYSE ($NYMOT) está presentemente em território de sobrecompra, mas isso não significa que as subidas não possam prosseguir nas próximas sessões. Recordo que o $NYA ainda se encontra bastante abaixo do seu máximo histórico, não obstante ter superado uma importante zona de resistência na casa dos 10600 pontos.
  • 06m07s O sector da construção residencial (XHB) está ainda mais longe dos seus máximos históricos. O Sr. Hentges consegue inclusivamente traçar uma linha  de resistência diagonal que o XHB ainda nem sequer alcançou.
  • 06m46s O sector financeiro (XLF) parece ainda pior, uma vez que a acção de preços ainda não conseguiu superar a linha de tendência descendente que vigora desde os máximos de Julho de 2015.
  • 07m28s Tal como o Sr. Shannon tinha feito no vídeo anterior, o Sr. Hentges acha que o sector das biotecnológicas (IBB) continua em Bear Market. No entanto, o Sr. Hengtes consegue discernir um fundo duplo potencial na acção de preços do IBB, algures nos $240, a tal zona de suporte multimensal identificada no postal anterior. Ainda assim, é preciso vencer a zona de resistência entre os $285 e os $290 para que essa figura de reversão (fundo duplo) seja confirmada.

sexta-feira, 15 de julho de 2016

Mercados americanos: a análise semanal de Brian Shannon (68)


     O S&P 500 ($SPX) e o DJIA ($INDU) fecharam a sessão de hoje em máximos históricos. O Nasdaq 100 ($NDX) e o Russell 200 ($RUT) estão perto dos seus máximos históricos. Todavia, o compósito da NYSE ($NYA) e sobretudo o DJTA ($TRAN) ainda parecem inspirar cuidados. Vamos ver e ouvir o que o Sr. Shannon pensa acerca disto:



Pontos-chave do vídeo do Sr. Shannon:
  • 00m43s Olhando para a acção de preços no gráfico intradiário (15 em 15 minutos) do S&P 500 (SPY), constata-se que a média móvel simples a cinco dias (MM 130) tem um declive claramente ascendente, com o preço do SPY a cavalgá-la. Para além disso, a média de preços ponderada por volume (volume weighted average price - VWAP) traçada desde o início desta semana (WTD - week-to-date) fechou mesmo em cima da MM 130 referida. O Sr. Shannon afirma que o SPY parece um pouco estendido, mas não recomenda a abertura de posições curtas, por acreditar que a acção de preços poderá lateralizar em vez de cair.
  • 02m47s O Nasdaq 100 (QQQ) fechou em máximos de 2016 (não em máximos históricos absolutos). O Sr. Shannon acha que o QQQ penetrou um nível de resistência importante nos $110, mas eu chamo a atenção para o facto de que o mesmo não aconteceu no $NDX. Esta divergência pode vir a revelar-se importante nas próximas sessões.
  • 03m43s O Russell 2000 (IWM) foi o índice mais forte esta semana, fechando com um ganho de 2,49% (WTD). Também aqui o Sr. Shannon entende que foi penetrada uma importante zona de resistência na casa dos $118, mas também aqui eu aviso que essa penetração é muito menos convincente no gráfico do $RUT. Em caso de queda dos preços, a primeira zona de suporte relevante deverá estar algures nos $119.
  • 04m32s O sector dos semicondutores (SMH) fechou em máximos históricos. O Sr. Shannon refere um máximo anterior nos $60,13, mas esse valor corresponde à versão não-ajustada do SMH. Em caso de correcção, o nível de suporte mais importante a ter em conta deverá estar algures nos $59.
  • 05m16s O sector das biotecnológicas (IBB) teve uma subida semanal mais modesta do que os anteriores (+0,52%) mas é líder em termos mensais (+5,90%). Para já, o preço das IBB parece estar a aguentar-se acima da média de preços ponderada por volume  traçada desde o início do ano (YTD - year-to-date). Ainda assim, o suporte nos $240 e a resistência nos $285 continuam a ser os níveis mais importantes a vigiar.
  • 06m05s Já as obrigações do tesouro americano a 20+ anos (TLT) parecem estar finalmente a digerir os ganhos recentes e foram as grandes perdedoras desta semana (-3,63%). O Sr. Shannon enfatiza que, para já,  estas quedas são normais dadas as subidas precedentes das TLT e quea tendência primária de subida permanece válida.

segunda-feira, 11 de julho de 2016

Mercados americanos: finalmente, as coisas estão a ficar interessantes!


      Hoje foi atingido um novo máximo histórico no S&P 500 ($SPX)! O máximo da sessão de hoje, ocorrido às 12h47m (hora local), foi de 2143,16 pontos, acima dos 2134,72 registados em Maio de 2015 e, mais importante, acima da resistência multianual (RMA) na casa dos 2125 pontos!


Isto quer dizer que o Bull Market foi retomado? Infelizmente, não! Para começar, houve uma pequena rejeição dos máximos da sessão de hoje, com a vela japonesa resultante a fazer um padrão de "estrela cadente" (shooting star), o que recomenda muita prudência. Além disso, há pelo menos mais três sinais de que devemos aguardar mais uns dias:
  1. Veja-se a clara divergência entre a acção de preços e o MACD, comparando a resistência ascendente que se formou recentemente (R) e a evolução do histograma em <1>.
  2. A RMA ainda não passou a suporte. É verdade que o $SPX fechou acima dela, mas é preciso que a rejeite de uma forma mais clara, constituindo-se o suporte.
  3. O volume (V) "secou" à medida que o índice subiu. É certo que este gráfico engana, porque a última barra apenas inclui a sessão de hoje e não as cinco barras da semana completa, mas o fenómeno da diminuição do volume também pode ser observado no gráfico diário do $SPX.
Quanto ao momento, o RSI rejeitou a zona dos 50% (seta verde mais à direita), mas isso não significa grande coisa... basta olhar para as outras setas nos últimos três anos para se perceber rapidamente que isso não implica uma subida continuada das acções.
Então e agora? Agora é esperar mais uns dias e ver se o índice continua a subir! Já esperámos vários meses até agora, portanto, não vamos descarrilar tão perto do fim da história! Afinal, a paciência é a maior virtude de um bom investidor...

Já agora, aqui fica uma breve análise do youtuber Charting ManDan que vai mais ou menos no mesmo sentido do que eu disse acima:

sábado, 9 de julho de 2016

Chris Ciovacco: «Estarão as acções prestes a disparar para cima?"


      Aqui fica o habitual vídeo semanal do Sr. Ciovacco. A mensagem central é a seguinte:



Alguns pontos de interesse do vídeo do Sr. Ciovacco:
  • 00m40s O Sr. Ciovacco começa por nos alertar para o facto de que, não obstante as subidas dos índices bolsistas na sessão de sexta-feira, os activos de carácter defensivo (ouro, prata, obrigações, etc.) não registaram quedas significativas. Pelo contrário, o ouro subiu (GLD, +0,60% sexta-feira, +1,64% semana), a prata subiu (SLV, +2,73% sex., +2,56% sem.) e as obrigações do tesouro americano a 20+ anos subiram (TLT, +1,53% sex., +1,28% sem.).
  • 02m04s O Sr. Ciovacco mostra-nos este interessante gráfico onde se mostra o crescimento anualizado do crédito concedido pelas instituições financeiras dos EUA:
 
  • Pode observar-se que o crescimento do crédito tem vindo a desacelerar desde a crise financeira de 2008, tendo passado de 9%/ano no início deste século para cerca de 3,5%/ano desde 2010. O Sr. Ciovacco explica, recorrendo a um artigo da autoria de Bill Gross (Janus Capital), que as economias mais alavancadas são precisamente aquelas que mais dependem da criação de crédito para a sua estabilidade e longevidade. Quando o sistema económico (e não os bancos centrais) deixam de conseguir gerar crédito suficiente, o crescimento económico real detém-se pode mesmo reverter, i.e. tornar-se negativo.
  • 03m54s O Sr. Ciovacco argumenta que esta desaceleração no crescimento anualizado do crédito se reflecte na liderença sectorial dos mercados. Como exemplo, ele cita o rácio XLB:TLT (sector dos materiais dividido pelas obrigações), no qual se pode verificar, olhando para o gráfico semanal correspondente, um claro Bear Market, não obstante as subidas dos principais índices da sessão de sexta-feira.
  • 05m26s O sector energético (XLE) também não retomou a anterior zona de suporte-resistência multianual na casa dos $70, com as recentes subidas a ficarem até abaixo dessa marca.
  • 05m48s O Sr. Ciovacco faz um exercício bastante interessante utilizando o gráfico do quociente entre as obrigações do tesouro protegidas contra a inflação (US treasury inflation-protected securities –TIPS, TIP:NYSE) e o fundo transaccionável (exchange-traded fund, ETF) que replica o rendimento das obrigações do tesouro americano com maturidade entre 7 e 10 anos, o IEF (IEF:NYSE). O exercício consiste em monitorizar a expectativa do aumento da inflação, através do gráfico da tendência de evolução do quociente supracitado: se o quociente subir, então os investidores estão a preferir TIP, o que significa que estão à espera que a inflação aumente. Por outro lado, se o quociente diminuir, isso significa que os investidores estão a preferir IEF, o que significa que estão à espera que a inflação se mantenha ou diminua.

    Ora, apesar o gráfico semanal do quociente TIP/IEF mostra uma clara tendência decrescente, com uma linha de tendência descendente válida e tudo, o que significa que os investidores não estão apostados numa subida da inflação nos próximos tempos. De resto, o Sr. Ciovacco alerta para o facto de que, historicamente, tanto as acções como as obrigações tendem a estagnar durante os períodos de inflação elevada, enquanto as matérias-primas tendem a subir. Moral da história? Na presente conjuntura, é preciso manter-se aberto a todas as formas e veículos de investimento, sob pena de perdermos a festa. 
  • 06m17s Comparando o gráfico diário do S&P 500 ($SPX) com o gráfico diário do quociente entre o S&P 500 as obrigações do tesouro americano ($SPX:TLT), observa-se uma divergência clara entre o índice e o quociente que já dura pelo menos desde o início de 2016.
  • 08m11s No entanto, é preciso ter presente que, durante a sessão de sexta-feira, o volume e a diferença entre avanços e recuos (breadth) dos componentes do principais índices foi significativamente maior do que noutras ocasiões (eu por acaso não concordo, mas aqui o especialista é o Sr. Ciovacco).
  • 09m22s Olhando apenas para os preços de fecho diário do compósito da NYSE ($NYA), constata-se que o preço final de sessão de sexta-feira é o mais elevado desde o Verão de 2015. No entanto, olhando para as velas japonesas completas (incluindo os máximos em cada dia), verificamos que a resistência na casa dos 10600 pontos permanece intacta.
  • 10m57s Quando se divide o $NYA pelas obrigações (TLT), obtemos um claro padrão de máximos e mínimos cada vez mais baixos, o que significa que o $NYA tem tido um desempenho pior do que as TLT.
  • 12m18s Olhando agora para o gráfico semanal do rácio entre o sector petrolífero (XOP) e o S&P 500 ($SPX), verifica-se que o quociente estagnou numa anterior zona de suporte  na casa dos 0,0175. Se a isto juntarmos o facto de que o momento (RSI) está a decrescer, então verificamos que as acções continuam perferíveis ao petróleo.
  • 12m58s As acções do sector financeiro europeu ($E1FIN) ainda não recuperaram das quedas que se seguiram ao Brexit. Com efeito, as recentes subidas foram muito modestas comparativamente aos ganhos do S&P 500 para o mesmo período.
  • 13m42s O sector da construção residencial (XHB) registou uma subida interessante na sessão de sexta-feira (+2,41% e +3,35% semana). No entanto, a história recente do fundo transaccionável XHB tem sifo marcada por várias penetrações bullish falhadas, o que nos deve deixar em alerta em relação aos presentes ganhos.
  • 16m22s As acções globais (ACWI) também registaram subidas importantes nas duas últimas semanas. Porém, a principal resistência a abater, na casa dos $57, permanece em jogo. Além disso, quando se olha para o rácio ACWI:TLT, os recentes rallies parecem bem menos impressionantes, com a tendência primária de descida a ficar bem evidente.

sexta-feira, 8 de julho de 2016

Mercados americanos: a análise semanal de Brian Shannon (67)


    Hoje tivémos uma grande dia para os touros! O S&P 500 ($SPX) fechou nos 2129,0 pontos, muito perto do máximo histórico registado em Maio de 2015 (2134,72 pontos). Ainda assim, o índice continua dentro do rectângulo de transacção multianual em que tem estado preso durante o último ano e meio.



Pontos-chave do vídeo do Sr. Shannon:

  • 01m03s Pode ver-se, no gráfico intradiário do SPY (15 em 15 minutos) que o ETF que replica o $SPX está a "cavalgar" a média móvel simples a cinco dias (MM 130), que já serviu como suporte a acção de preços duas vezes só esta semana. O Sr. Shannon aproveita para enfatizar novamente uma das suas máximas: «A partir de um movimento dos preços numa dada direcção qeu falha (Brexit), segue-se um forte movimento na direcção oposta!».
  • 03m30s O Nasdaq 100 (QQQ) também recuperou bem das quedas que se seguiram ao Brexit e está muito perto do máximo de 2006 ($111,14). No entanto, o Sr. Shannon alerta para a potencial resistência na casa dos $110, que poderá travar novamente a ascensão do QQQ.
  • 04m47s Já o Russell 2000 (IWM) parece ter penetrado, no seu gráfico diário, uma linha de tendência descendente (LTD) que se tinha formado a partir do início de Junho. O Sr. Shannon acha que podermos estar perante um padrão de "cabeça e ombros invertidos", um sinal fortemente bullish, com a LTD a formar a linha do pescoço. Caso ele tenha razão, o preço-alvo a atingir pelo IWM rondará os $122.
  • 06m29s Os semicondutores (SMH) estão a atravessar um período de grande volatilidade, mas o viés geral parece ser bullish.
  • 07m00s As biotecnológicas (IBB) penetraram finalmente a sua média de preços ponderada por volume (volume weighted average price - VWAP) traçada desde o início do ano (YTD - year-to-date), encontrando-se presentemente mais ou menos a meio do rectângulo de transacção entre os $240 e os $290 no qual têm transaccionado durante este ano.
  • 08m53s A Apple, Inc. (AAPL:Nasdaq GS) ganhou algum terreno durante esta semana, mas não tem um momento ascendente tão interessante quanto outras acções, como por exemplo...
  • 09m46s ...a Ambarella (AMBA:Nasdaq GS), que tem estado a subir fortemente desde meados de Maio.

Dados do emprego nos EUA (Junho de 2016)


     A economia norte-americana gerou mais 287 mil postos de trabalho no último mês. A taxa de desemprego dos EUA está actualmente abaixo dos 5%. A educação e os serviços de saúde foram os sectores em que foram criados mais postos de emprego (+59 mil). Os transportes e armazenamento foram os sectores que mais postos de emprego perderam (-9,4 mil).


Já agora, aqui fica também a evolução da taxa de desemprego nos EUA desde Julho de 2015:


quinta-feira, 7 de julho de 2016

E o grande vencedor de 2016 (pelo menos, até agora) é...


...o Ouro, pois claro! Segundo se pode ler aqui, o fundo transaccionável ligado ao metal precioso amarelo (GLD) tem registado recordes de afluência monetária  (entradas de capital), um total de 13,69 mil milhões de dólares em 2016, dos quais 2,86 mil milhões só desde 24 de Junho, o dia a seguir ao Brexit. É preciso recuar até ao "flash-crash" de 2011 para se encontrar tanto dinheiro a entrar no GLD.

Mas há mais. No gráfico semanal em baixo podem ver-se muitas coisas interessantes:



Desde logo, as médias móveis exponenciais do MACD têm estado, desde meados de 2013, a fazer mínimos mais baixos do que aqueles registados durante esse período, conforme se pode verificar observando a linha de tendência ascendente

Mas, mais importante, a acção de preços do GLD já fez, em termos semanais, dois máximos consecutivos mais elevados desde o mínimo de Dezembro de 2015 ($100,23), tendo hoje fechado nos $130,23, o que representa um ganho de 28,34% desde o início de 2016 (year-to-date, YTD).

Como se isto não fosse suficiente, parece haver suporte na casa dos $115 e o volume transaccionado aumentou consideravelmente durante as subidas (setas verdes). O índice de força relativa (relative strenght index - RSI) está acima dos 50% desde Janeiro, tendo inclusivamente encontrado suporte em meados de Maio (seta cor-de-laranja).

Moral da história? Se o S&P 500 voltar a cair, o ouro será, muito provavelmente, a melhor alternativa de todas!

terça-feira, 5 de julho de 2016

Se o Brexit vai ser assim tão mau para o Reino Unido...


...então porque é que a bolsa de Londres está no nível mais alto dos últimos 11 meses?



...Enquanto a bolsa de Frankfurt continua, pelo menos para já, a afundar-se?

Análise fundamental: S&P 500 vs. GAAP


      Eu já sabia que os ganhos das empresas norte-americanas estavam em queda mas, até ver este gráfico simplesmente brutal, não tinha ideia do quão grave era a sua divergência em relação à valorização da suas acções. No gráfico em baixo pode ver-se a evolução do maior índice bolsista norte-americano, o S&P 500 ($SPX) comparativamente aos lucros calculados de acordo com a metodologia GAAP (Generally Accepted Accounting Principles), que é actualizado pelo menos a cada três meses.



O que se observa é a queda continuada dos lucros das empresas do S&P 500 desde o primeiro trimestre de 2015, de volta aos níveis de meados de 2013. Entretanto, o $SPX permaneceu numa gama de valores entre os 1830 e os 2130 pontos (grosso modo). Aqui não há que enganar: nesta situação, ou sobem os lucros ou caem as cotações, mais trimestre, menos trimestre.

segunda-feira, 4 de julho de 2016

Bolsa portuguesa: o Bear Market perdura


    O nosso PSI-20 encontra-se presentemente a testar o anterior suporte multianual na casa dos 4500 pontos (limite superior da zona amarela). Se o teste falhar, o suporte passará a resistência, o que significa que as quedas deverão continuar. Mas mesmo que o índice ultrapasse esse suporte nos 4500 pontos, o mais provável é que volte a ser travado pela linha de tendência descendente multianual que vigora desde o início de 2014 e que se encontra presentemente na casa dos 4800 pontos:


domingo, 3 de julho de 2016

Chris Ciovacco: «Os gráficos revelam bastante acerca da saúde dos mercados»


     O volume de som do vídeo que o Sr. Ciovacco publicou esta semana está anormalmente baixo. No entanto, as suas observações são tão pertinentes como habitual.



Alguns pontos de interesse do vídeo do Sr. Ciovacco:
  • 02m04s Do ponto de vista dos fundamentais, há razões válidas para se estar bearish e bullish. Em relação ao caso bullish, o Sr. Ciovacco refere: os bancos centrais continuam a imprimir dinheiro e a comprar activos tóxicos, os EUA continuam a crescer (em termos de indicadores económicos), e a volatilidade devida ao  Brexit parece estar controlada.
  • 02m49s Já de uma perspectiva bearish, o Sr. Ciovacco alerta para a possibilidade de estarmos a atingir o pico do clico económico e que, por conseguinte, a política da FED tenderá a perder eficácia à medida que os dados económicos se deterioram. Por outro lado, a possibilidade de que o Brexit contagie outros países europeus continua em cima da mesa. E claro, há que ter sempre em conta que o Bull Market que começou em 2009 levou as cotações a níveis bastante elevados, com a valorização correspondente dos activos a estar muito estendida.
  • 06m28s O Sr. Ciovacco acredita que uma das razões pelas quais os mercados acabaram por responder tão bem ao Brexit é o facto de a FED ter as mãos atadas no que respeita ao aumento das taxas de juro. Apesar da estagnação dos principais índices americanos desde Maio de 2015, a FED manteve a taxa de juro nos valor de Dezembro de 2015 (0,5%), sendo que, em caso de recessão, não há praticamente nenhuma margem para a reduzir.
  • 13m25s Seja como for -e isto é que é realmente importante-, o maior índice norte-americano, o S&P 500 ($SPX) ainda permanece dentro do mega-rectângulo multianual. A própria FED reconhece que as acções estão presentemente sobrevalorizadas (o que, atenção, não significa que não continuem a subir!). O rácio preço-lucro estimado (forward PER), em particular, encontra-se actualmente num nível muito superior à sua mediana das últimas três décadas.
  • 19m11s o sector dos materiais (XLB) não recuperou tão bem das quedas que se seguiram ao Brexit e ainda está debaixo de uma linha de tendência descendente (LTD) traçada desde finais de Fevereiro de 2015.
  • 19m35s Porém, as obrigações do tesouro americano a 20+ anos (TLT) não recuaram. Pelo contrário, elas continuaram a subir, mesmo depois de os mercados terem recuperado das quedas que se seguiram ao Brexit, fazendo inclusivamente um novo máximo! 
  • 20m01s Esta divergência no desempenho dos dois títulos (XLB e TLT) fica ainda mais evidente se olharmos para o gráfico do seu rácio (XLB:TLT), que mostra uma clara preferência pelas obrigações, dada o canal de transacção descendente que o Sr. Ciovacco nos mostra. Mas o que é pior...
  • 23m39s ...é que essa divergência também se manifesta no S&P 500, mesmo depois das subidas da últimas semana! O rácio $SPX:TLT já fez dois mínimos multimensais consecutivos desde Junho de 2015, o que evidencia uma preferência, por parte dos investidores norte-americanos, das obrigações em detrimento das acções.
  • 26m12s As acções do sector financeiro europeu ($E1FIN) também não recuperaram das quedas que se seguiram ao Brexit, o que revela uma percepção acrescida do risco, por parte dos investidores.
  • 26m33s As acções globais ($FAW) também ficaram aquém dos níveis pré-Brexit. Isso ainda pode mudar nas próximas sessões mas, por outro lado, é preciso ter bem presente que as $FAW já fizeram dois mínimos consecutivos mais baixos só no último mês.

sábado, 2 de julho de 2016

Mercados americanos: a análise semanal de Brian Shannon (66)


    Como se esperava, o efeito Brexit desvaneceu-se com o desenrolar da semana. No S&P 500, estamos novamente em cima da zona de resistência multianual, entre os 2100 e os 2134,72 pontos (máximo histórico de Maio de 2015). No seu habitual vídeo semanal, o Sr. Shannon começa por confessar que poucas vezes viu uma acção de preços tão volátil como aquela que ocorreu esta semana. Eu digo que é natural, porque poucas vezes se vêem coisas como o Brexit!



Pontos-chave do vídeo do Sr. Shannon:
  • 02m07s As recentes subidas do S&P 500 (SPY) foram bastante fortes e é provável que a próxima semana (que apenas começa na terça-feira, porque segunda-feira é o Dia da Indepência dos EUA) comece com uma pequena consolidação. 
  • 03m05s Quando se olha para o gráfico semanal do S&P 500 (SPY), verifica-se que estamos num mega-rectângulo com quase dois anos. Quando os mercados passam tanto tempo a oscilar dentro de uma gama de valores tão próximos, o mais provável é assistirmos a um forte movimento dos índices... resta saber em que direcção.
  • 04m17s A situação é semelhantre no Nasdaq 100 (QQQ), embora o índice ainda não tenha recuperado os máximos de Abril. O Sr. Shannon acredita que a zona entre os $108 e os $109 pode actuar como resistência durante a próxima semana. Este cenário pode vir a dar origem a um padrão de "cabeça e ombros" invertido, um sinal fortemente bullish (ascendente). Mas ainda é cedo para saber neste momento, é preciso esperar mais uns dias.
  • 06m30s O Russell 2000 (IWM) parece ser presentemente o mais forte dos grandes índices, por ser o único que, durante as quedas devidas ao Brexit, ficou acima da sua média de preços ponderada por volume (volume weighted average price - VWAP) traçada desde o início do ano (YTD - year-to-date). O Sr. Shannon acha que é vital que a zona de suporte entre os $107,5 e os $110 resista durante as próximas sessões, confirmando a força ascedente do índice.
  • 07m36s O sector dos semicondutores (SMH) também tiveram uma boa semana, embora tenham fechado a sessão de hoje em queda. A zona de suporte a vigiar está algures entre os $55,75 e os $56. O Sr. Shannon sublinha no entanto que o potencial de subida dos SMH lhe parece inferior ao dos índices anteriores.
  • 08m45s O sector das biotecnológicas (IBB) voltou a encontrar suporte na casa dos $240, mas ainda só está a meio do intervalo em que tem transaccionado desde o início deste ano.O Sr. Shannon acha que o ideal seria que as IBB consolidassem durante a próximas semana, para ganhar força para romper a resistência na casa dos $270 e continuarem a subir.
  • 09m57s A Apple (AAPL:Nasdaq GS) continuaa ser uma acção "em sarilhos", uma vez que continua debaixo das principais médias móveis e também da VWAP (YTD).
  • 10m42s A Google (GOOGL:Nasdaq GS) parecia ter começado a semana a quebrar um suporte, mas acabou por subir rapidamente. A zona entre os $670 e os $675 parece ser constituir um importante suporte
  • 11m24s As obrigações do tesouro americano a 20+ anos (TLT) têm tido um desempenho espectacular nas últimas semanas, estando presentemente em máximos históricos. Em caso de correcção, o primeiro suporte óbvio surge aos $137,5.