terça-feira, 26 de agosto de 2014

S&P 500 atinge os 2000 pontos pela primeira vez na história


É um marco histórico: o índice Standard & Poor's 500, baseado na média ponderada das capitalizações de 500 grandes empresas (não necessariamente as maiores) listadas na NYSE e no NASDAQ, perfurou ontem (25-Ago-2014) a mítica barreira dos 2000 pontos:


O índice acabou por rejeitar o novo máximo, fechando um pouco abaixo, nos 1 997,92 pontos. Provavlemente, vai agora seguir-se um período de grande luta em redor da resistência nos 2000 pontos, com vários avanços e recuos, à semelhança do que aconteceu quando o S&P chegou aos 1000 pontos, há já uma década atrás.

No entanto, é preciso recordar que muitos dos especuladores que estão de férias durante os meses de Verão tendem a regressar em Setembro, havendo por isso algum potencial para que o S&P 500 permaneça acima dos 2000 durante o próximo mês. Por outro lado, os mercados americanos têm perdido muito volume desde o ínicio do presente Bull Market. O índice das small caps, o Russel 2000, tem dado sucessivos sinais de fraqueza nos últimos meses.

Para já, o Bull Market continua. Mas recomenda-se muita prudência aos investidores. O Touro já não parece ter a força de outrora...

domingo, 24 de agosto de 2014

Mercados americanos: a análise semanal de Brian Shannon (6)


Para os mais distraídos, os mercados americanos subiram durante a semana passada. Até eu, que tenho estado no "Cú de Judas", reforcei várias posições e até abri uma nova no ETF Market Vectors Semiconductor (SMH: NYSE) - ver porquê mais abaixo. Aqui fica a análise semanal de Brian Shannon. Aproveitem, o vídeo é bom e é grátis, coisa cada vez mais rara nos dias que correm...

domingo, 17 de agosto de 2014

S&P 500 SPDRs (SPY: New York Stock Exchange): diário e semanal


Para hoje, tencionava fazer uma análise do índice S&P 500, mas vou antes aproveitar dois gráficos feitos por Greg Harmon, autor do livro Trading Options: Using Technical Analysis to Design Winning Trades, da Wiley (ISBN-13: 978-1118679135 de 2014). Harmon usou o fundo transaccionável (ETF) S&P 500 SPDRs (SPY: NYSE). O SPY é um título muito líquido (EMA(60) = 94386616 transacções por dia), seguindo por isso o S&P 500 de uma forma muito fiável. Muitos analistas técnicos preferem até analisar o S&P 500 através do SPY, alegando que a observação da evolução do preço deste ETF incorpora as perspectivas dos investidores acerca da evolução futura dos mercados.

Vamos começar pelo gráfico da cotação diária:

Harmon presta grande atenção aos padrões das velas japonesas. Por exemplo, no artigo que hiperliguei no primeiro parágrafo, ele faz questão de dizer que "a semana começou com uma shooting star, seguida por uma doji, tendo depois o preço revertido para cima da MM(50)". Eu, como investidor a longo prazo, raramente ligo às velas diárias, concentro-me apenas nas semanais e só quando vejo situações realmente invulgares. É que as velas japonesas, quando observadas a muito curto prazo, prestam-se a interpretações que são muitas vezes subjectivas. Por exemplo, Harmon considera que a última vela do gráfico é uma bearish engulfing, mas eu discordo. O preço de abertura de uma bearish engulfing tem de ultrapassar o preço de fecho da vela bullish anterior e o preço de fecho de uma bearish engulfing tem de se inferior ao preço de abertura da vela bullish anterior. Ora, a vela da última Sexta-feira rejeitou os mínimos da sessão e fechou praticamente no msmo preço da vela anterior (a diferença foi de apenas uma centésima!), razão pela qual eu não concordo com Harmon.

Já em realção ao RSI e ao MACD dou razão a Harmon: ambos indicadores técnicos sugerem continuação das subidas. Vamos olhar agora para o gráfico semanal:

Harmon diz que o gráfico semanal está "mais bullish" do que o gráfico diário. Tendo a concordar, mas é importante observar que o MACD ainda está bearish, traduzindo um risco que não deve ser desprezado. O facto de o SPY ter reagido bem à LTA ascendente que vigora desde Outubro de 2012 é um sinal muito positivo para o SPY e, consequentemente, para o índice S&P 500. Vamos ver o que acontece na próxima semana...

sábado, 16 de agosto de 2014

Semicondutores: SMH e SOXL (diário e semanal)


Conforme prometi no tópico anterior, vou fazer uma breve incursão pelo sector norte-americano dos semicondutores. A razão para tal é simples: no presente ano de 2014, os semicondutores lideram os ganhos em bolsa nos mercados dos EUA, conforme se pode ver no gráfico em baixo, no qual estão representados os ganhos em percentagem três títulos: (1) o índice S&P 500 (a azul), (2) o ETF Market Vectors Semiconductor (SMH, a vermelho) e (3) o ETF alavancado Direction Daily Semiconductor Bull 3x Shares (SOXL, a verde).


Pode ver-se que os ganhos obtidos em 2014 pelo S&P 500 (6,02%) foram largamente superados pelos ganhos obtidos pelo SMH (18,03%) e, sobretudo, pelo SOXL (61,6%). Olhando apenas para este gráfico, o investidor médio ficaria tentado a abrir posições nestes títulos, dada a sua excelente performance ao longo deste ano.

No entanto, é preciso ter sempre bem presente a arte do pensamento contrário. Por outras palavras, aquilo está a dar pode muito bem já ter dado o que tinha para dar. Vamos por isso dar uma olhadela mais atenta a estes dois ETFs, para tentarmos inferir qual vai ser a sua tendência de evolução nos próximos meses.


Market Vectors Semiconductor (SMH: New York Stock Exchange)

O SMH é um fundo transaccionável (exchange-traded fund - ETF) constituído maioritariamente por acções de empresas norte-americanas, mas não só:


Entre o elenco de títulos, podem encontrar-se vários notáveis como a Intel Corp. (INTC: Nasdaq GS), a Micron Technology (MU: Nasdaq GS), a Nvidia Corp (NVDA: Nasdaq GS), a Advanced Micro Devices (AMD: NYSE) e uma das minhas apostas pessoais, a Texas Instruments (TXN: Nasdaq GS). A lista completa pode ser consultada aqui.

Ora, olhando um pouco para os fundamentais deste conjunto de acções, vamos tomar como referência as classificações atribuídas pela stockpickr. Sim eu sei, as agências de rating têm interesses próprios e tomar as suas avaliações como indicador fidedigno do valor das acções é muito perigoso. No entanto, nós vamos olhar para o conjunto de acções como um todo, não atribuindo particular importância a esta ou àquela acção. Compilei o resultado na tabela que pode ser visto em baixo:


Verificamos que o grosso dos componentes do SMH é constituído por recomendações de compra (92,78%), sendo que 68,90% correspondem a acções com elevado potencial de crescimento (classificação A). Ou seja, do ponto de vista fundamental, o SMH ainda não está caro. 

A próxima questão é saber se estaremos ou não num bom momento para comprar SMH. Ora, olhando para o gráfico diário, o momento não poderia ser melhor:



O PPO indica entrada longa, o CMF indica entrada longa, o volume transaccionado está em expansão, há um suporte nos $48 que fez ressaltar o preço para cima três vezes e o preço fechou bem acima da MM(50) na última sessão. É evidente que, nos mercados, nada é garantido, mas tudo no diário indica que está na altura de apanhar o comboio na SMH. Mas... e o semanal?



Pois é, aqui as coisas já não são assim tão claras. Por um lado, o preço tem reagido bem à MM(20), com a distância entre a MM(20) e a MM(40) em níveis muito saudáveis. Por outro lado, o PPO ainda não é conclusivo em relação a uma potencial inversão para cima. E o RSI (que por lapso não incluí no gráfico) continua muito próximo dos 70%. Portanto, abrir posições longas no SMH comporta um risco que não deve ser negligenciado.


Direction Daily Semiconductor Bull 3x Shares (SOXL: NYSE)

Conforme o próprio nome indica, o SOXL é um ETF alavancado cuja gestão pretende atingir 300% do índice de semicondutores de Filadélfia (SOX). Curiosamente, os principais componentes do SOXL não diferem muito dos componentes do SMH, com duas excepções importantes: (1) o SOXL é maioritariamente constituído por derivados do SOX. A maioria dos activos do SOXL não é transaccionado em solo americano, encontrando-se distribuídas por vários países de todo o mundo. A lista completa pode ser consultada aqui.




Isto faz com que o SOXL tenha um comportamento muito mais errático e imprevisível do que o SMH, o que se traduz num aumento significativo do risco associado à sua compra. Vamos então olhar para os gráficos, começando pelo diário:




O gráfico fornece alguns sinais positivos ao nível do PPO (histograma positivo e cruzamento entre a MME(12) e a MME(26)), mas o cenário está bastante mais feio do que o do SMH. O SOXL não recuperou tão bem das quedas que ocorreram em Julho e Agosto, encontrando-se presentemente abaixo da MM(50). A melhor aposta neste momento é aguardar que o preço volte a cruzar a MM(50) de baixo para cima e que, ao mesmo tempo, o CMF volte a ficar verde. Já no semanal, a situação é muito semelhante à anteriormente observada no SMH, razão pela qual se recomenda cautela. Recorde-se que o risco associado ao SOXL é bastante superior ao risco associado ao SMH.



Para concluir, faço notar que o SMH é um veículo de investimento (a ser detido a longo prazo), enquanto o SOXL é um veículo de especulação (a ser detido durante aqueles períodos em que se acredita que o título vai subir). Como eu apenas preconizo investir na bolsa, desaconselhando veementemente a especulação, a minha sugestão de compra fica-se pelo SMH. Sigam o SOXL na bolsa, mas deixem a sua compra para os profissionais. O risco é demasiado elevado para a maioria de nós, comuns mortais.

Mercados americanos: a análise semanal de Brian Shannon (5)


  Mais uma semana que passou, mais uma magnífica análise aos mercados dos EUA por parte do analista técnico Brian Shannon. Os mercados dos "states" estão novamente a subir e é altura de estarmos atentos a potenciais pontos de entrada e/ou reforço das posições. A próxima semana poderá ser interessante, à medida que o gráfico diário dos diversos índices se aproxima da média móvel simples a 50 dias.


Especial atenção aos semicondutores, que têm estado muito fortes este ano. Farei um postal acerca disso já a seguir.

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Sobre a Média Móvel Simples a 200 dias...

Muito, mas mesmo muito interessante este artigo da autoria de Greg Harmon, autor do livro Trading Options: Using Technical Analysis to Design Winning Trades, da Wiley (ISBN-13: 978-1118679135 de 2014):

«Uma das primeiras regras que se aprende em Análise Técnica (AT) é que, em geral, uma acção está bullish se o seu preço se encontrar acima da Média Móvel Simples a 200 dias¹. Esta regra faz sentido porque significa que, nos últimos duzentos dias, a tendência de evolução do preço tem sido ascendente². No entanto, a MM(200) providencia muita mais informação.

Por exemplo, temos em baixo um gráfico onde se pode ver a percentagem de acções do índice S&P 500 que se encontram actualmente acima da MM(200):

(N.B.: a resolução do gráfico no artigo original não está lá grande coisa, mas dá para perceber os conceitos)

Há vários aspectos que sobressaem no gráfico. Em primeiro lugar, a PA>MM(200)³ tende a atingir o seu valor máximo na gama entre os 90 e os 95%. Isto faz sentido porque é muito difícil encontrar todas as acções em modo bullish ao mesmo tempo e, à medida que PA>MM(200) se aproxima do seu limite (100%, linha horizontal grossa a cor vermelha no gráfico), torna-se cada vez mais difícil que o seu valor continue a aumentar.

Em segundo lugar, quando a PA>MM(200) retrocede, o seu valor tende a atingir mínimos cada vez mais elevados⁴. Esta situação atesta a força do presente Bull Market, pois indica que cada vez mais acções estão a cruzar a MM(200) e a permanecer acima dela.

Em terceiro lugar, a PA>MM(200) pode permanecer elevada durante longos períodos de tempo. Nos últimos 18 meses, a PA>MM(200) apenas caiu para valores abaixo dos 75% por três vezes. Primeiro no início de Fevereiro, depois em Abril e finalmente agora (Agosto).

Cada um destes fundos marcou um novo mínimo no índice S&P 500 (sobreposto a cor púrpura no gráfico) e um ponto de inflexão para novos máximos, o que nos leva ao ponto mais importante: cada fundo da PA>MM(200) desde 2009 tem sido um “sinal de compra” quando reverte para cima. Existem pelo menos 12 situações destas no gráfico acima.

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Notas do blogueiro:

(¹) Aqui no AnB, eu designo a Média Móvel Simples a 200 dias apenas por MM(200).
(²) Ou seja, como a MM(200) é a média dos preços de fecho dos 200 dias anteriores, o facto de o preço actual estar acima dela significa que a acção se tem valorizado nos últimos meses; não é por acaso que muitos analistas técnicos recomendam que se comprem acções quando a o preço cruza a MM(200) de baixo para cima, critério que eu até acho bom, mas manifestamente insuficiente, porque os aspectos fundamentais da empresa também devem ser considerados.
(³) Percentagem de acções que se encontram acima da MM(200).
(⁴) Por exemplo, os mínimos registados em 2012 andaram na casa dos 10-25%, os mínimos obervados em 2013 entre os 45% e os 50% e os mínimos verificados em 2014 entre os 60% e os 65%.
(⁵) Faço notar que o objectivo da Análise Técnica é temporizar a entrada e a saída do mercado, não é decidir quais as acções que devem ser compradas. Isso deve ser determinado com base nos rácios da Análise Fundamental (PER, PCB, EPS; RoE, RoA, etc.) e outros critérios de muito longo prazo. Eu, por exemplo, gosto de escolher acções de baixo PER, EPS crescente e alto RoE. Mas só compro uma acção quando, no gráfico semanal, a MM(20) cruza a MM(40) de baixo para cima.