quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Um dia muito interessante nos mercados americanos...


...mas, quanto a mim, manifestamente insuficiente para decretar o fim da correcção. Os mesmo comentadores me(r)diáticos que passaram os últimos dias a dizer-nos que estava tudo acabado estão agora eufóricos com as subidas de hoje. Já me pronunciei sobre este autêntico desfile de irracionalidade aqui

Seja como for, o S&P 500 registou a maior subida diária desde Outubro de 2013, uns espectaculares 1,96%, quebrando o ciclo de quedas das últimas sessões. Vale por isso a pena actualizar o primeiro gráfico do último postal e fazer o ponto da situação.

Em alternativa ao S&P 500, hoje vamos usar o fundo transaccionável (exchange-traded fund ou ETF)  S&P 500 SPDRs (SPY: NYSE) para fazer a nossa análise (mais adiante explicarei porquê). Em termos de traçado, os gráficos do  S&P 500 (índice) e do SPY (ETF) são basicamente a mesma coisa, podendo a cotação do SPY ser obtida dividindo a cotação do S&P 500 por 10 (grosso modo). Portanto, o gráfico do último postal pode perfeitamente ser comparado com este:

 
Por exemplo, as zonas amarela e cor-de-laranja são as mesmas do gráfico do postal anterior, a menos do tal efeito de escala (10x). Há no entanto uma diferença importante: o SPY exacerba os movimentos de volume, por feito da afluência ou do êxodo dos compradores que apostam exclusivamente nas subidas ou descidas do índice.

Mas vamos mas é ao que interessa, que é analisar a grande subida de hoje. Olhando apenas para a vela, uma quasi-marubozu com pequenas sombras, dá a impressão que a correcção terminou. Pura ilusão, por três motivos:

1. O preço já estava muito abaixo da Banda de Bollinger inferior, sendo por isso uma correcção ascendente perfeitamente natural e até expectável;

2. O CMF e o MACD continuam em zona negativa; no caso do CMF, há duas linhas de tendência descendente por quebrar; no caso do MACD, esta é a primeira aproximação ao sinal (MME(9)), sendo que as aproximações do MACD ao seu sinal, só por si, não são indicativas do fim das correcções, conforme mostram as estrelas azuis que eu desenhei sobre as correcções anteriores;

3. Há uma clara resistência por quebrar na casa dos $202 (2020 pontos no índice); foi essa resistência que despoletou a correcção anterior em finais de Setembro; além disso, essa resistência rejeitou o preço do ETF nas últimas três sessões.

E se além destes três motivos de natureza técnica juntarmos a declaração hoje emitida pela Reserva Federal, esta vela bonitinha poderá ser sol de pouca dura (o mercado reage irracionalmente às boas notícias, mas "volta quase sempre ao sítio" nos dias a seguir).

Bem... mas como saber? Nestas coisas dos mercados nunca há certezas, apenas probabilidades. Ora, eu publico semanalmente aqui no AnB as análises de um Senhor Analista que usa a média móvel a cinco dias num gráfico com resolução temporal de meia em meia hora. Sim, estou a falar do grande Brian Shannon. Na sua última análise (Sexta-feira, 13-Dez-2014), o Sr. Shannon mostrou-nos este gráfico do SPY (ver o vídeo dois postais abaixo):


E disse: «Perdemos a MM(65) na Segunda-feira [dia 8] e fizémos este padrão de máximos mais baixos e mínimos mais baixos, por baixo de uma MM(65) descendente. Isso deve manter-nos na defensiva.»

Ora, será que a situação descrita ainda se mantém? Para responder a esta questão fiz um gráfico semelhante àqueles que o Sr. Shannon nos costuma mostrar. A propósito, para aqueles que eventualmente não percebam como diabo é que a média móvel a cinco dias passa a ser uma média móvel a 65 períodos no gráfico, é simples: uma sessão normal dos mercados americanos dura seis horas e meia. Portanto, para cinco dias úteis em que os mercados abrem, temos:

5 dias x 6,5 horas x 2 meias horas por hora = 65 períodos

Vamos lá então ao tal gráfico:


O que temos aqui? O preço do SPY recuperou e fechou acima da MM(65), o que é um sinal positivo. No entanto, a MM(65) ainda está descendente, o que indica que ainda não chegou altura de abrir ou de reforçar posições.

Amanhã, no entanto, se as subidas se mantiverem, os mercados americanos podem voltar a tornar-se interessantes para os Touros. Vamos ver como corre a sessão, mas sempre com reservas!...

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