segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Ponto da situação 2018/02/26


      Conforme se pode ver no gráfico intradiário abaixo, em que cada vela corresponde a 30 minutos, o SPY (S&P 500) fechou hoje nos $277,9. Já só está a $8,73 do máximo histórico registado no passado dia 26 de Janeiro, que foi de $286,63.


Faço notar que o sector tecnológico está a recuperar bastante melhor das recentes quedas: o Nasdaq (QQQ) fechou hoje nos $170,40 e já só está $0,55 do seu máximo histórico de $170,95. Isso significa que podemos ter um novo máximo histórico no QQQ já amanhã! 😀


sábado, 24 de fevereiro de 2018

Mercados americanos: o comentário semanal de Chris Ciovacco (16)


      Agora que os mercados americanos parecem estar finalmente a recuperar das quedas do início deste mês de Fevereiro, chegou a altura de olharmos novamente para o mercado como um todo, i.e. de confrontarmos as perspectivas de lucro futuro nas acções com as perspectivas de lucro futuro nos veículos de investimento defensivos, obrigações e fundos de rendimento garantido (os metais preciosos ficam, para já, fora desta análise).

O motivo pelo qual é obrigatório fazer este exercício após cada correcção significativa dos índices bolsistas é que, quando o dinheiro sai da bolsa, é imprescindível percebermos se volta a entrar nas semanas seguintes ou se, pelo contrário, é aplicado noutros tipos de investimentos. Porquê? É simples: se o dinheiro volta a entrar na bolsa, i.e. é usado para comprar acções e ETFs¹, então as perspectivas de subidas das cotações bolsistas a médio e longo prazo mantêm-se inalteradas. Pelo contrário, se o dinheiro é usado para comprar obrigações, metais preciosos e outros activos de natureza defensiva, isso significa que o dinheiro está a sair das acções e dos ETFs, pelo que há um risco acrescido de o mercado deixar de subir a médio e longo prazo. Como dizem os norte-americanos, "follow the money", é preciso seguir o dinheiro!


Pontos de interesse do vídeo do Sr. Ciovacco:
  • 00m21s O Sr. Ciovacco começa o vídeo com o gráfico de que mais se tem falado no mundo financeiro nas últimas semanas, que é o gráfico da evolução da taxa de juro das obrigações do tesouro americano a 10 anos no mercado secundário, $TNX². Houve muita gente que apontou a recente subida desta taxa de juro como o gatilho que espoletou a recente correcção dos mercados -eu não acredito nisso, por motivos que ficarão claros a seguir. Como se pode ver no gráfico do $TNX, a taxa de juro das obrigações do tesouro americano a 10 anos atingiu o seu ponto mais elevado no início dos anos 80 e, desde então, tem estado numa tendência decrescente de muito longo prazo.
  • 01m01s O Sr. Ciovacco usa este gráfico do $TNX para explicar algo que, para o comum mortal, é bastante contra-intuitivo: quando as taxas de juro descem, a procura por obrigações aumenta. Porquê? Porque os investidores apressam-se a comprar obrigações antes que a taxa de juro desça mais, garantindo assim uma maior rentabilidade dos seus títulos. No mercado secundário, este efeito é ainda mais dramático, com os investidores dispostos a pagar mais por obrigações emitidas em anos anteriores (ver o exemplo que é dado no vídeo assumindo um investimento de $100 mil). Para quem achar que isto que eu estou a dizer está errado, deixo aqui um exemplo simples: até 2016, o governo português emitiu os  Certificados do Tesouro de Poupança Mais (CTPM), que tinham uma taxa de remuneração significativamente superior a qualquer um dos títulos obrigacionistas que passaram a ser disponibilizados ao público desde então. Ora, o pico da procura por obrigações em Portugal coincidiu precisamente com o fim dos CTPM, porque os investidores portugueses sabiam que os títulos de dívida que seriam emitidos a seguir teriam uma taxa de juro significativamente mais baixa, logo, uma remuneração inferior.

  • 02m20s Inversamente, quando a tendência das taxas de juro das obrigações é de subida, a procura por obrigações diminui, porque os investidores sabem que as obrigações tenderão a ser mais bem remuneradas no futuro do que no presente (veja-se o exemplo que o Sr. Ciovacco nos dá para um investidor com $100 mil no ano de 2016). É esta dicotomia entre taxas de juro e procura por obrigações que torna as dívidas soberanas dos países particularmente perigosas: quanto mais a taxa de juro sobe no mercado secundário, menos pessoas e instituições querem comprar títulos de dívida emitidos em anos anteriores, levando a situações como a que os portugueses viveram entre 2008 e finais de 2013.
  • 04m01s Portanto, retenhamos esta regra importantíssima: quando a tendência de valorização das taxas de juro das obrigações no mercado secundário é decrescente, a procura por obrigações aumenta; quando a tendência de valorização das taxas de juro das obrigações no mercado secundário é crescente, a procura por obrigações diminui.
  • 04m39s Ora, no presente momento (Fev-2018), as obrigações do tesouro americano parecem estar a inverter a sua tendência de descida a muito longo prazo. Olhando para o gráfico do $TXN, observa-se um duplo fundo multianual entre 2012 e 2017 e, se o $TNX cruzar os 30 pontos, poderemos entrar num ciclo ascendente de vários anos ou até várias décadas, i.e. numa tendência de valorização a muito longo prazo das taxas de juro das obrigações no mercado secundário. É isto que está a deixar, de acordo com os mé(r)dia financeiros, muitos investidores nervosos... a perspectiva de uma crise da dívida soberana norte-americana.
  • 07m47s O Sr. Ciovacco faz aqui um ponto importantíssimo. À medida que as taxas de juro das obrigações sobem, também os rácios preços-lucro das empresas tendem a subir e, com eles, a sua valorização bolsista ao longo do tempo. Tendo em conta que as taxas de juro das dívidas soberanas dos países industrializados atingiram um mínimo em 2016, é possível e até provável que as taxas de juro globais continuem a subir nos próximos anos e, com elas, os rácios preços-lucro dos mercados bolsistas mundiais. Aliás, desde que esse mínimo ocorreu, as acções têm ganhado terreno, enquanto as obrigações têm perdido terreno.
  • 15m07s Essa realidade fica perfeitamente demonstrada quando olhamos para o rácio entre o S&P 500 ($SPX) e as obrigações a 30 anos ($USB). Conforme se pode ver no gráfico em baixo, o desempenho do $SPX relativamente ao $USB foi superior entre 1978 e a "bolha das dot com", no início do ano 2000. Desde então, o rácio $SPX/$USB variou consoante os bull e bear markets da primeira década deste século, mas subiu consistentemente desde o ano de 2009, superando, em finais de 2017, o nível pré-"bolha das dot com", o que é um sinal bullish (ascendente) para o longo prazo.


  • 16m02s Também é interessante observar, no gráfico acima, que o rácio $SPX/$USB fez um padrão de "cabeça e ombros invertido" multianual entre 2000 e 2017, o que reforça a teoria bullish para os próximos anos. Atenção que isto não é uma previsão, estamos a falar de probabilidades, nos mercados nunca há certezas absolutas, a não ser entre os charlatães!
  • 16m43s O índice médio direccional ADX corrobora o que foi dito no parágrafo anterior, com um cruzamento multianual positivo (preto cruza vermelho de baixo para cima).
  • 18m08s O Índice Geométrico Value Line, um índice de cotações igualmente ponderadas de 1675 empresas listadas na bolsa de Nova-Iorque (NYSE), também superou recentemente o nível de valorização pré-"bolha das dot com", reforçando a hipótese bullish para as acções.
  • 34m40s Nenhum vídeo do Sr. Ciovacco acaba sem a habitual comparação do momento actual nos mercados com os momentos pré-crash. E, com efeito, a situação a longo prazo nos mercados mantém um viés francamente positivo, não obstante a recente correcção. Resumindo e concluindo: quem tem acções, deve mantê-las. Eu até aproveitei as recentes quedas para comprar mais!
_____________
(¹) - A abreviação ETF designa Exchanged-traded Fund, i.e. Fundo (de acções) Transaccionado em Mercado. Trata-se de um fundo que pode ser comprado e vendido como se fosse uma acção mas que, na prática, é constituído por várias acções e tem como objectivo replicar um determinado índice ou sector de mercado. Exemplos: o SPY é um ETF que procura replicar a evolução do índice S&P 500; o QQQ é um ETF que procura replicar a evolução do índice Nasdaq 100; o SMH é um ETF que procura replicar a evolução do sector dos semicondutores; o IBB é um ETF que procura replicar a evolução do sector das biotecnológicas, etc.

(²) - O valor facial do $TNX não representa a taxa de juro em si ($UST10Y) que é aproximadamente 10 vezes menor. No entanto, tal como o SPY segue o S&P 500, a evolução do $TNX em termos relativos segue a evolução da taxa de juro de uma forma muito aproximada, pelo que pode ser perfeitamente usado como proxy para análise.

Ponto da situação 2018/02/23 (fecho semanal)


     Aos poucos, a situação na bolsa americana vai melhorando, tal como eu disse que aconteceria. Como vimos na posta anterior, a possibilidade de o SPY ser empurrado novamente para baixo não estava excluída, mas o SPY acabou mesmo por fazer o que era mais provável: desceu até aos $270 (em rigor, $269,4) e depois voltou a subir, tendo fechado a semana acima da média móvel simples a cinco dias mms(65)* que, como podemos ver no gráfico intradiário em baixo, em que cada vela corresponde a 30 minutos, conseguiu manter um declive positivo nas últimas sessões:



No gráfico diário do SPY a situação também é promissora. Com efeito, o preço do SPY fechou a semana acima da média móvel simples a 50 dias, com o índice de força relativa (relative strenght index -RSI) a cruzar os 50% (fronteira bearish-neutral) e a média móvel de convergência/divergência (moving average convergece/divergence -MACD) a mostrar um cruzamento da curva preta e o sinal de baixo para cima (bullish crossing):




Resumindo e concluindo: o pior parece ter passado e tudo indica que o SPY vai continuar a subir na próxima semana, provavelmente fazendo novos máximos no início de Março. Atenção que isto não é uma previsão, estou a falar de probabilidade, não de uma única possibilidade.

________________________
(*) -Num gráfico com velas de 30 minutos, a média móvel a 5 dias corresponde a 65 períodos, porque:
6,5 h   x   2 velas/h   x   5 (dias) = 65 velas

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Actualização do gráfico feito pelo Brian Shannon publicado duas postas abaixo


Melhor cenário para a sessão de hoje: o SPY desce até à média de preços ponderada por volume (VWAP) traçada desde o máximo histórico de Janeiro (que está mais ou menos sobre os 50% da retracção de Fibonacci mostrada no gráfico) e volta a subir.

Cenário mais provável para a sessão de hoje: o SPY desce até ao conjunto de três VWAPs traçadas desde os mínimos de Fevereiro e volta a subir;

Cenário menos provável mas perfeitamente possível para a sessão de hoje: o SPY desde rapidamente até à zona dos 38,2% da retracção de Fibonacci, os traders/investidores entram em pânico e o preço continua a cair durante o resto da sessão. Se isto acontecer, o SPY poderá descer novamente até ao mínimo registado no dai 9 de Fevereiro, ou hoje ou nos próximos dias.



Até agora tudo bem...


      Hoje o SPY desceu novamente até à média móvel a cinco dias, conforme se pode ver no gráfico abaixo, em que cada vela corresponde a 30 minutos. a média móvel referida tem um declive positivo, pelo que as subidas recentes têm maior probabilidade de continuar do que de inverterem o seu sentido.

O ideal era agora que o preço voltasse a subir na sessão de amanhã, confirmando a reversão da tendência descendente. Atenção que não estou a a dizer que é isso que vai acontecer, apenas que é provável e que seria desejável que acontecesse. Mas na bolsa nada é garantido! Vamos aguardar pacientemente para ver o que acontece mesmo...


quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

Dois gráficos do SPY, um feito por mim, outro feito pelo grande Brian Shannon


     À hora a que escrevo esta posta, o SPY está a falhar o primeiro assalto à média móvel simples a 50 dias desde que a presente correcção se iniciou. Ainda assim, há razões técnicas para estarmos optimistas. Desde logo, o preço do SPY está acima da média móvel simples a 5 dias (mms 65) que, conforme se pode ver no gráfico abaixo, está finalmente a adquirir um declive positivo:




Mas nem tudo são rosas. Este segundo gráfico, da autoria do grande Brian Shannon, mostra-nos que o SPY está acima de três médias de preços ponderadas por volume (volume weighted average price ou simplesmente VWAP), mas está abaixo de outras médias de preços ponderadas por volume igualmente importantes:



Qualquer uma dessas três VWAPs, 30-Jan, 26-Jan e YTD (year-to-date, i.e. desde o início do ano), pode servir de resistência e voltar a mandar o SPY novamente para baixo. A acontecer, não será grave, porque a tendência primária (meses a anos) continua a ser de subida e é isso que eu -e muitos outros- estamos convencidos que voltará a acontecer mais semana, menos semana.

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

Sobre as três últimas sessões nos mercados americanos...


Então, gostaram? Não foi giro? 😀 Como assim, nãããoooo??? 😝 



A verdade é que -e eu fui avisando várias vezes nas postas que fiz nos últimos meses- era apenas uma questão de tempo até isto acontecer. Os mercados bolsistas funcionam mesmo assim: quanto mais tempo sobem, mais rápido descem a seguir! Já usei esta comparação aqui no AnB em ocasiões anteriores, as cotações da bolsa de valores são como os terramotos em zonas de falha sísmica: quanto mais tempo passa sem haver terramotos, mais forte tende a ser o terramoto quando ocorre finalmente!

Mas indo ao encontro daquilo que é realmente importante: o que é que a acção de preços dos últimos três dias significa para o presente Bull Market? A resposta é: para já, absolutamente nada! Este tipo de correcção, apesar da velocidade invulgar da queda das cotações -que é justificada pela duração das subidas precedentes- é perfeitamente normal. Ainda nem sequer descemos  até à média móvel simples a 200 dias e até é bem possível que não cheguemos a descer tão baixo. Até sexta-feira, tudo pode acontecer. O que importa não é tanto o gráfico acima, que é diário, mas sim o gráfico que se segue, que é semanal:


Vêem aqui algum Bear Market iminente? Ainda não, pois não? Então ganhem mas é juízo, mantenham a cabeça fria e deixem de dar ouvidos aos profetas da desgraça, aos vendedores de metais preciosos e aos imbecis da CNBC, da Bloomberg e de outros grandes mé(r)dia financeiros! Lembrem-se que essa malta da TV por cabo garantiu-nos que a economia do Reino Unido ia colapsar a seguir ao Brexit e que a vitória do Presidente Trump significava o fim do presente Bull Market!

Aviso no entanto que ainda há espaço para muitas sessões de queda nas próximas semanas, por isso aproveitem para comprar! Não, não estou a gozar, é precisamente isso o que eu tenciono fazer nos próximos dias, à medida que as valorizações estabilizarem. O que é que eu quero dizer com "estabilizarem"? Atente-se no gráfico intradiário abaixo:


Neste momento, a média móvel simples a cinco dias -mms(65)- associada aos preços de fecho do SPY tem um declive claramente negativo. Enquanto ela não voltar a ter um declive positivo e o preço do SPY fizer um mínimo acima dessa -mms(65)- com declive positivo, as quedas da cotação deverão continuar. Mas se acontecer algo deste género:


...aí sim, poderemos pensar em voltar a comprar ou em reforçar posições novamente. Aqui no "As Crónicas da Bolsa" não pensamos a curto prazo, pensamos a muito longo prazo (anos). E para aqueles que estiverem cépticos em relação a esta abordagem, recomendo vivamente que releiam esta posta de 2014. Na altura, toda a gente dizia que Bull Market tinha acabado... tal como estão a dizer hoje!

E se mesmo assim preferirem vender as vossas acções, OK, façam como bem entenderem, mas daqui a um mês voltamos a falar! 😉