sábado, 30 de maio de 2015

Mercados americanos: a análise semanal de Brian Shannon (39)


Na segunda-feira foi feriado nos "states". Na terça-feira o mercado abriu em forte queda com o índice volatilidade do S&P 500 ($VIX) a romper novamente os 14 pontos. Na quarta-feira os mercados recuperaram, mas o S&P 500 fechou abaixo do máximo do dia anterior. Na quinta-feira, as quedas continuaram e o mercado acabou mesmo por fechar negativo no final de sessão de hoje. Para tornar o panorama ainda mais surreal, os semicondutores (SMH) subiram quase de 3,5%!

E agora?... Agora, está na altura de ouvirmos o melhor analista técnico acutalmente no YouTube, porque depois de uma semana destas é mesmo preciso dar ouvidos a quem sabe:



Modo actual: tendencialmente bullish, mas com fortes probabilidades de novas quedas de curto (alguns dias) ou até de médio prazo (a próxima semana poderá ser negativa).

[01m18s]: na semana anterior (18-23 Maio), o S&P 500 (SPY) tinha conseguido penetrar e fechar acima da resistência nos $212. Mas, na Terça-feira de manhã, ocorreu um forte "gap" para baixo, seguido de um "rally" até essa zona de resistência que, desta feita, voltou a impedir a progressão das cotações. Ao mesmo tempo, o declive da a média móvel a cinco dias inverteu-se no gráfico intradiário (10 em 10 minutos), indicando uma possível continuação das descidas. O SPY começou então a fazer mínimos e máximos consecutivos cada vez mais baixos, confirmando a presente correcção.

A tendência ascendente primária continua intacta, mas a próxima semana poderá trazer novas quedas. Há um claro suporte nos $208, mas o Sr. Shannon acredita que o preço pode descer mais do que isso, até aos $207, onde se encontra presentemente a Média de Preços Ponderada por Volume (Volume Weighted Average Price- VWAP).

[03m01s]: na quarta-feira, o Nasdaq 100 (QQQ) atingiu um novo máximo histórico de fecho ($ 110,96). No entanto, vai ser difícil manter o ímpeto durante a próxima semana tendo em conta o estado geral dos outros índices (com tendência descendente). Em caso de nova descida, a zona de suporte a ter em conta situa-se entre os $108,75 e os $109,5.

[04m08s]: o Russell 2000 (IWM) também perdeu terreno, mas continua acima da fortíssima resistência na casa dos $120 que deteve a progressão do IWM durante todo o ano de 2014. O Sr. Shannon diz que seria desejável que o preço não descesse abaixo da zona de suporte entre os $123,5 e os $124. A partir daí, as quedas podem mesmo acelerar e voltar a haver um novo teste ao suporte/resistência multianual ($120). Outra possibilidade é que o preço apenas recue até à Média de Preços Ponderada por Volume (Volume Weighted Average Price- VWAP), que está presentemente na casa dos $121,5. Vale bem a pena ter bem presentes as palavras do Sr. Shannon: "a nossa função no mercado não é prever o que vai acontecer, é antecipar cenários e estar preparados para a sua ocorrência".

[06m37s]: os semicondutores (SMH) tiveram finalmente uma grande semana depois de terem andado a marcar passo em Março e em Abril (muito por culpa dos maus resultados da Texas Instruments). Infelizmente, a subida desta semana foi tão pronunciada que o mais provável é que o preço recue um pouco durante a próxima semana, para assim consolidar e diminuir a distância face às médias móveis principais. caso isso aconteça, a zona de suporte a vigiar situar-se-á entre os $58 e os $58,5 (anteriores resistências). A tendência ascendente primária continua, ainda assim, absolutamente incontestada, assim como os fundamentais.

[07m48s]: o sector financeiro (XLF) volta a estar com mau aspecto. O preço não recuperou das quedas acentuadas de segunda-feira, fazendo novos mínimos e máximos cada vez mais baixos. Ainda mais grave do que isso, a média móvel a cinco dias inverteu-se no gráfico intradiário (10 em 10 minutos). O Sr. Shannon diz que não vê vantagem em apostar no XLF, tanto para cima como para baixo. Eu já venho dizendo isso há meses (basta ver as análises anteriores para verificar). A coisa é tão simples quanto isto: há uma resistência muito forte nos $26. Enquanto ela não for penetrada e passar a suporte, o melhor é ficar bem longe do sector financeiro.

[08m29s]: as acções da Apple, Inc. (AAPL: Nasdaq GS) perderam algum terreno durante esta semana e a média móvel a cinco dias -MM(65)- tem agora um declive descendente. Nestas condições "não há qualquer vantagem em ser um comprador", diz-nos o Sr. Shannon, que acredita que esta situação se manterá enquanto o preço não voltar a ultrapassar a fasquia dos $132. Salienta-se no entanto que os gráficos diário e semanal da Apple permanecem "bullish".

[09m14s]: depois de umas subidas muito interessantes no início do mês de Maio, a chinesa AliBaba Holding Group, Inc. (BABA: NYSE) parece estar agora a ser travada pela Média de Preços Ponderada por Volume (Volume Weighted Average Price- VWAP), a cor-de-laranja no gráfico do vídeo. A esse respeito, o Sr. Shannon partilha connosco mais uma grande pérola de sabedoria -um dia ainda hei-de fazer um grande postal com todas estas pequenas pérolas: "Sempre que ouço as pessoas a dizer o que é uma acção vai fazer, fico muito desconfiado! Ninguém sabe ao certo o que é que uma acção vai fazer e esta atitude diz-me que essas pessoas têm uma ligação emocional para com a acção." Isto, caros leitores, é a arte do pensamento contrário cristalizada!

[10m38s]: o gráfico da GoPro, Inc. (GPRO: Nasdaq GS) mostra um desenvolvimento muito semelhante ao da BABA e o Sr. Shannon volta a brilhar: "Buy the rumour, sell the news", um velho adágio dos mercados, comprar durante os rumores e vender quando finalmente sai a notícia, numa alusão ao lançamento de um novo produto por parte ad GoPro. A acção ainda tem potencial de subida, mas está a fazer um claro padrão de máximos e mínimos sucessivos mais baixos, devendo por isso ser evitada nas próximas sessões.

[11m39s]: as obrigações do tesouro americano a 20+ anos (TLT) têm perdido terreno desde o início do ano (-2,55% YTD) e o Sr. Shannon aproveita para nos salientar um ponto que poucos analistas técnicos levantam: a evolução da Média de Preços Ponderada por Volume (Volume Weighted Average Price- VWAP) desde um determinado evento, a cor-de-laranja no gráfico do vídeo. Neste caso, o evento em causa é a sessão do dia 13 de Janeiro de 2014 (2014 e não 2015, estamos a falar numa resolução temporal de muito longo prazo, i.e. de vários meses). Nesse dia, 13-Jan-2014, teve início um impressionante "rally" multimensal que levou as obrigações do tesouro americano a 20+ anos dos $ 97,45 aos $ 137,38 (+40,97%!!!). Ora, essa VWAP serviu de suporte às TLT durante os últimos meses de Abril e Maio, tendo o preço ressaltado para cima depois de lhe tocar. A tendência de longo prazo ainda é descendente, mas este forte ressalto deve deixar os investidores em alerta.

[12m56s]: na semana passada (18-23 Maio), o Sr. Shannon tinha alertado para o facto de a eBay, Inc. (EBAY: Nasdaq GS) parecer ser uma boa candidata a subir novamente. Com efeito, a acção está em novos máximos históricos. Aliás, eu já não olhava para o gráfico da EBAY há uns meses e confesso que fiquei surpreendido pela positiva. No entanto, vou ter que fazer algum trabalho de casa e olhar para os fundamentais de empresa antes de avaliar uma possível compra. Talvez faça um postal sobre isso nos próximos dias.

domingo, 24 de maio de 2015

Mercados americanos: a análise semanal de Brian Shannon (38)


Hoje não tenho tempo para olhar com mais detalhe para análise semanal do Sr. Shannon e fazer os pontos-chave habituais. Seja como for, aqui fica o vídeo:

Mercados americanos: a análise semanal de Joseph Hentges (7)


Hoje não tenho tempo para olhar com mais detalhe para análise semanal do Sr. Hengtes e tecer os comentários habituais. Seja como for, aqui fica o vídeo:

S&P 500: a análise semanal de Greg Harmon (8)


Hoje não tenho tempo para traduzir a habitual análise semanal de Greg Harmon ao maior índice norte-americano. Por conseguinte, vou deixar aqui apenas os gráficos e a previsão geral, assim com a hiperligação para o texto original em iglês dos EUA para quem quiser saber tudo.

SPY:NYSE, gráfico diário:


SPY:NYSE, gráfico semanal: 

Previsão geral para a próxima semana: continuação da tendência ascendente.

domingo, 17 de maio de 2015

Mercados americanos: a análise semanal de Joseph Hentges (6)


O Sr. Shannon voltou a baldar-se esta semana (acho que lhe vou começar a chamar "Baldas" Shannon). Portanto, vamos ter que nos conformar com as análises de outros.

Os mercados accionistas dos EUA continuam a perder momento, enquanto o Euro continua a ganhar cada vez mais terreno ao Dólar. Aqui fica mais uma análise semanal de Joseph Hentges que chama a atenção para o valor invulgarmente baixo do índice direccional médio (Average Directional Index - ADX) dos diferentes índices.


Os vídeos do Sr. Hentges são tipicamente muito longos, razão pela qual me é impossível fazer "pontos-chave" com o mesmo nível de detalhe que faço habitualmente para os vídeos do Sr. Shannon. Seja como for, aqui ficam algumas observações dignas de registo:

[00m59s]: o Dow Jones Industrial Average (DJIA) terminou a semana positivo, mas o Sr. Hentges alerta para um pequena divergência no Índice Direccional Médio (Average Directional Index - ADX). Eu ainda não acho essa divergência minimamente preocupante, mas o Sr. Hentges já anda nisto há mais anos que eu, por isso, fica o alerta.

[01m19s]: o S&P 500 ($SPX) fechou pela primeira vez acima dos 2120 pontos, mas o Sr. Hentges chama atenção para a vela japonesa de sexta-feira, em padrão "homem enforcado" que, de acordo com as suas palavras, está um pouco mais "doji".

[02m57s]: o Sr. Hentges acha que há grandes probabilidades de a sua  cunha ascendente no compósito de Nasdaq ($COMPQ) ter sido quebrada para baixo e que poderemos ter a confirmação dessa quebra negativa durante a próxima semana.

[03m34s]: curiosamente, a situação no compósito da NYSE ($NYA) é exactamente oposta, com o índice a cruzar a sua  cunha ascendente para cima e a fechar em máximos históricos (11 228,35 pontos). O sr. Hentges é extramemento cauteloso: "veremos se esta força vai continuar ou não", diz ele.

[04m02s]:o Russell 2000 ($RUT) não conseguiu superar a sua média móvel a 50 dias -MM(50)-, com a vela japonesa de sexta-feira a fazer um padrão de "homem enforcado", semelhante ao do S&P 500 mas muito mais negativo. Uma nota importante: o Sr. Hentges diz que as velas japonesas das últimas sessões parecem estar a desenhar um pendente/bandeira "bearish". Confesso que não estou lá muito convencido mas, mais uma vez, ele anda nisto há mais tempo do que eu.

[04m53s]: quanto aos gráficos semanais (a meu ver, o ponto forte das análises do Sr. Hentges), realço o sguinte:
  • todos os índices (ainda) se encontram dentro da sua respectiva cunha ascendente;
  • no entanto, o Índice Direccional Médio (Average Directional Index - ADX) está extremamente baixo; ora, como o ADX traduz a força da tendência vigente, valores muito baixos indicam um enfraquecimento drástico da tendência; pior do que isso, valores muito baixos do ADX tendem a ser sucedidos por subidas ou descidas muito rápidas, com o Sr. Hentges a apostar mais no segundo caso.

[08m31s]: o índice de Arms para a NYSE ($TRIN) está agora numa zona mais neutro (fecho 0,98) depois de ter feito um máximo (1,98) no dia 5 de Maio. É um sinal de indecisão. Já o índice de volatilidade do S&P 500 ($VIX) andou em sentido contrário (12,38 fecho) e fechou abaixo do suporte semanal (12,5) mas ainda acima do suporte diário (12,0). O Sr. Hentges acha que o $VIX poderá estar a preparar-se para subir, mas também podemos assistir a um processo de consolidação durante as próximas sessões.

[09m43s]: o indicador de novos máximos - novos mínimos da NYSE ($NYHL) registou uma ligeira subida que não impressiona o Sr. Hentges, porque há uma clara tendência descendente que vigora desde Março. O mesmo é válido para o oscilador de McClellan ($NYMOT), cujo gráfico fez um novo máximo bem abaixo dos máximos de Abril.

[11m31s]: As obrigações de "juro elevado" (HYG) têm estado a lateralizar, mas teimam em quebrar uma linha de tendência ascendente (LTA) que vigora praticamente desde o início do ano. Já as obrigações do tesouro americano a 20+ anos (TLT) continuaram a cair este semana e, apesar de terem encetado uma recuperação interessante na sexta-feira, continuam abaixo da média móvel simples a 200 dias -MM(200). No entanto, há alguma margem para um pequeno "rally" de correcção durante as próximas sessões.

[13m12s]: o dólar americano ($USD) voltou a desiludir está agora sob o último suporte significativo antes da queda livre (93). O Sr. Hentges acredita na continuação das quedas e até determinou um preço-alvo de 91,8 com base numa retracção de Fibonacci.

[14m02s]: o petróleo (USO) está num ponto muito interessante -sobretudo se olharmos para o gráfico semanal que o Sr. Hentges infelizmente não mostra. A anterior resistência nos $20 foi penetrada e passou seguidamente a suporte, estando, para já, aguentar bem. Podemos estar perante um processo de consolidação e, se assim for, o petróleo deverá continua a subir nas próximas semanas.

[14m43s]: em relação ao ouro (GLD), o Sr. Hentges vem com uma conversa que, muito sinceramente, é chinês para mim, uma vez que eu nunca estudei a Teoria das Ondas de Elliott. Seja como for, tendo a concordar com a sua conclusão, que é "podemos vir a ter um rally de correcção". Não concordo no entanto com o objectivo que ele traçou (ponto "a" no gráfico). Parece-me excessivamente optimista.

[16h58s]: os semicondutores (SMH) estão a lutar com uma resistência na casa dos $57 desde finais do mês de Abril. Em caso de ruptura dessa resistência, teremos um ponto de entrada interessante, com a ressalva de que ainda há dois máximos anteriores por superar, $57,88 e $58,47.

[17h31s]: o sector da construção civil residencial (XHB) foi animado pela descida das taxas de juro a longo prazo (em rigor foi uma não-subida, mas vai dar ao mesmo) e recuperou daquilo que estava a ameaçar transformar-se num topo duplo, estando novamente acima da média móvel simples a 50 dias. Há no entanto uma forte resistência nos $37 e é muito provavelmente para lá que o preço do XHB se vai dirigir nas próximas sessões.

[18m24s]: o sector financeiro (XLF) também parece estar finalmente a recuperar, apesar de ter sido rejeitado pela resistência nos $24,75 durante a sessão de sexta-feira. Enquanto essa resistência não for ultrapassada, não vale a pena acreditar em festas.

[19m02s]: as biotecnológicas (IBB) voltaram a subir, mas muito mais modestamente do que em ocasiões anteriores. O Sr. Hentges chama a atenção para a vela "doji" na sessão de sexta-feira (sinal de indecisão por parte dos investidores/especuladores). Para além disso, o volume transaccionado diminui bastante desde finais de Março. Já o sector energético (XLE) segue um padrão semelhante ao do petróleo (USO) mas mais vincado, i.e. as quedas foram mais pronunciadas. Há um suporte claro nos $80 mas, dependendo da evolução do petróleo, poderá não aguentar nas próximas sessões.

[21m59s]: a Goldcorp (GG) parece estar atrasada em relação à sua matéria-prima, o outro (GLD). Com todas as médias móveis de longo e médio prazo negativas, o melhor é mesmo mantermo-nos afastados, mas vigilantes.

[22m23s]: a Newmont Mining (NEM) está bastante mais "bullish", com uma anterior resistência na casa dos $27 a servir agora como suporte. Não obstante, o Sr. Hentges diz que os seus indicadores técnicos de eleição (ADX, DI e RSI) estão em divergência, o que indicia a possibilidade de haver quedas nas próximas sessões. A tendência de longo prazo na NEM é, não obstante, positiva.

[23m55s]:  a Freeport McMoran (FCX) tem feito máximos e mínimos consecutivos mais altos desde Janeiro e o Sr. Hentges acha que o potencial de subida desta acção poderá não estar esgotado.

[25m15s]: Finalmente, a Silver Wheaton (SLW) parece estar a acumular pressão compradora e poderá vir a subir em breve. O Sr. Hentges avisa no entanto que não devemos esperar um movimento tão forte quanto aquele que ele prevê para as acções ligadas ao ouro.

Nota: como o blogger limita o número total de etiquetas a 20, tive de deixar de fora o SMH.

quarta-feira, 13 de maio de 2015

A sabedoria de Peter L. Brandt (5)


   Aqui ficam alguns excertos do livro «Diary of a Professional Commodity Trader» (2011), da autoria de uma das maiores lendas-vivas da arte da especulação, o gigante Peter L. Brandt. A tradução, da minha autoria, é aproximada. Além disso, acrescentei algumas notas para enriquecer ainda mais o texto. Texto original entre aspas e a cor preta, comentários do blogueiro a cor verde.


  V. Sinais de transacção: as "linhas de gelo" (1)

«O aspecto mais importante na identificação de uma oportunidade de transacção é a detecção de um sinal, evento ou momento para actuar. (…) A incerteza em relação à determinação desse sinal é um pecado mortal. É por esta razão que eu recomendo aos novatos que, antes de passarem para o trading real, pratiquem primeiro numa folha de cálculo ou numa conta de simulação.» 
p. 55 


[N.B.: uma advertência quanto às contas de simulação: por experiência própria, sei que as contas de simulação são um engodo destinado a caçar os papalvos. Sob o pretexto de nos deixarem experimentar a sua plataforma de simulação, as correctoras aproveitam para nos assediar diariamente, que por email, quer por telefone, até que finalmente cedamos e aceitemos assinar um contracto para aceder uma conta de transacção real. Se acabaram de chegar à bolsa, fiquem-se pela folha de cálculo. No mínimo por um ano, idealmente por dois. A regra de ouro é tão simples quanto isto: na vida, não há almoços grátis. No mundo financeiro, nem sequer há cervejinhas ou cafezinhos grátis. Tudo se paga mais tarde ou mais cedo, sobretudo o saber e a experiência!]


«Identificar uma penetração é bastante mais complicado do que simplesmente observar a violação da fronteira de um padrão. Todos os padrões são compostos por máximos e mínimos intermédios. São precisamente estes pontos que definem os parâmetros das linhas de fronteira. Para termos uma penetração válida, é necessário que o preço penetre também o mínimo ou o máximo mais recente da fronteira. O ideal é mesmo que o preço penetre o nível de preço mais alto ou mais baixo de toda a fronteira.»
p. 58



Este gráfico do para cambial GBP/USD ilustra o que o Peter L. Brandt quer dizer: as duas linhas do triângulo simétrico constituem a fronteira: a linha superior, com declive descendente, liga os 2,0397 pontos aos 2,0153 pontos. O máximo dessa fronteira é portanto 2,0397. Da mesma forma, a linha inferior une os 1,9353 pontos aos 1,9363 pontos. O mínimo dessa fronteira é pois 1,9353. Já agora, o Sr. Brandt não utiliza médias móveis, mas repare-se atentamente no que aconteceu ao declive da média móvel a quarenta semanas (ou a 200 dias, 5 x 40, representada no gráfico a cor azul escura) ao longo da figura de reversão (triângulo simétrico). No concerne à linha inferior do gráfico acima, o Sr. Brandt salienta:


«Eu chamo à fronteira inferior a linha de gelo, numa tentava de tentar traduzir a ideia que, tendo o preço rompido essa barreira, o ideal será que o preço não volte mais aos níveis de valorização anteriores. A linha de gelo é pois análoga à camada de gelo que reveste um lago no Inverno: acima da linha, o gelo impede uma pessoa ou veículo de cair pare dentro do lago; mas uma vez quebrada, a camada de gelo passa a constituir uma barreira à sua sobrevivência.»

sábado, 9 de maio de 2015

Mercados americanos: a análise semanal de Brian Shannon (37)


Depois de se ter baldado na semana passada, o grande Brian Shannon regressa hoje com mais uma análise aos principais índices e fundos transaccionáveis (exchange-traded funds, ETF) dos "states".



Modo actual: tendencialmente bullish, sendo também provável que os preços lateralizem ou até recuem um pouco durante a próxima semana (sim, eu sei, mas pouco mudou nas últimas semanas...)

[00m33s]: o S&P 500 (SPY) continuou a lateralizar, começando a semana a subir, descendo na Terça-feira e na Quarta-feira e voltando a recuperar nos últimos dois dias, estando novamente próximo dos máximos históricos. Há uma resistência por quebrar na zona entre os $212 e os $212,5, com o suporte de curto prazo ligeiramente abaixo dos $211. Já no médio prazo, há uma zona onde podemos encontrar a Média de Preços Ponderada por Volume (Volume Weighted Average Price- VWAP) em conjunção com a média móvel simples a 100 dias -MM(100). Essa zona corresponde, grosso modo, aos $207 e é aí que devemos colocar a nossa ordem stop de médio prazo. De resto, o Sr. Shannon é muito claro: "ainda estamos num óbvio Bull Market", apesar dos fracos ganhos registados em 2015.

[01m57s]: apesar de ter terminado a semana no vermelho, o Nasdaq 100 (QQQ) mostra uma clara sequência de mínimos cada vez mais altos, formando uma linha de tendência ascendente (LTA) bem definida. Ainda assim, o declive da média móvel a 5 dias -MM(65)- continua descendente, o que nos deve deixar cautelosos. Em caso de recuo do índice, a zona de suporte a ter em conta situa-se entre os $107,5 e os $108.

[03m57s]: já no Russell 2000 (IWM), a situação é um pouco mais delicada. Se, por um lado, o índice terminou a semana positivo, é preciso ver que havia uma LTA no gráfico diário que foi convincentemente quebrada no final de Abril. O preço permanece abaixo dessa LTA e também de uma importante zona de suporte (agora quebrado) entre os $123,5 e os $124. Até subirmos novamente acima dessa zona, não é recomendavel abrir ou reforçar posições no IWM.

[05m03s]: os semicondutores (SMH) foram o pior sector da semana e fecharam negativos. E o que é pior, a sua penosa lateralização/consolidação ainda não tem fim à vista. O SMH foi bastante influenciado pelos resultados da Texas Instruments, inc. (TXN) que foram fortemente penalizados pela valorização do dólar nos últimos meses. O Sr. Shannon acha que é preciso que o SMH suba acima da resistência nos $57,25 e que essa resistência passe depois a servir como suporte para podermos voltar a apostar nos semicondutores. A azona de suporte a vigiar entretanto deverá andar pelo intervalo entre os $55 e os $55,25.

[06m16s]: o sector financeiro (XLF) surpreendeu pela positva, fazendo um "gap" ascendente bastante interessante (fecho: $24,76), mas ainda assim abaixo dos máximos de Março ($24,78) e sobretudo dos máximos de Dezembro ($25,05). A zona de suporte a vigiar situa-se entre os $23,75 e os $24. O Sr. Shannon recomede ficar de fora até que a forte resistência na casa dos $24,75 seja penetrada. Eu sou ainda mais prudente e recomedo considerar apenas os $25,0 como "gatilho" para uma potencial entrada ou reforço.

[07m01s]: as acções da Apple. Inc.(AAPL: Nasdaq GS) recuaram bastante após a divulgação de resultados mas, ainda assim, permanecem acima da sua média móvel a 50 dias -MM(50). O Sr. Shannon acha que "não há vantagem em estar na AAPL neste momento". Ele não diz no vídeo, mas eu acho que o nível de suport mais importante deverá andar na casa dos $120, por já ter servido de resistência Novembro, Dezembro e Fevereiro, e de suporte a partir de Março.

[07m10s]: as obrigações do tesouro americano a 20+ anos (TLT) têm estado a cair desde que a zona de suporte na casa dos $127,5 cedeu em finais do mês de Abril. Apesar de haver potencial para uma recuperação a médio prazo, o declive das principais médias móveis está muito negativo e não parece muito recomendável apostar na sua subida continuada.

[07m58s]: a chinesa AliBaba Holding Group, Inc. (BABA: NYSE) deu finalmente sinais de vida, depois de os resultados do primeiro trimestre de 2015 (Q1) terem superado as expectativas. Ainda assim, o Sr. Shannon está cauteloso, enfatizando que, depois do forte "gap" ascendente, o preço foi rejeitado pela Média de Preços Ponderada por Volume (Volume Weighted Average Price- VWAP). Isto significa que a BABA precisa de consolidar durante mais uns tempos antes de poder subir de forma consistente. O suporte a vigiar corresponde ao mínimo da vela de "gap", em redor dos $85.

[09m22s]: a Amazon.com Inc.(AMZN: Nasdaq GS) parece estar a querer dar continuidade às subidas recentes, apresentando uma pequan formação arrendondada acima da zona de suporte entre os $415 e os $420.

[10m00s]: o Sr. Shannon acha que a Saint Jude Medical, Inc. (STJ: NYSE) se encontra num momento interessante, depois de ter feito um grande "rally" seguido de consolidação. Eu não sei nada sobre a acção ou os seus fundamentais, mas o Sr. Shannon acha que poderá ser interessante comprá-la, desde que uma ordem stop seja colocada ligeiramente abaixo dos $70. Antes disso, recomenda que esperemos que o preço suba acima da zona entre os $73 e os $73,25.

[11m00s]: finalmente, a Tesla Motors (TSLA: Nasdaq GS) tem tido um bom desempenho desde que anunciou uma nova gama de baterias solares para uso doméstico. No entanto, a acção precisa de superar a zona de resistência na casa dos $240 para nos dar uma prova de força mais convincente.

sexta-feira, 1 de maio de 2015

EUR/USD @FXEmpire (4)


Tempos difíceis no par cambial EUR/USD. Depois de ter feito um mínimo anterior mais alto do que o mínimo imediatamente precedente (um sinal de alarme para o qual eu chamei a atenção aqui), este rácio subiu rapidamente, acabando por penetrar a média móvel simples a cinquenta dias -MM(50)- e, apenas dois dias depois, a poderosa resistência na casa dos 1,1 com uma facilidade perturbadora.


Há quem culpe a falha monumental das previsões do crescimento do PIB norte-americano (apontava-se para 1% este trimestre, mas os números reais ficaram-se pelos 0,2%). Mas eu acho que há aqui mais alguma coisa: não é apenas o dólar que se recusa a subir, o euro também não está a cair tanto quanto se previa.

Como é evidente, isto não augura nada de bom. Ter três sinais destes (mínimo mais alto, penetração da MM(50) e penetração da resistência) em tão pouco tempo é grave, sobretudo numa altura em que a análise fundamental e todos os analistas técnicos mainstream (incluindo o autor deste vídeo) apontavam para a continuação das quedas. E o que é pior, as más notícias ainda não ficam por aqui. Quando olhamos para o gráfico diário desde os máximos do ano passado, vemos que temos um claro duplo fundo com potencial para se transformar num "cabeça e ombros" invertido, num padrão que se assemelha bastante àquele que vimos no PSI-20 no início do ano e ao qual se seguiu uma série de subidas impressionantes.



Perante uma força ascensional desta magnitude, os fundamentais servem de pouco. Ficar indefinidamente à espera que o preço volte a descer poder vir a revelar-se uma estratégia suicida. O que fazer então? Eu antevejo dois cenários:

1. o EUR/USD continua a subir mas esbarra na primeira linha de tendência descendente (LTD) que se pode ver no gráfico (a primeira a contar da MM(50) para cima, obvimente). Se isto acontecer, o potencial padrão de "cabeça e ombros" invertido será, em princípio, invalidado. E as quedas deverão ser retomadas.

2. o EUR/USD continua a subir e penetra a LTD referida no parágrafo anterior. Neste caso as coisas ficarão realmente muito feias e o melhor será mesmo fechar posições, salvaguardando pelo menos alguns dos ganhos acumulados desde Maio de 2014.

Como reza qualquer livro sobre mercados financeiros, os índices bolsistas podem permanecer irracionais durante muito tempo, mesmo quando os fundamentais são absolutamente claros. Quanto a mim, a decisão de manter certas apostas durante certos períodos só porque "não deveria ser assim" é um erro que já cometi no passado e que não voltarei a repetir. Como diz o grande Brian Shannon, "only price pays", i.e. "só o preço compensa".