domingo, 30 de novembro de 2014

Ainda a propósito do SPDR S&P 500 ETF (SPY:NYSE)...


Encontrei este gráfico interessante com a evolução diária do SPY desde Junho de 2013:


O gráfico é auto-explicativo, pelo que não requer muitos comentários adicionais da minha parte, sobretudo tendo em conta que a análise do estado actual do SPY já foi feita no postal anterior. No entanto, gostaria de chamar a atenção para dois pontos:
  1. Não é pelo facto de o RSI estar sobrecomprado que teremos garantidamente uma correcção nos próximos dias; podemos ter, mas também podemos ter uma lateralização dos preços.
  2. No entanto, se houver uma reversão do momento, i.e. uma queda significativa dos preços estando o RSI em modo sobrecomprado, as probabilidades de termos uma correcção aumentam significativamente (setas azuis no gráfico).

S&P 500 SPDRs (SPY: NYSE), gráficos diário e semanal 27-Nov-2014


O grande Brian Shannon está em lua-de-mel e, por conseguinte, esta semana não temos a sua análise habitual dos mercados americanos. Vamos por isso recorrer ao Greg Harmon da Dragonfly Capital Management e aos seus dois gráficos do fundo transaccionável (exchange-traded fund, ETF) S&P 500 SPDRs (SPY: NYSE), que replica o S&P 500.

«(....) A volatilidade (VXX) parece ainda estar em níveis baixos, mantendo a tendência alta dos ETFs dos índices SPY (S&P 500), IWM (Russell 2000) e QQQ (Nasdaq 100). Os seus gráficos continuam a mostrar divergência, à medida que o SPY e o QQQ continuam a subir e o IWM permanece em modo de lateralização. Todos os três parecem estar em risco de uma correcção de curto prazo.

A semana terminou com o ouro ($GOLD) a testar os $ 1200, o número redondo, antes de cair novamente [quase 3%], acompanhando a queda do petróleo. Já o dólar (UUP) continuou a subir, assim como as obrigações (TLT). Já os mercados emergentes (EEM) testaram a resistência [nos $42,5] e voltaram a cair.»

Vamos então olhar para os gráficos do SPY, começando pelo diário:


«O SPY começou a semana com uma vela interior na Segunda-feira, aguentando o gap da Sexta-anterior [atenção que esta semana só teve quatro sessões, porque a Quinta-feira foi o feriado do dia da acção de graças nos EUA]. A amplitude dos preços aumentou ligeiramente a partir de então, mas ainda assim num intervalo muito curto. O gráfico diário mostra sinais de exaustão, com o MACD a cruzar para baixo e o RSI a recuar da região de sobrecompra. Contudo, nenhum dos indicadores mostra sinais suficientemente fortes e definitivos, portanto a tendência permanece ascendente.»

E agora, o gráfico semanal:


«A semana terminou com uma vela doji no SPY. Trata-se de um sinal de indecisão, podendo o preço prosseguir tanto para cima como para baixo durante a próxima semana. As bandas de Bollinger estão a ser pressionadas para cima, enquanto o RSI permanece bullish e o MACD está ascendente, sugerindo uma continuação das subidas [mas só no longo prazo!].

Não há resistência imediatamente acima do máximo semanal nos $207.87, mas as extensões de Fibonacci de Setembro e de Outubro providenciam como alvos os $209.53, os $211,89 e os $214.25, para as extensões de 138.2%, 150% and 161.8, respectivamente. Já os suportes podem ser encontrados nos $205.7, seguido pelos $204.8, 203.25 e 201.9. Portanto, estamos perante um cenário de consolidação de curto prazo com uma possível correcção da tendência ascendente de longo prazo.»

E eu acrescento que essa correcção é agora bastante provável. Mas vamos ver o que a próxima semana nos reserva...

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Russell 2000 (via IWM), gráficos semanal e diário, 26-Nov-2014


Numa altura em que os mercados americanos parecem estar a perder momento ascendente e a preparar-se para uma correcção, vale a pena voltarmos a olhar para aquele que tem sido o mais fraco dos grandes índices dos EUA durante o presente ano de 2014, o Russell 2000, também conhecido como o índice das small cap (empresas com pequena "small" capitalização em bolsa "cap").

Como já é habitual aqui no AnB, vamos utilizar o fundo transaccionável (exchange-traded fund, ETF) iShares Russell 2000 (IWM: NYSE) para fazer a nossa análise, pela simples razão de que os gráficos do índice $RUT não são acompanhados pelo volume transaccionado, elemento que eu considero ser muito importante.

Ao contrário do que é habitual, hoje vamos começar pelo gráfico semanal. Porquê? Porque é ao nível desta resolução temporal (semanas) que está a ser travada a batalha que realmente interessa:


O que temos aqui? Bem, para começar, uma forte resistência na zona dos $ 120, que vigora praticamente desde o início do ano e que, na sequência de um topo duplo, fez o ETF corrigir de $120,18 para $103,54, uma queda de cerca de 13,96%! Em Outubro, porém, os investidores começaram a injectar dinheiro novamente nas small cap, fazendo aumentar fortemente o volume transaccionado e elevando rapidamente os preços até à zona de resistência, acima do máximo local do início de Setembro ($117,48).

Portanto, estamos agora num ponto muito interessante: nas últimas três semanas, o IWM aproximou-se da resistência ($120), voltou a descer até à MM(50) e está agora mais ou menos a meio caminho entre as duas. Com o PPO na zona que pintei a amarelo no gráfico, entre duas LTDs que vigoram desde 2013, é possível que o IWM continue a avançar para cima. No entanto, como os outros índices denotam alguma saturação, também é possível que o IWM corrija nos próximos dias.

Para tentarmos inferir o que vai acontecer, ou melhor, o que é mais provável que aconteça (porque nestas coisas dos mercados nada é garantido), vamos agora olhar para o gráfico diário:


Pode ver-se que, apesar de o gráfico diário (ainda) não colocar em causa a tendência ascendente semanal, há divergências entre a evolução ascendente do preço e os indicadores técnicos (PPO e CMF descendentes) que sugerem quedas nas próximas sessões. Por "próximas sessões" entendam-se os próximos quinze dias. 

Concluindo, é realmente uma pena, mas julgo que ainda não vai ser desta que o IWM vai superar a grande resistência de 2014 ($120)...

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Previsões dos "gurus" para o S&P 500 em 2015


Este postal é obviamente para nos rirmos daqui a um ano. É que as previsões dos "gurus" dos mercados têm-se revelado historicamente desastrosas e não me parece que 2015 seja o ano em que isso vai mudar. Vamos começar por fazer um pequeno exercício: comparar as previsões para 2014 com a realidade actual. Eis aqui algumas previsões dos analistas para o S&P 500 em 2014, publicadas em Dezembro de 2013:

Sam Stovall da Capital IQ: 1895 pts.
Simon Maihoffer da iSPYEF: 1950 pts.
Tom Lee da JP Morgan: 2075 pts.

Ora, o ano de 2014 ainda não acabou e ontem o S&P 500 fechou a sessão nos 2072,83 pontos. Isso significa que o Tom Lee é um génio e os outros são todos idiotas? Nem por isso, significa que ele teve sorte, porque as previsões dos gurus não interessam sequer ao menino Jesus.

Os números e os factos não mentem: o grupo CXO Advisory analisou 6582 previsões de 68 "gurus", efectuadas entre 1998 e 2012, verificando posteriormente os resultados destas previsões. Apesar de haver muitos nomes com grande reputação entre os "gurus", a precisão média das previsões foi de apenas 47% - inferior à taxa de acerto que se obteria atirando uma moeda ao ar! Dos 68 "gurus", 42 tinham uma taxa de acerto inferior a 50%.


Outro estudo realizado por David Drema mostrou que, de uma amostra de 400 mil previsões, o erro médio rondava os 43%!!!

Naquele que é provavelmente o estudo mais exaustivo sobre esta temática, Philip Tetlock analisou 28 mil previsões feitas por centenas de "peritos". Ele concluiu que as habilidades preditivas dos "gurus" são desapontadntes. Escreveu Tetlock:

«Estes resultados colocam os peritos numa posição muito pouco lisonjeira no ranking da performance, perturbadoramente mais próximo do chimpanzé do que dos modelos estatísticos formais

Ai, que até a mim me doeu! Mas há mais:

«Os resultados não podem ser descartados como anomalias... ao analisar os números por região, período temporal e variáveis de decisão, é impossível encontrar qualquer domínio em que os humanos tenham ultrapassados os algoritmos de extrapolação mais rudimentares, muito menos os mais sofisticados modelos estatísticos.
(...) Praticamente não faz diferença se os participantes possuem doutoramentos, se são economistas, cientistas políticos, jornalistas ou historiadores, se têm experiência ou acesso a informação privilegiada. O único indicador fiável foi, ironicamente, a fama do "guru", de acordo com a indexação do Google: os "gurus" mais conhecidos, com maior probabilidade de serem "levados ao colo" pelos média, tiveram pior desempenho que os seus colegas menos conhecidos.»

E com estes parágrafos em mente, aqui ficam agora as previsões para o ano 2015. Para o ano cá estaremos para verificarmos como se portaram estes "gurus":

Andrew Garthwaite do Credit Suisse: 2100  pts.
David Kostin da Goldman Sachs 2100  pts.
Jonathan Glionna da Barclays: 2100  pts.
David Bianco do Deutsche Bank: 2150 pts.
Tobias Levkovich da CitiGroup: 2200 pts.
Savita Subramanian da Merrill Lynch's: 2200 pts.
Julian Emanuel da UBS 2225 pts.
John Stoltzfus da Oppenheimer's2311 pts.

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Ver também:  

Vinte diferenças entre a forma de pensar dos ricos e a da classe média
Do pessimismo catastrófico à euforia disparatada...
Acções, obrigações e "ruído de fundo"...

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Standard & Poor's 500 Large Caps Index (S&P 500), gráfico diário


Depois de uma correcção brutal dos principais índices americanos em Outubro, dando origem a uma subida espectacular nas últimas semanas, o S&P 500 deu ontem os primeiros sinais de estar prestes a afundar novamente. Atentemos no gráfico em baixo:


Pode ver-se que os dois indicadores técnicos utilizados, PPO e CMF, indicam agora fortes probabilidades de reversão, que deverá ser ou não confirmada nos próximos dias. Em relação ao PPO, a média móvel exponencial a 12 dias acaba de tocar na média móvel exponencial a 26 dias, indicando uma perda de momento ascendente muito significativa. Já no CMF houve uma quebra da linha de suporte ascendente que figurava desde o ínicio da subida e corroborando as indicações do PPO.

Em caso de correcção, o destino mais provável do índice deverá ser, em princípio, a zona dos 2000 pontos, que já ofereceu uma resistência muito significativa às subidas entre Julho e Outubro. Esta zona torna-se ainda mais relevante se considerarmos que é também para lá que se está a dirigir a média móvel a cinquenta dias - MM(50). No entanto, se as quedas se processarem rapidamente, também possível que o preço recue novamente até à MM(200). Mas não vamos sofrer por antecipação: primeiro vamos esperar que o preço recue até aos 2000 pts. Depois, em função do que tiver acontecido, redefiniremos a nossa estratégia.

Um ponto importante para aqueles que eventualmente estiverem tentados a apostar nas quedas, é que o S&P500 pode demorar semanas a cair depois do aviso dos indicadores técnicos. Por exemplo, na correcção anterior, o cruzamento das MMEs do PPO teve lugar no início de Setembro, mas a correcção de facto só veio a acontecer no fim do mês, tendo inclusivamente havido um novo máximo (2019,26 pts) depois do referido cruzamento. Ainda pior do que isso, na penúltima correcção houve três novos máximos depois da indicação do PPO. Portanto, não se ponham a vender só porque os indicadores técnicos assim dizem,  a fórmula certa é: indicadores técnicos + perda de momento ascendente + quebra de suporte + velocidade de queda. Por outras palavras, só quando o último pico dos preços for aproximadamente igual ao pico anterior, havendo divergência nos indicadores técnicos e tendo havido um queda rápida a partir da base dos dois últimos picos, é que estaremos definitivamente em correcção. Portanto, olhos bem abertos, mas cuidado com as pressas!

Ou então, façam como eu: sigam a tendência primária de longo prazo e nunca apostem nas quedas. Muitos dizem que a especulação é um ofício de tolos e eu tendo a concordar cada vez mais à medida que os anos vão passando...

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Mercados americanos: a análise semanal de Brian Shannon (18)

«A tendência é tua amiga.»
- Sabedoria dos Mercados -

Os mercados americanos abrem daqui a 2 horas e 20 minutos. Aqui fica mais uma excelente análise dos mercados americanos por parte do grande Brian Shannon. Em jeito de sumário abreviado, os mercados têm vindo a subir, mas começam já a aparecer alguns sinais de saturação. No entanto, ainda é cedo para apostar em quedas, coisa que aliás eu raramente faço num Bull Market. Aliás, se os riscos de apostar contra a tendência primária não forem absolutamente óbvios para o caro leitor que está a ler este blogue, a minha sugestão é que fique bem longe dos mercados!...



Vale ainda a pena também lembrar a máxima do Sr. Shannon: "Negoceiem as tendências, ignorem o ruído [notícias e opiniões dos "especialistas"] e foquem-se naquilo que o preço faz! Só o preço compensa!"

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Obrigações do Tesouro Americano, gráficos diários


Ainda não é nada de definitivo, mas o preço das obrigações do tesouro americano nos seus gráficos diários parece estar a desenhar um padrão de "chávena" em todos os prazos, sobretudo nos títulos a 10 e mais anos:


Numa altura em que os principais índices dos mercados americanos parecem estar a perder o momento ascendente, ao mesmo tempo que os indicadores de volatilidade dão sinais de querer corrigir, poderá estar a chegar o momento propício para abrir posições em obrigações. Portanto, olho nestes títulos nos próximos dias...

Para os mais ousados, recomendo também olhar para os seguintes fundos alavancados: Direxion Daily 20 Year Plus Treasury Bull 3x Shares (TMF: NYSE), ProShares Ultra 20 Plus Year Treasury (UBT: NYSE), PowerShares DB 3x Long 25+ Year Treasury Bond (LBND: NYSE), ProShares Ultra 7-10 Year Treasury (UST: NYSE).
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Ver também:

Acções, obrigações e "ruído de fundo"...

Ouro (GLD: NYSE), gráficos diário e semanal, 19/NOV/2014


A sessão de hoje trouxe um desenvolvimento interessante para o Ouro, aqui representado pelo fundo transaccionável (exchange-traded fund, ETF) SPDR Gold Trust Shares (GLD: NYSE) que, depois da subida fulgurante na Sexta-feira, acabou por ser travado nos $115, correspondentes à base inferior de um triângulo descendente que vigorou entre Junho de 2013 e Outubro de 2014, conforme eu tinha previsto aqui.

Na verdade, o ETF em causa até se portou bastante melhor do que os principais índices deste metal precioso, o GDX (Market Vectors Gold Miners), o GDXJ (Market Vectors Junior Gold Miners) e o XAU (índice ouro e prata de Filadélfia), que caíram, respectivamente, 5,47%, 7,14% e 5,17%. Os fundos "bearish" alavancados DUST (Direxion Daily Gold Miners Bear 3x) e JDST (Direxion Daily Junior Gold Miners Bear 3x) ganharam, respectivamente, 15,82% e 19,10%. Tudo num só dia!

Vivemos portanto dias de verdadeira loucura em torno dos metais preciosos. A questão é: vale a pena comprar ou vender ouro neste momento? Os gráficos respondem. Vamos começar pelo diário:


É possível observar que, nas duas últimas sessões, o preço foi detido pela resistência nos $115 (anterior suporte). No entanto, tanto o CMF como o PPO indicam fortes possibilidades de ocorrerem novas subidas durante os próximos dias, havendo ainda muito espaço até à MM(50) e, sobretudo até à LTD que desenhei a partir dos máximos de Julho e Agosto. Portanto, a avaliar apenas pelo gráfico diário, o melhor é não fazer nada.

Mas vamos ver o que nos diz o gráfico semanal (provisório, porque a semana só termina na Sexta-feira):



Há uma ligeira divergência entre as MMEs do MACD (descendentes) e o seu histogram (negativo, mas ainda ascendente). Esta situação indica grande incerteza para os próximos dias, não sendo possível concluir em definitivo acerca da direcção do preço. Por outro lado, o RSI parece ter resvalado na LTD de médio prazo com maior declive, iniciada em Julho. Isto significa que o preço poderá cair.

Em suma, a tendência de longo prazo é negativa, mas a curto prazo a situação é muito difícil de avaliar, podendo até haver subidas. Portanto, não me vou meter no Ouro para já. Daqui a umas semanas, as coisas já estarão mais claras e aí tomarei uma decisão.

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

The Walt Disney, Co., gráfico diário, 17-Nov-2014


Hoje vamos olhar um pouco para a Walt Disney, Co. (DIS: NYSE), uma acção cuja performance em bolsa tem sido fantástica ao longo do presente Bull Market (só este ano, já subiu mais de 18%) mas que se encontra presentemente em correcção:


Os fundamentais da Disney não estão maus, mas o valor da empresa -e consequentemente da acção- depende muito do sucesso dos filmes da Marvel, que tem sido o principal veículo impulsionador da cotação nos últimos dois anos. O problema é que não haverá nenhum filme de monta até ao próximo ano, altura em que estreará "Os Vingadores - A Era de Ultrão" e, portanto, não é líquido que a cotação continue a subir nos próximos tempos.

No entanto, como eu preconizo o investimento a longo prazo, a DIS continua apetecível. A acção levou uma tareia durante a forte correcção dos mercados em Outubro, quebrando inclusivamente a sua MM(200), mas recuperando rapidamente e acabando por fazer um novo máximo no início de Novembro. A DIS tem esbarrado sistematicamente na zona dos $ 91 e ainda não parece que vá ultrapassar essa resistência nas próximas sessões.

Neste momento, antevejo dois cenários possíveis:

1. A DIS corrige até à zona de suporte entre os $88 e os $89, onde também se encontra a MM(50), neste momento quase horizontal; consolida aí durante as próximas duas semanas e volta a subir.

2. A DIS continua a corrigir a partir da zona mencionada em cima, os indicadores técnicos semanais tornam-se negativos e as quedas prosseguem até à zona entre os $86 e os $87; o que acontecerá nesta situação dependerá em grande medida dos resultados do quarto trimestre (Q4), sendo que a DIS reagiu mal aos resultados do Q3, que até bateram as estimativas.

É impossível dizer qual destes dois cenários é mais provável neste momento. Aliás, se o mercado voltar a corrigir de forma tão dramática como aconteceu em Outubro, a DIS poderá mesmo quebrar a MM(200) de forma definitiva ("death cross"). No entanto, julgo que, para já, essa possibiliade não deve ser colocada em cima da mesa. Concluindo, vamos esperar alguns dias para ver o que faz a acção, sem vender nem comprar. Daqui a uma semana voltaremos a falar.

domingo, 16 de novembro de 2014

Ainda sobre o volume...


Na sequência do postal anterior, parece-me pertinente recuperar o que o Dr. Braga de Matos diz no seu "Ganhar em Bolsa" acerca do volume, corroborando o que eu escrevi anteriormente:

«Nenhuma análise de preços é completamente eficiente sem a observação concomitante e correlativa dos volumes de transacção envolvidos, pois só assim se consegue avaliar adequadamente o movimento da oferta e da procura para o momento.

(...) Quantas acções do mesmo título mudaram de mão a um certo preço por comparação com o número e o preço verificados noutro(s) momento(s) anterior(es)? Ou, para análise do mercado em geral, que volume para que valor do índice bolsista?

(...) Geralmente, o volume acompanha a cotação, subindo com a ascendente, decrescendo com a descendente. A divergência constitui um aviso de reversão.

(...) Diz-se que os volumes estariam para os preços assim como o consumo de combustível para os veículos: maiores volumes, preços mais altos; menor volume, preços mais baixos. Todavia, não se pense que existe sempre um sincronismo coreográfico.

(...) Ter sempre em atenção a liquidez do título: poucos volumes têm pouco valor interpretativo.»

É esta ausência do tal "sincronismo coreográfico" que faz com que o volume seja um indicador secundário face ao preço, mas nunca um indicador inútil. Mais uma vez, é preciso enfatizar que a utilidade do volume reside na detecção de inconsistências, servindo de aviso prévio a uma eventual alteração da tendência primária. Por outras palavras, ninguém deve transaccionar em bolsa tendo como base apenas o volume... mas também ninguém deve transaccionar em bolsa ignorando completamente o volume.

sábado, 15 de novembro de 2014

Mercados americanos: a análise semanal de Brian Shannon (17)


No vídeo desta semana, o grande Brian Shannon disse, pela primeira vez, uma coisa com a qual eu não concordo inteiramente. Vejam o vídeo e tentem adivinhar o que é:



Então? Adivinharam?... Trata-se do volume. Sim, o Brian tem toda a razão quando diz que o nível das stop losses deve ser determinado em função do preço. No entanto, a ideia de que o volume não serve para nada é errada. O volume, enquanto elemento da Análise Técnica, serve de sério aviso, embora não definitivo, de uma possível reversão da tendência. Por outras palavras, o volume por si só não quer dizer nada em definitivo, mas deve ser observado de tempos a tempos para determinar possíveis inconsistências na evolução do preço. Se eu tivesse que atribuir um peso às duas coisas, preço e volume, diria que o preço representa 90% da informação a considerar e o volume 10%.

Por exemplo, se uma subida ocorrer com uma diminuição muito grande de volume, os investidores devem ficar alerta e agir rapidamente se os preços começarem a cair. Repare-se, não devem fazer nada antes de os preços começarem realmente a cair, mas a quebra no volume servirá sempre como primeiro aviso de que algo poderá não estar bem. Aliás, o volume é um elemento-chave em inúmeras figuras de reversão: cabeça e ombros, triângulos simétricos, ascendentes e descendentes, cunhas, etc. Nestas figuras, o volume é imprescindível para confirmar a reversão ou continuação do movimento. Fiquei por isso um pouco surpreendido com as afirmações de Shannon neste vídeo, mas acredito que ele tem perfeita consciência da grande importância do volume no contexto certo e que simplesmente não se expressou bem.

Qaunto ao resto, o vídeo é, como sempre impecável. Um reparo acerca do ouro (GLD: NYSE): tal como Shannon, eu também acredito que o ouro ainda está numa tendência descendente. No entanto, a força do movimento ascendente na última sessão indica que a correcção pode superar os $115 que eu tinha indicado na semana passada. Em quanto poderá superar? Bem, em princípio até à zona entre os $116 e os $117, onde se encontra presentemente a MM(50). No entanto, pode não ficar por aí... até à BB superior (mais ou menos nos $121) tudo é possível. Portanto, eu não apostaria na queda do ouro nos próximos dias...

Berkshire Hathaway, Inc. B, gráfico diário, 15/NOV/2014


Já lá vão mais de dois meses desde o meu último postal sobre a Berkshire Hathaway, Inc. B, (BRKB: NYSE), a acção que é indissociável do multimilionário Warren Buffett. A  BRKB é precisamente o título que eu detenho há mais tempo, tendo reforçado a minha posição 17 vezes desde 2005.

Ora, na minha última análise à BRKB, eu escrevi que não esperava que a acção subisse significativamente nos meses seguintes. Aliás, depois do escândalo na Tesco e dos péssimos resultados da IBM (IBM: NYSE) e da Coca-cola (KO: NYSE), empresas em que a Berkshire detém posições, aquilo de que eu estava mesmo à espera era que a cotação da BRKB afundasse. Aliás, a Berkshire apresentou resultados horríveis para o terceiro trismestre de 2014 no último dia 7 de Novembro, com um perda de 9% nos ganhos face ao ano de 2013.

Felizmente, as minhas expectativas não se cumpriram, tendo prevalecido a Arte do Pensamento Contrário: ao invés de venderem, os investidores viram nos números da Berkshire uma oportunidade e compararam mais acções. Este comportamento, aparentemente irracional, pode ser explicado por várias razões:
  • A BRKB tem uma história consistente de fortes recuperações a seguir a períodos de grandes perdas;
  • A BRKB comprou recentemente a Duracell à Procter & Gamble (PG: NYSE), naquilo que muitos analistas consideram um negócio típico à Warren Buffett: comprar um negócio em declínio e que muitos vêem como "acabado" para a seguir o fazer voltar à ribalta.
  • A BRKB comprou uma pequena parte da Charter Communiactions (CHTR: Nasdaq GS), um provedor de serviços por cabo (não apenas televisão, mas também internet e streaming). A empresa tem crescido a bom ritmo nos últimos anos e Buffett tem um historial de acertar quase sempre que se mete nos média e no audiovisual. Seguindo uma lógica semelhante, a BRKB aumentou a sua participação na Direct TV (DTV: Nasdaq GS).
  • A BRKB reforçou as suas posições nos gigantes dos cartões de crédito Visa (V: NYSE) e Mastercard (MA: NYSE), numa altura em que o consumo interno está a aumentar nos EUA.
Vamos então olhar para o gráfico diário:


A vela amarela indica a data da minha última análise. Desde então, houve uma correcção significativa durante o mês de Outubro, à qual se seguiu um forte movimento ascensional que perdurou até agora. No entanto, o RSI, as BB e o MACD parecem sugerir que a força desse movimento se está a esgotar, podendo haver novas correcções durante as próximas semanas. Se isso acontecer, a área a cor-de-rosa é a zona de suporte mais óbvia, com os níveis mais importantes nos $142, $140 e $138. Uma descida até níveis mais baixos ($ 136) não é impossível, mas parece-me improvável dada a força ascencional que a acção tem revelado nas últimas semanas.

Ainda não voltei a reforçar a minha posição na BRKB e não o farei tão cedo. É que, conforme expliquei na minha última análise, a Berkshire tem o hábito de a permanecer numa gama de valores bem definida durante vários meses, acumulando pressão compradora até "explodir" numa ascensão que, tipicamente, costuma ser curta (ver período entre Maio e Agosto no gráfico). As subidas actuais são por isso um tanto ao quanto anormais... e, dada a saturação dos indicadores técnicos, mais vale esperar que a acção consolide em torno dos $140-$141, antes de comprar mais acções.

sábado, 8 de novembro de 2014

Mercados americanos: a análise semanal de Brian Shannon (16)


Aqui fica mais uma excelente análise semanal do grande Brian Shannon, o analista técnico norte-americano que já é uma presença habitual aqui no AnB e cujas análises são de uma qualidade tão elevada que já dispensam comentários da minha parte.


Aqui ficam alguns highlights do vídeo:
  • Apesar de os principais índices dos mercados americanos terem atingido novos máximos, a análise do Sr. Shannon aponta no sentido da continuação das subidas; devo dizer que concordo.
  • O ouro (GLD: NYSE) está a corrigir das quedas recentes, mas existe um triângulo descendente que foi quebrado, conforme referi anteriormente neste postal; portanto, ainda não chegou a altura de comprar ouro; eu até acredito que o outo vai provavelmente continuar a subir nos próximos dias, testar a base do triângulo descendente na zona dos $115 e depois voltar a cair fortemente.
  • Depois de terem superado o mercado nos últimos meses, os semicondutores (SMH: NYSE) estão agora em modo underperform; no entanto, os fundamentais do ETF SMH continuam excelentes, razão pela qual eu acredito que esta fraqueza não vai permanecer no longo prazo.
  • As obrigações a 20 anos (TLT: NYSE) estão a estabilizar das quedas recentes, indicando que os compradores estão a recuperar o controlo.

Texas Instruments, Inc. (TXN: Nasdaq GS), gráfico semanal


Já aí vem mais uma análise semanal do Brian Shannon. Mas antes disso, vamos olhar um pouco para a acção que mais nojo me tem metido ultimamente. Sim, eu sei que o mercado não é um lugar para emoções. E que nunca devemos apaixonar-nos nem odiar uma acção. Mas que o comportamento recente da Texas Instruments, Inc. (TXN: Nasdaq GS) tem sido deveras irritante, lá isso tem! E não é preciso muito para se perceber porquê, basta olhar para o que aconteceu nas últimas oito semanas:


Entre Setembro e Outubro, a TXN mergulhou desde os $ 49,02 até aos $ 41,18, fazendo um topo duplo e perdendo uns assombrosos 16%. Mas a partir de então, o preço não parou de subir estando já muito acima do nível a partir do qual começaram as perdas. Pelo caminho ficaram todos aqueles que, como eu, tinham colocado as suas ordens stop um pouco abaixo da MM(200).

Ora, como a TXN ainda está bastante boa do ponto de vista da Análise Fundamental, estou tentado a reabrir uma posição longa. No entanto, acção gastou muita "energia" a subir nas últimas quatro semanas, razão pela qual eu prefiro esperar que a acção consolide um pouco sobre a zona da anterior resistência ($ 49) antes de voltar a entrar.

sábado, 1 de novembro de 2014

Mercados americanos: a análise semanal de Brian Shannon (15)


Lembram-se quando, no vídeo anterior, o grande Brian Shannon disse que o ouro (GLD: NYSE) estava prestes a quebrar um importante suporte na zona dos $115? Pois bem, o ouro caíu quase 5% esta semana! O Brian raramente se engana nestas coisas dos mercados. Portanto aproveitem os vídeos dele enquanto podem, caros leitores, uma coisa tão boa dada de graça não vai certamente durar para sempre: