segunda-feira, 22 de novembro de 2021

Procura e oferta nos EUA (pimeiro semestre de 2021)


      O que isto significa é que ambas procura e oferta norte-americanas estão a crescer, mas a procura está a crescer muito mais rapidamente do que a oferta, expressa em termos da produção de bens. Este gráfico é coerente com o gráfico da posta anterior (rácio TLT:SPY), na medida em que indica que está em curso uma perda do poder de compra do dinheiro devido à inflação e, em consequência, um provável baixo desempenho dos activos de menor risco, entre os quais podemos encontrar as obrigações.
 

 
Igualmente relevante:

domingo, 14 de novembro de 2021

Sobre o papão da inflação de que tanto se tem falado ultimamente...


       Passaram-se mais de três anos desde a última vez que actualizei este blogue. Desde então, os maiores índices bolsistas dos EUA não pararam de subir, embora tenha havido uns "solavancos" durante os primeiros meses da pandemia covideira.

Porém, nos últimos meses, sugiram duas variáveis novas: (1) a Reserva Federal voltou a reduzir o seu programa de compra de activos; e (2) o valor da inflação nos EUA disparou. Já vimos, em ocasiões anteriores, que (1) não é necessariamente um problema, desde que os indicadores económicos de longo prazo se mantenham favoráveis. Mas o aumento da inflação nos últimos meses (2) é algo que merece a nossa atenção, sobretudo pela sua magnitude (ordem de grandeza).

Ora bem, diz a sabedoria da bolsa que uma das melhores formas de avaliar o impacto da inflação nas expectativas dos investidores é comparar o nível de compra de obrigações (actual) com o nível de compra de acções (também actual). O racional subjacente a esta ideia é que, à medida que a inflação sobe, tem-se observado uma tendência histórica, por parte dos investidores, de trocar as suas acções por activos com menor risco associado, como é o caso das obrigações (do tesouro, as obrigações emitidas pelas empresas são outra história). E assim, se os investidores estiverem a duvidar do desempenho futuro das acções devido ao aumento da inflação, haverá uma maior tendência para as venderem e adquirirem obrigações.

Uma das melhores e mais simples formas de verificar se isto está a acontecer (ou não) é olhar directamente para o rácio TLT:SPY. Como toda a gente deverá saber nesta altura do campeonato, o TLT é um fundo transaccionável em mercado (exchange-traded fund, ETF) que tenta replicar o desempenho das obrigações do tesouro norte-americano a 20 e mais anos. Já o SPY é um ETF que visa reproduzir o desempenho do maior índice bolsista do mundo, o S&P 500. Por conseguinte, se o rácio TLT:SPY estiver a aumentar, então isso indicará que estamos perante uma troca de acções por obrigações. Inversamente, se o rácio TLT:SPY estiver a diminuir, então as acções continurão a merecer a preferência dos investidores. Vamos lá então olhar para o gráfico:
 


 
O gráfico acima cobre o período entre 1 de Janeiro de 2016 (início do mandato do Presidente Trump) e 12 de Novembro de 2021. Como podem observar, o rácio TLT:SPY deu um enorme "salto" aquando do início da pandemia covideira (primeiro trimestre de 2020) mas, desde então, tem estado em declínio consistente.
 
Ou seja, para já, a evolução do rácio parece favorecer as acções em detrimento das obrigações. Nada garante, no entanto, que a situação não possa mudar nas próximas semanas. Mas, até mudar efectivamente, o melhor é ficarmos quietinhos e calminhos.