terça-feira, 30 de setembro de 2014

S&P 500 (diário) 30-Set-2014


O Brian Shannon não publicou a sua habitual análise semanal aos mercados americanos e a análise do Greg Harmon também não foi inteiramente do meu agrado, razões pelas quais não publiquei nenhuma delas aqui. A verdade é que os principais índices americanos têm estado a corrigir e ainda não se vislumbra perspectiva de recuperação para os próximos dias. Nesse sentido, o melhor a fazer é mesmo ficar de fora da bolsa e esperar por melhores dias... a menos que tenham posições de muito longo prazo, como eu tenho. Nesse caso, só vos resta ter paciência e sofrer. É a vida de investidor!

Entretanto, aqui fica um gráfico diário do S&P 500:


Pontos-chave do gráfico: tanto o PPO como o CMF indicam fortes probabilidades de continuação das quedas. Estou por isso convencido que o S&P 500 deverá descer, numa primeira fase, até á zona que pintei a cor amarela, entre os 1950 e os 1960 pontos. É também para essa zona que conflui a LTA ascendente que vigora desde Abril, razão pela qual acredito que o índice poderá voltar a subir a partir daí.

No entanto, também é perfeitamente possível que o índice continue a cair a partir dessa zona. Se isso acontecer, teremos uma situação bastante feia, porque só há mais duas zonas de suporte até à MM(200), uma nos 1930 e outra nos 1910 pontos. Não vamos, no entanto, sofrer por antecipação. Vamos antes aguardar pacientemente pelo final da semana, para ver o que acontece até lá. Lembrem-se: apesar da manifesta fraqueza das small caps, a tendência principal de longo prazo dos três maiores índices (S&P 500, Nasdaq 100 e DIJA) mantém-se fortemente bullish. Ora, diz a sabedoria dos mercados que "apostar contra a tendência é como mijar conta o vento". Portanto, o melhor é mesmo ficarmos de fora. Deixem as apostas nas quedas para os profissionais.

sábado, 20 de setembro de 2014

Vinte diferenças entre a forma de pensar dos ricos e a da classe média

Por Warren Buffett, via A-24 

«Este artigo foi baseado no livro “best seller” americano “HOW RICH PEOPLE THINK”, de Steve Siebold. O autor passou mais de 30 anos pesquisando os hábitos dos ricos e comparando com a forma de pensar da classe média. Ele percebeu que existe um abismo na forma de pensar e na maneira como as classes educam seus filhos. 

Abaixo 20 maneiras como a classe média pensa diferente dos ricos:

1- A classe média acha deselegante falar sobre dinheiro, os ricos acham importante falar sobre dinheiro. 

Comentário do blogueiro #1: é por isso que os ricos acumulam dinheiro, enquanto a classe média apenas consegue, na melhor das hipóteses, manter o seu poder de compra.

2- A classe média foca em economizar, os ricos focam em ganhar. 

Comentário do blogueiro #2: ver o meu primeiro comentário.

3- A classe média acredita que educação formal e certificações é o caminho da riqueza, os ricos acreditam que conhecimentos específicos e atitudes é o caminho da riqueza. 

Comentário do blogueiro #3: ou seja, os ricos percebem que ter algo que os outros não têm é uma mais-valia para a vida e para o negócio, enquanto a classe média apenas tenta emular aqueles que têm sucesso. O problema da classe média é que tentar reproduzir o sucesso dos outros só resulta enquanto houver procura, no mercado de trabalho, da profissão e certificação que eles detêm. Não se pode ser advogado num país onde só há advogados, ou professor num país onde não há crianças, ou engenheiro num país sem obras públicas, etc.

4- A classe média gasta mais do que tem para parecer rica, os ricos gastam menos do que tem para continuarem ricos. 

Comentário do blogueiro #4: isto porque os ricos percebem que o dinheiro, todo e qualquer dinheiro, tem a potencialidade de gerar ainda mais dinheiro quando investido de forma sensata. Já os pobres gastam dinheiro para parecerem ricos porque, mais uma vez, procuram emular o sucesso dos ricos, sem perceberem que o estatuto social adquirido pelos ricos é muitas vezes a consequência calculada de terem abdicado de certas frivolidades e privilégios algumas décadas antes.

5- A classe média acha que começar um negócio é arriscado, os ricos acreditam que ter um emprego é arriscado.

Comentário do blogueiro #5: esta será talvez a diferença mais importante. Os ricos não aceitam depender de terceiros, eles decidem ser os únicos senhores do seu próprio destino.

6- A classe média fica esperando que alguém que lhe dê uma oportunidade, os ricos acreditam em criar suas próprias oportunidades. 

Comentário do blogueiro #6: ver o meu comentário anterior.

7- A classe média muda toda hora de objectivo, os ricos possuem objectivos claros com datas definidas. 

Comentário do blogueiro #7: por outras palavras, os ricos têm metas bem definidas  e tencionam atingi-las num prazo bem definido. A classe média não define metas específicas e vai deixando que "a vida siga o seu curso" normalmente.

8- A classe média trabalha por dinheiro, fazem o mínimo possível e odeiam o que fazem, os ricos trabalham por satisfação, dão o seu melhor e se divertem com o que fazem. 

Comentário do blogueiro #8: é a velha máxima segundo a qual para se ser bom nalguma coisa, é preciso gostar a sério do que se faz.

9- A classe média acredita que é necessário ter dinheiro para ganhar dinheiro, os ricos acreditam que você pode usar o dinheiro de terceiros para ficar rico. 

Comentário do blogueiro #9: convencer os outros a investir no nosso negócio é uma arte que não é para todos, é um facto.

10- A classe média pensa em maneiras de ficar rica da noite pro dia, os ricos sabem que ficar rico é um processo.


Comentário do blogueiro #10: outra diferença muito importante. Eu diria que a classe média não percebe o conceito de capitalização, nem planeia os seus investimentos para o muito longo prazo. Ficar rico, mesmo muito rico, é um processo que leva décadas. A menos, é claro, que se roube um banco ou se ganhe o euromilhões.

11- A classe média acredita que os ricos tiveram sorte ou alguma vantagem que eles não tiveram, os ricos sabem que sua vantagem foi trabalhar duro. 

Comentário do blogueiro #11: aqui tenho de discordar, pelo menos em parte. Não é só trabalhar duro, é trabalhar duro e bem. Não falta na classe média quem trabalhe duro, o problema é que o seu objectivo é apenas completar as tarefas de que foi incumbido. Não chega. É preciso identificar oportunidades, investigar, antever cenários e estimar probabilidades. É essa a diferença entre ser um burro de carga e um investidor.

12- A classe média adora ficar na zona de conforto, os ricos buscam conforto na zona de desconforto. 

Comentário do blogueiro #12: é outra velha máxima dos investimentos, "sem risco acima da média não há retorno acima da média".

13- A classe média tem medo de arriscar seu dinheiro e jogam para não perder, os ricos tomam riscos calculados e jogam para ganhar. 

Comentário do blogueiro #13: esta também está incompleta. Não há nada de errado em adoptar uma estratégia conservadora para uma parte do nosso dinheiro (depósitos a prazo, obrigações, etc.) desde que se tenha outra parte para voos (riscos) mais altos. Só os malucos arriscam tudo, mas quem quer ser rico tem que estar disposto a arriscar alguma coisa.

14- A classe média acredita que os ricos amam dinheiro, os ricos acreditam que a classe média ama muito mais, pois tem medo de arriscar e investir. 

Comentário do blogueiro #14: ver o meu comentário anterior.

15- A classe média acredita que o dinheiro muda as pessoas, os ricos acreditam que o dinheiro só revela quem as pessoas já são. 

Comentário do blogueiro #15: ou, como eu gosto de dizer, é o dinheiro que distingue os homens dos rapazes (ou as mulheres das raparigas, se preferirem).

16- A classe média acredita que dinheiro os deixará felizes, os ricos sabem que dinheiro não traz felicidade, somente dá liberdade de escolhas que favorecem a felicidade. 

Comentário do blogueiro #16: neste caso discordo. Acho que o problema da classe média é precisamente ter sido demasiado formatada pela sociedade e condicionada pelos valores da humildade e pelo mito de que "o dinheiro não traz a felicidade" (major league bullshit!). A verdade é que o dinheiro só não traz a felicidade se for pouco. Quem tem dinheiro só não resiste à morte e à doença.

17- A classe média acha que tem que escolher entre ter uma boa família e ser rico, os ricos sabem que você pode ter os dois. 

Comentário do blogueiro #17: óbvio. Quem tem dinheiro pode praticamente escolher a mulher que quiser, pôr os filhos a estudar na escola que quiser, pagar os tratamentos médicos e medicamentos que a família precisar, etc.

18- A classe média acha que para ganhar dinheiro você tem que sacrificar sua saúde, os ricos sabem que saúde é uma consequência de seus hábitos, mas que dinheiro pode salvar sua vida. 

Comentário do blogueiro #18: ver o meu comentário anterior.

19- A classe média acredita que dinheiro é a origem de todos os males e que favorece corrupção, os ricos acreditam que a falta de dinheiro é a origem de todos os males e que favorece corrupção.

Comentário do blogueiro #19: neste caso, parece-me que a verdade está algures a meio caminho.

20- A classe média sonha em ter dinheiro suficiente para se aposentar, os ricos sonham em ter dinheiro o suficiente para mudar o mundo. 

Comentário do blogueiro #20: talvez alguns, Sr. Buffett, mas nem todos. Uma das maiores lições que a vida me ensinou é que há muita gente cujo motivo maior para acumular dinheiro é ver nele a forma derradeira de afirmação da sua superioridade perante o mundo. Não há nada de mal em ser rico, mas também não vamos dourar a pílula e sugerir que a maior parte dos ricos só quer ter dinheiro por motivos nobres. Obviamente, isso está longe da verdade...

Mercados americanos: a análise semanal de Brian Shannon (10)


  Chegámos a mais um fim-de-semana e isso significa que  podemos ver mais uma boa análise do grande Brian Shannon. As small caps continuam a marcar passo mas, mais uma vez, Shannon aconselha os investidores e traders a tratarem cada mercado de forma independentemente. É um conselho que aprovo an generalidade, embora recomende prudência à tendência global de todos os mercados em conjunto. É que, mais de um século depois, a venerável Teoria de Dow continua a merecer o meu respeito. Por outras palavras, num verdadeiro Bull Market, os diferentes índices sobem em conjunto. Se um um dois índices ficarem para trás, não é grave. Mas se a maior parte dos índices ficar para trás, então é altura de apertar as stop loss e evitar novos reforços ou entradas.


Convém ainda prestar especial atenção ao conselho de Shannon relativamente à recém-estreada Ali Baba (BABA: NYSE): esperem que ela desenvolva durante uns tempos antes de abrirem posições. Lembrem-se que não são só os fundamentais que contam, a tendência é igualmente importante.

domingo, 14 de setembro de 2014

S&P 500 SPDRs (SPY: New York Stock Exchange): diário e semanal (2014/SET/12)


Vou voltar a aproveitar mais uma boa análise de Greg Harmon, autor do livro Trading Options: Using Technical Analysis to Design Winning Trades, da Wiley. Escreveu Harmon:

«O SPY desceu na sessão de Terça-feira, tendo depois consolidado numa gama curta em torno da MM(20). O gráfico diário mostra indícios de que este movimento descendente poderá continuar. O RSI está a fazer mínimos cada vez mais baixos enquanto o cruzamento das MMEs do MACD indica fortes probabilidades de termos mais descidas na próxima semana. As Bandas de Bollinger estão a começar a estreitar, o que indica que deverá ocorrer um movimento do preço nos próximos dias.



Já o gráfico semanal mostra uma forte tendência ascendente que foi interrompida por um pequeno decréscimo durante a última semana. O preço está agora perto da LTA principal, tendo o RSI e o MACD a decrescer, o que significa que poderá haver um teste a essa LTA nas próximas sessões.


Há zonas de suporte nos 199 e nos 198.3 pontos, seguidas pelos 196.5 e 195 pontos. Já as resistências acima encontram-se nos 200 [2000 no S&P 500] e nos 201.40, com uma extensão de Fibonacci nos 202.78 e um Movimento Medido até aos 210. Consolidação com possível retracção da tendência ascendente.»

Vou só fazer uma pequena adenda à análise de Harmon, incluíndo a percentagem de acções do índice S&P 500 que se encontram presentemente acima da MM(200):


Pode ver-se que a referida percentagem recuou significativamente ao longo da última semana, mais um indicador de que as quedas deverão, em princípio, continuar durante os próximos dias.

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Mercados americanos: a análise semanal de Brian Shannon (9)


Depois de várias semanas de subidas, os mercados estão finalmente a corrigir. Essa é a minha modesta opinião... e também a do grande Brian Shannon, que no-la oferece em mais uma das suas belíssimas análises semanais:

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Berkshire Hathaway, Inc. B (BRKB: New York Stock Exchange) - Diário, 11/SET/2014


De tempos a tempos, alguém me pergunta: "se apenas pudesses comprar uma acção, qual seria a tua escolha"? Por incrível que pareça, a resposta não me suscita quaisquer dúvidas. Transacciono em bolsa desde 2005 e só há uma acção que mantive até hoje desde o primeiro dia, mesmo durante a crise financeira de 2008: a Berkshire Hathaway, Inc. B.

"Como?" Perguntarão alguns dos meus leitores. "Então uma das regras mais sagradas dos mercados financeiros não é precisamente nunca se apaixonar por uma acção?" É sim, respondo eu. Mas eu não me apaixonei pela acção, apaixonei-me pela fantástica gestão do Warren Buffett e da sua administração, traduzidas no gráfico que vos apresento a seguir:



No dia 16 de Abril de 1980, a BRKA (acções classe A) transaccionava a uns "míseros" $245. Hoje, pouco mais de 34 anos depois, a acção fechou a $206 850. É uma subida de 84 328,6%, correspondendo a cerca de 22,65% ao ano. Ou, posto de outra forma, uma pessoa que tivesse comprado 10 acções da BRKA em 1980 teria gastado $2450... e hoje teria uns assombrosos $2 068 500. Números verdadeiramente incríveis.

Tão incríveis que hoje em dia, só mesmo os muito ricos podem dar-se ao luxo de comprar uma acção da BRKA, que nunca chegou a fazer um stock split. É por isso que eu, como a esmagadora maioria dos mortais, apenas transacciono BRKB (acções classe B). Mas a taxa de crescimento do preço é mais ou menos idêntica nos dois casos, A e B. Só este ano (desde Janeiro), a BRKB já valorizou mais de 15%. Por comparação, o SPY (ETF) avançou "apenas" 9,68%. E o ano ainda não acabou!...

Há activos que valorizam mais do que 22,65% num ano? Há, sim. Mas não conheço nenhum que tenha valorizado 22,65% ao ano durante três décadas seguidas. Enquanto o velho (Warren Buffett) for vivo, eu vou continuar a comprar BRKB.

Vamos lá então olhar para o gráfico diário:


A acção subiu bastante durante o mês de Agosto, tendo sido travada pela resistência na casa dos $138. O momento ascendente parece estar agora a esgotar-se, à medida que o PPO e o CMF recuam, anunciando uma correcção. Infelizmente, a BRKB tende a permanecer numa gama de valores bem definida durante vários meses, acumulando pressão compradora até "explodir" numa ascensão que, tipicamente, costuma ser curta (algumas semanas). Foi isso o que aconteceu entre Abril e Agosto.

O que quer isto dizer? Que o melhor por agora é deixar assentar a poeira e esperar que o preço volte a aproximar-se da MM(50). Uma entrada neste momento seria provavelmente perder dinheiro, pelo menos a curto e a médio prazo. Daqui a umas semanas votlaremos a falar...

domingo, 7 de setembro de 2014

S&P 500 SPDRs (SPY: New York Stock Exchange): diário e semanal (2014/SET/05)


Vou voltar a aproveitar esta boa análise de Greg Harmon, autor do livro Trading Options: Using Technical Analysis to Design Winning Trades, da Wiley. Afinal, se alguém já fez o trabalho por mim e até o fez bem, porque havia eu de o repetir? Diz Harmon:
 
«A sessão da última Sexta-feira terminou com o S&P 500 em novos máximos. O que é que isto nos diz sobre a semana que se aproxima? Vamos olhar para os gráficos:


O SPY teve ambos touros e ursos em confronto novamente durante a última semana. Primeiro foram os ursos com o segundo "hanging man" ¹ e depois uma bearish engulfing com um spinning top que confirmou a descida dos preços.²

Mas a Sexta-feira mostrou uma sessão forte [para os touros], fechando em máximo históricos. A excitação dissipa-se um pouco se olharmos para a semana como um todo e tendo presente o contexto da consolidação em torno dos $200 (2000 pontos no S&P 500). No gráfico diário, o RSI está forte³ na zona bullish e o MACD está a estabilizar, mas ainda bullish.

Já no gráfico semanal, a vela doji fará com que alguns apostem num topo de mercado. Mas uma doji traduz indecisão, não reversão, podendo o preço prosseguir em qualquer uma das direcções. Neste prazo, o RSI está forte e bullish, com o MACD a cruzar para cima:


[Ainda] Não há resistência acima, mas pode inferir-se um alvo de $202,78 como uma extensão de 150% seguido de um movimento medido até aos $208 e a extensão de 161,8% até aos 213,39. O suporte poderá estar na casa dos $200 e $199, seguido pelos $198,3 e $196,5. Consolidação a curto prazo com viés ascendente.

_________________

Notas do blogueiro:

(¹) Note-se que dia 1 de Setembro foi feriado nos EUA; portanto, só tivémos quatro sessões, correspondentes às últimas quatro velas no gráfico.
(²) A forma como Harmon interpreta algumas das velas japonesas citadas é algo discutível, mas aceitável para o propósito desta análise.
(³) Eu diria até que o RSI está demasiado forte, tendo tocado já a fronteira dos 70% por duas vezes; com uma força assim, tanto pode continuar a subir como espatifar-se logo na Segunda-feira.
(⁴) Coisa que eu acho que nunca, mas NUNCA, se deve fazer. Um topo de mercado não se aposta ou adivinha, identifica-se quando finalmente ocorre (recorrendo aos indicadores técnicos), nunca se antecipa. Isso é só para os profissionais que, mesmo assim, fartam-se de falhar nas suas previsões, por vezes com perdas monetárias enormes.
(⁵) Harmon está a referir-se às "extensões de Fibonacci", ferramenta de que eu não sou grande fã. Como sabem, a minha postura em bolsa é o investimento a muito longo prazo (anos) e essas coisas são mais para os especuladores e para os traders que negoceiam a médio e a curto prazo.

Texas Instruments (TXN:Nasdaq Global Select) - Diário e Semanal 2014/SET/05


Voltamos hoje a olhar para a Texas Instruments, inc. (TXN: Nasdaq GS). Infelizmente, as notícias não são as melhores: a TXN tem andado a marcar passo e está neste momento numa fase de underperformance (i.e. está a ter um desempenho inferior ao do mercado):


A TXN nunca foi uma acção propriamente rápida (as suas virtudes são ir subindo consistentemente e manter o potencial de valorização a longo prazo) mas, nas últimas semanas, a tartaruga tem andando ainda mais devagar do que é costume. E, se por um lado o marasmo típico do mês de Agosto pode ajudar a explicar o sucedido, o investidor atento deve redobrar a atenção e procurar explicações alternativas.

A TXN tem lançado, nas últimas semanas, uma série de produtos novos (contadores de energia inteligentes, aplicações Bluetooth, microcontroladores de baixo consumo, etc.)... mas nem assim o interesse pela acção tem aumentado. Portanto a questão é: estamos perante uma acção que perdeu o seu fulgor, devendo por isso ser descartada? Vamos olhar para o gráfico semanal:


Pode ver-se que, apesar da manifesta lentidão, o preço rejeitou claramente a MM(20) nas duas últimas semanas, depois de ter rejeitado a MM(40) há cinco semanas. Por outro lado, o MACD, as BB e o RSI indicam que o potencial de subida a curto prazo da TXN poderá ainda não estar esgotado, embora também haja a possibilidade de reversão. Por conseguinte, a melhor forma de actuação neste momento parece-me ser aguardar pelas sessões da próxima semana, sendo que, no muito longo prazo, as perspectivas para a TXN continuam francamente positivas.

sábado, 6 de setembro de 2014

PSI-20 novamente interessante...


...mas ainda em Bear Market:


A questão é que o índice está a testar a LTA primária do Bull Market que eu decretei ter terminado no dia 5 de Agosto. Vejo três cenários possíveis:
  1. o mais pessimista: o índice é rejeitado pela LTA primária e volta a descer durante a próxima semana, agravando o Bear Market.
  2. o moderadamente pessimista: o preço supera a LTA primária e sobe até à segunda LTA (na casa dos 6400 pontos), sendo aí rejeitado; se isto acontecer, poderemos ter um período de indefinição que durará vários meses.
  3. o mais optimista: o preço supera a LTA primária e a LTA nos 6400 pontos, mantendo-se acima do suporte nesta zona; neste caso, seria perfeitamente razoável decretar o regresso do Bull Market.
A este respeito, Ulisses Pereira tem um artigo interessante no Jornal de Negócio, de onde extraí esta figura (clicar nela para aumentar o seu tamanho):



Escreveu Ulisses: «6300 pontos. Este número mágico que tantas vezes referi que me faria despir o meu fato de touro e abandonar o meu optimismo que me acompanhava há dois anos, é agora o mesmo número que, se for ultrapassado consistentemente, me fará voltar a ficar optimista.» Eu estou mais pessimista do que o Ulisses. Para mim, o touro só regressará se o índice superar os 6400 pontos e se mantiver acima desse nível.

Netflix (NFLX:Nasdaq Global Select) - Diário e Semanal 2014/SET/05


À semelhança do que aconteceu com a Illumina, inc. (ILMN: Nasdaq GM), também a ascensão Netflix, inc. (NFLX: Nasdaq GS) foi travada por uma resistência importante, desta feita na casa dos $480. As divergências no PPO e no CMF (em relação ao preço) não são nada animadoras e a acção deverá corrigir novamente durante a próxima semana. A zona de suporte assinalada a cor amarela no gráfico é o destino mais provável para o preço da acção, embora um novo teste à MM(200), que se encontra presentemente na cada dos $400, também seja possível.



É claro que, nos mercados, nada é garantido e se os principais índices americanos voltarem a subir durante a próxima semana, a NFLX é bem capaz de subir com eles. Mas nós aqui no AnB guiamo-nos pelo cenário mais provável -e o cenário mais provável é o de correcção- razão pela qual preferimos ficar de fora e esperar para ver o que acontece nos próximos dias. Até porque esta postura parece ser corroborada pelo gráfico semanal:



Também aqui temos claras divergências entre os indicadores técnicos (MACD e RSI) e o preço da acção. O volume transaccionado continua em forte retracção, indicando perda de força do movimento ascensional. Mas o sinal mais preocupante para o futuro da NFLX é a possibilidade de quebra da linha de tendência ascendente que vigorava desde Outubro de 2012. A concretizar-se teremos provavelmente uma reversão ou, na melhor das hipóteses uma estagnação da subida. Seja como for, uma coisa é clara para mim neste momento: se o preço descer abaixo da MM(40), fecho a posição. Já há demasiados sinais maus para arriscar manter a acção abaixo desse nível.

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Mercados americanos: a análise semanal de Brian Shannon (8)


Como não podia deixar de ser num fim-de-semana, aqui fica a melhor análise semanal dos mercados americanos que pode ser actualmente encontrada no YouTube: Brian Shannon, autor do livro Technical Analysis Using Multiple Timeframes, nunca disse uma frase com a qual eu discordasse. E ainda me ensinou umas coisas sobre os mercados que eu não sabia...

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Illumina, inc. (ILMN: Nasdaq Global Market) - Diário (2014/SET/04)


Depois de duas semanas e meia a subir, os mercados americanos começam a dar alguns sinais de quererem corrigir. A Illumina, inc. (ILMN: Nasdaq GM), empresa dedicada à sequenciação do genoma humano para aplicações no campo da medicina, tem andado a lutar estoicamente contra a forte resistência nos $180. Para já, a resistência tem levado a melhor:



Para complicar o cenário, há claras divergências entre o preço e o PPO e entre o preço e o CMF. Outro sinal de alerta que não deve ser menosprezado é a forte diminuição do volume transaccionado, mesmo tendo em conta que Agosto é um mês tipicamente muito parado nos mercados. O gráfico semanal da ILMN ainda não indica correcção, mas se os mercados caírem durante a próxima semana, vai ser muito difícil que a acção mantenha os níveis actuais de valorização.

Stop loss de curto prazo: $165 (abaixo da LTA a cor vermelha no gráfico)
Stop loss de médio prazo: $145 (abaixo da MM(200) no diário)
Stop loss de longo prazo: $140 (abaixo da MM(40) no semanal)

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Do pessimismo catastrófico à euforia disparatada...


É um péssimo sinal para os mercados: a Morgan Stanley (MS) prevê que o índice S&P 500 poderá chegar aos 3000 pontos até 2020. Passámos o último ano a ouvir vários "especialistas" a assegurar-nos que os mercados iam cair, era "inevitável", estávamos numa "bolha", etc e tal. Resultado? Os mercados continuaram a subir. Agora, de repente, a MS publica um relatório de 27 páginas onde se pode ler que "a economia americana ainda está nos primeiros estádios da expansão".

Isto ilustra mais uma vez a colossal estupidez que é transaccionar em bolsa em função das notícias que são publicadas. Passam do tudo ao nada, do oito ao oitenta, do dia para a noite, sem nunca fundamentarem devidamente as suas previsões, ora apocalípticas, ora celestiais. O S&P 500 demorou 16 anos a passar dos 1000 para os 2000 pontos, num período de forte expansão económica, pese os dois "crashs" vividos em 2001 e em 2008 (ver gráfico). Cabe na cabeça de alguém que o índice possa avançar outros mil pontos em menos de 6 anos, estando a Europa praticamente estagnada e as economias emergentes a abrandar?



Portanto, "stops" bem apertadas, caros leiores. Quanto a mim, o Bull Market ainda está de boa saúde, mas quando o optimismo abunda, é tempo de redobrarmos a atenção. Mais uma vez, é a Arte do Pensamento Contrário...

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Acções, obrigações e "ruído de fundo"...


Traduzo aqui mais um bom artigo de Greg Harmon. Desta vez não se trata de análise técnica dos mercados, mas sim da relação entre obrigações e as acções. Dizem os manuais clássicos dos investimentos financeiros que, geralmente, as acções sobem quando as obrigações descem (e vice-versa). No entanto, as obrigações e as acções americanas têm estado a subir ao mesmo tempo e há quem faça leituras verdadeiramente transcendentais a respeito desta situação, chegando até a vaticinar o fim do Bull Market.

Ora, Harmon tenta desmistificar estas profecias, fazendo uma brilhante analogia neste seu artigo:

«Há muitas pessoas espertas que fazem questão de nos recordar que a subida do preço das orbigações não pode acompanhar a subida do preço das acções. Para mim, este argumento é como dizer que os cães e os gatos não podem dormir juntos.»

...ou será que podem?

«Um dos pontos que é levantado sistematicamente é "Como pode haver, ao mesmo tempo, procura de acções (activo com alto risco) e procura de obrigações (activo com baixo risco)?" Outro argumento é "As obrigações estão a aumentar a sua qualidade, portanto, as acções vão inevitavelmente acabar por cair". Não sei quando é que estes argumentos começaram a ser aceites como verdadeiros. Mas eu atrevo-me a discordar. Não há nenhuma razão pela qual as acções e as obrigações não possam subir em conjunto. E a história está do meu lado.»



O gráfico compara dois fundos transaccionáveis (ETF): o SPY, que segue o S&P 500, e o TLT, que segue as obrigações americanas a 20 ou mais anos. Ver também a análise semanal de Brian Shannon no tópico imediatamente abaixo.

«O gráfico acima mostra que entre 2003 e 2007 as acções e as obrigações subiram ao mesmo tempo. É um período de tempo bastante longo, mais ou menos 6 casamentos da [Kim] Kardashian. E há quanto tempo é que elas se têm movido ao mesmo tempo no presente Bull Market? Apenas cerca de 1 ano, dificilmente um período excessivo. Portanto, esqueçam a perspectiva histórica aceite -mas incorrecta- e concentrem-se na história real dos activos. Os cães e os gatos podem dormir juntos. E as obrigações e as acções podem subir ao mesmo tempo...»

Em jeito de conclusão, aqui o vosso estimado blogueiro até acredita que as acções e as obrigações estarem a subir ao mesmo tempo é um sinal positivo para a evolução a longo prazo dos mercados. É que os mercados alimentam-se de incerteza, das hesitações e dos temores irracionais dos investidores. Enquanto houver alguém disposto a vender por ter medo (comportamento irracional), continuará a haver compradores dispostos a aproveitar a oportunidade (queda dos preços), desde que os fundamentais se mantenham. Os mercados financeiros não sobem linearmente, sobem de forma ondulatória, "dois passos para a frente e um para trás". É por isso que devemos olhar sempre para a tendência de evolução geral dos activos, sejam obrigações, sejam acções, e deixar o ruído de fundo (notícias, opiniões, profecias, etc.) para a manada de perdedores que, devido ao seu comportamento irracional, nunca fará dinheiro em bolsa. Há outro nome para esta nossa postura: A Arte do Pensamento Contrário.

Mercados americanos: a análise semanal de Brian Shannon (7)


Hoje, os mercados americanos estão fechados porque é feriado nacional (dia do trabalhador). No entanto, vale a pena recordar que os principais índices bolsistas dos states têm estado a subir nas duas últimas semanas. E que melhor forma de fazê-lo senão vendo a mais recente análise do Brian Shannon?


Nunca é demais destacar os sábios conselhos de Shannon em relação à forma de seguir os mercados: é o preço das acções que conta, não é a opinião dos gurus ou das casas de investimento e muito menos as notícias apocalípticas dos mé(r)dia "especializados" como a CNBC, a Bloomberg, etc.