domingo, 21 de junho de 2015

Mercados americanos: a análise semanal de Brian Shannon (41)


O mês de Junho continua negativo para os investidores dos mercados americanos [SPY -0,15%; QQQ -0,16%, DIA -0,22%], com excepção das "small cap" [IWM +3,20%]. No entanto, nem tudo é mau nas bolsas ianques, sobretudo para os detentores dos fundos associados às biotecnológicas [IBB, +3,52% MTD e +24,54% YTD]. Está na hora de ouvirmos o que o melhor analista técnico presentemente no YouTube pensa acerca destes números:

  • Pontos-chave do vídeo do Sr. Shannon:

Modo actual: tendencialmente neutro (em lateralização), mas os mercados têm andado muito erráticos nas últimas semanas. Portanto, tudo pode acontecer...

[01m09s]: o S&P 500 (SPY) quebrou uma importante linha de tendência descendente (LTD) no gráfico intradiário (30 em 30 minutos), encontrando-se presentemente sobre a sua média móvel a 5 dias -MM(65)- e no interior de uma zona de suporte em redor dos $210,5. A propósito da "grexit", o Sr. Shannon enfatiza que a tendência ascendente primária se mantém intacta e partilha mais uma das suas pérolas de sabedoria: "os mercados escalam um muro de preocupações... e é isso o que este mercado tem feito desde há cinco ou seis anos!".

[02m53s]: o Nasdaq 100 (QQQ) está muito perto dos seus máximos históricos, estando presentemente debaixo de uma zona de resistência entre os $110,75 e os $111. Já a primeira zona de suporte abaixo encontra-se entre os $109e os $109,5 (grosso modo).

[03m57s]: depois de ter rompido uma resistência importante nos $45 há três semanas, a FireEye, Inc. (FEYE: Nasdq GS) teve um rally impressionante até à casa dos $55 (+11,1%). O Sr. Shannon aponta esta acção como um bom exemplo de como se pode ganhar no mercado quando se está atento aos sinais/indicadores técnicos e se actua no momento certo.

[04m24s]: em sentido contrário à tendência geral dos mercados segue a Rackspace Hosting, Inc. (RAX: NYSE) e também a Wal-Mart Stores, Inc. (WMT: NYSE), que até são recomendadas por vários analistas e especialistas financeiros, um pouco por todo o mundo. Tudo isto para dizer o que devia ser óbvio mas passa ao lado de muitos investidores, muitas vezes não por culpa deles mas pelos maus conselhos a que dão ouvidos: "só o preço compensa; se uma acção não está a subir, então, não se compra, por mais potencial que de subida que ela possa ter".

[05m04s]: o Russell 2000 (IWM) voltou a romper uma zona de resistência e fez ¡novamente! máximos históricos. Em termos anuais, as "small cap" têm sido as líderes dos mercados americanos, o que é normal se considerarmos que o ano passado foram a sua ovelha negra (retenham bem este ponto: ovelha negra num ano, líder no ano seguinte). Depois de, em Fevereiro, ter rompido convincentemente a resistência multi-anual nos $120, e depois essa resistência ter passado a suporte no início de Maio, o IWM já subiu quase 7%! Para a próxima semana, o Sr. Shannon acha que a zona de suporte a ter en conta se encontra entre $126 e $126,5.

[06m17s]: o Sr. Shannon acha que os semicondutores (SMH) são "um grande desperdício de tempo" porque, a seu ver, "precisam de consolidar". Confesso que não entendo, eu vejo um claro padrão de máximos e mínimos consecutivos mais altos, sobretudo no gráfico semanal! Mas pronto, o especialista é ele, e é a ele que os meus leitores devem dar ouvidos...

[06m50s]: o sector financeiro (XLF) pagou um pequeno dividindo de $0,11 /acção esta semana e terminaram a semana com uma forte queda na sessão de sexta-feira. Ainda assim, o Sr. Shannon diz que ainda vê um claro padrão de máximos e mínimos consecutivos mais altos, não obstante estarmos presentemente sobre uma importante zona de suporto no gráfico intradiário (30 em 30 minutos), no intervalo entre os $24,85 e os $25,0, sendo provável que o preço recue mesmo até aos $24,5 (primeiro suporte no gráfico diário).

[07m49s]: as obrigações do tesouro americano a 20+ anos (TLT) ainda estão numa "tendência descendente horrível", nas palavras do Sr. Shannon. O preço recuou até ao terceiro nível de retracção de Fibonacci (38,2%), medido desde o mínimo registado a 14 de Janeiro até aos máximos deste ano (YTD). O Sr. Shannon diz que as TLT parecem estar a querer recuperar, mas há uma resistência a vencer nos $119, que já serviu de suporte há alguns dias. O Sr. Shannon aproveita a ocasião para enfatizar mais uma vez uma máxima incontornável dos mercados "quando temos uma média móvel a 50 dias (a cor verde, nos gráficos do vídeo), não podemos confiar demasiado nos rallies do preço".

[08m40s]: o Twitter (TWTR: NYSE) "teve uma semana interessante", diz o Sr. Shannon, tendo descido até mínimos anuais para depois recuperar na sessão de sexta-feira. A acção ainda está numa tendência primária de descida, devendo por isso ser evitada. Já a Boyd Gaming Corp. (BYD: NYSE) continua com muito bom aspecto, devendo continuar a subir. Em caso de aposta, o Sr. Shannon recomenda que a ordem de paragem de perdas (stop loss) seja colocada aos $14,5.

[11m01s]: para a próxima semana, o Sr. Shannon recomenda que sigamos os seguintes títulos: Avago Technologies Ltd. (AVGO: Nasdaq GS) que mantém um grande potencia de subida, a Cablevision Systems Corp. (CVC: NYSE), a Verisk Analytics Inc. (VRSK: Nasdaq GS), estas duas últimas para "trades" de curto prazo (coisa que eu não recomendo mesmo nada, mas cada um sabe de si!). Temos ainad a 8 x 8, Inc. (EGHT: Nasdaq CM) que tem vindo a lutar com um importantes resistência na casa dos $9,3. Em caso de penetração dessa resistência, poderemos vir a ter um "rally" interessante. E, finalmente, a Lexmark International, Inc. (LXK: NYSE) que pode estar a terminar um processo de consolidação.

sábado, 20 de junho de 2015

S&P 500: a análise semanal de Greg Harmon (9)


Esta análise de Greg Harmon que traduzi de forma aproximada e vos apresento a seguir é relativa à semana entre Segunda-feira, 15  e Sexta-feira, 19 de Junho de 2015. As percentagens de ganho/perda apresentadas dizem respeito a toda a semana. A previsão final é para a próxima semana de 22 a 27 de Junho de 2015.

«A semana desenrolou-se com o ouro [$XAU, GDX, GLD] estável, antes de arrancar para cima da média móvel a 50 dias no gráfico do diário [$XAU +0,15%, GDX +0,49%, GLD +1,67%]O barril de crude [$WTIC, USO, USL, OIL] continuou a transaccionar na gama apertada que se observa desde o início de Maio  [$WTIC -0,42%, USO -1,23%, USL -0,51%, OIL -1,30%].  

Já o dólar americano [$USD, UUP] continua a deslocar-se para baixo [$USD -0,75%, UUP -0,84%], enquanto as obrigações do tesouro americano a 20+ anos [TLT] fecharam acima dos mínimos da semana passada [TLT +0,96%].  

O compósito de Xangai [$SSEC, ASHR, PEK] teve um recuo muito forte [$SSEC -13,32%, ASHR -12,56%, PEK -12,81%]enquanto os mercados emergentes [EEM] parecem ter encontrado suporte na casa dos $40 [EEM -0,45%]

A volatilidade [$VIX, VXX] começou a semana em alta, mas caiu rapidamente terminando a semana praticamente inalterada [$VIX +1,31%, VXX -0,11%] N. B. atenção que eu não concordo mesmo nada com esta visão do Sr. Harmon! Para começar, +1,31% no gráfico semanal do $VIX não é um valor nada desprezável, sobretudo se olha para a imagem em baixo:


Repare-se, há ¡cinco! fenómenos no gráfico acima que apontam para o aumento e não para a diminuição da volatilidade:
  1. O histograma do MACD semanal está crescentemente positivo;
  2. A linha do MACD (a preto) cruzou o seu sinal (a vermelho) de baixo para cima;
  3. A média móvel a 40 dias (a azul) está com um declive positivo;
  4. Há um claro suporte na zona em redor dos 12,5 pontos, impedindo a queda do $VIX desde Fevereiro;
  5. Há um arredondamento das velas de preços nessa zona, com duas fortes rejieções dos mínimos nas últimas duas semanas.
Portanto, muito cuidadinho! Voltando novamente à análise do Sr. Harmon:

«Os gráficos dos fundos transaccionáveis (exchange-traded funds, ETFs) que replicam os principais índices bolsitas americanos ignoraram todo este ruído e continuaram a subir [SPY +0,87%; QQQ +1,28%; DIA +0,62%; IWM +1,53% ], com o S&P 500 (SPY), do Nasdaq 100 (QQQ) a sofrerem ligeiras quedas na sessão de sexta-feira, enquanto o Russell 2000 (IWM) fez um novo máximo histórico.

O que é que isto significa para a próxima semana? Vamos olhar para os gráficos do SPY, começando pelo diário:


O SPY começou a semana mais baixo, com um toque sobre a média móvel a 150 dias [N.B.: que está a cor-de-laranja no gráfico, embora apareça a vermelho na legenda], mas esse nível acabou por ser rejeitado. A vela em padrão de "martelo" assim formada foi confirmada na terça-feira seguinte, tendo as subidas continuado até quinta-feira, quase até aos máximos históricos. 

No entanto, o SPY tinha mesmo de descer na sexta-feira por ter entrado em ex-dividendo [N.B.: embora eu pessoalmente não acredite que a queda se deveu a isso, mas sim à especulação em torno da "grexit" que afectou todos os mercados mundiais globalmente], continuando depois a cair e limitando os ganhos da semana.

O gráfico diário mostra que o Índice de Força Relativa (Relative Strenght Index - RSI) continua na zona do meio (50%), enquanto a Média Móvel de Convergência e Divergência (Moving Average Convergence/Divergence - MACD) parece estar a tentar efectuar um cruzamento de baixo para cima. Ambos os indicadores técnicos parecem neutrais.

Já o gráfico semanal (em baixo) mostra que o preço continua a lutar com o rectângulo ou caixa de consolidação que o Sr. Harmon identificou no início deste ano:


As Bandas de Bollinger estão no entanto a apertar, o que é geralmente um forte indício de alterações rápidas do movimento dos preços. 

Nesta resolução temporal (semanas), o RSI está a aguentar muito bem acima da fronteira bullish-bearish (nos 50%). No entanto, o MACD está em queda já desde finais de 2013. Temos resistências acima nos $211 e $212,5, seguidas pelos $213,35. Já os suportes vêm aos $210,25 e $209, seguidos pelos $208 e $206,4.

Previsão geral para a próxima semana: continuação do processo de consolidação da tendência primária ascendente de longo prazo.»

sexta-feira, 19 de junho de 2015

Mais três gráficos "giros"...


 1. Dinheiro em circulação (azul escuro) vs. dinheiro nos bancos (azul claro) da Grécia:

2. Evolução do tecto da ajuda de emergência líquida (ELA - emergency liquidity assistance), que corresponde à quantia máxima que o banco central da Grécia pode disponibilizar aos bancos gregos:



3. Desde Dezembro de 2014, já terão sido retirados dos bancos gregos cerca de 40 mil milhõs de euros:
(observe-se o efeito da vitória do Syriza, em Janeiro de 2015)

quinta-feira, 18 de junho de 2015

Dois gráficos preocupantes...


1. As taxas de juro das orbigações a 10 anos da dívida dos PIIGS (excluindo a Grécia) no mercado secundário:

2. A quantidade de dinheiro depositado nos bancos em cada um dos PIIGS
(chamo a atenção para a utilização de dois eixos: rhs = right hand side)
 

O que quer isto dizer? Bem, pondo a coisa numa imagem, o mercado sugere que há fortes possibilidades de que isto aconteça:


Agora vem a parte realmente engraçada (ou nem tanto, depende do ponto de vista): apesar de tudo isto, o para cambial EUR/USD continua a subir! Parece contraditório, mas o mercado de divisas parece não acreditar num cenário de "Grexit", pelo menos para já!


terça-feira, 16 de junho de 2015

A sabedoria de Peter L. Brandt (7)


    Aqui ficam mais alguns excertos do livro «Diary of a Professional Commodity Trader» (2011), da autoria de uma das maiores lendas-vivas da arte da especulação, o gigante Peter L. Brandt. A tradução, da minha autoria, é aproximada. Além disso, acrescentei algumas notas para enriquecer ainda mais o texto. O texto original (traduzido) está entre aspas e a cor preta, os meus comentários estão a cor verde.


VII. Sinais de transacção: padrões horizontais vs. padrões diagonais

«Eu prefiro de longe utilizar padrões cujas fronteiras são horizontais ou planas, tais como as linhas que delimitam um rectângulo, um triângulo ascendente, uma “cabeça e ombros”, etc. A estes padrões, eu chamo “padrões horizontais”. A razão pela qual os padrões horizontais são geralmente melhores para especular é o facto de a penetração ocorrer usualmente em simultâneo com a superação do máximo ou do mínimo do padrão.»
p. 63

Um exemplo de "padrão horizontal" é aquele que o Peter Brandt apresenta para o ouro ($GOLD) no gráfico que se segue:



Diz o Sr. Brandt: 

«No rectângulo que se desenvolveu no ouro em 2007, a penetração decisiva da fronteira superior coincidiu com a superação do máximo de Abril. Isto sinalizou um movimento ascendente.

Pelo contrário, os padrões diagonais apresentam linhas de fronteira com declive. A minha experiência é que há muitas mais penetrações falsas e prematuras nos padrões delimitados por este género de linhas, comparativamente aos padrões horizontais. Além disso, a penetração de uma linha diagonal pode ou não violar um máximo ou um mínimo precedente.»
pp. 63-64

A título de exemplo, o Sr. Brandt mostra-nos este gráfico do par cambial EUR/USD em 2009: 


«A linha de tendência foi violada em Novembro, colocando um dilema: redesenhar a linha ou lidar com as violações recorrentes, como aquela que teve lugar em finais de Novembro?»
p. 64

Devo dizer que eu, como utilizador habitual das linhas de tendência (LT), discordo da visão do Sr. Brandt. O problema é que as LT não foram concebidas para serem utilizadas como gatilhos ou sinais de transacção. As LT são apenas indicadores da direcção tendência e não devem ser encaradas como mais do que isso. Quando uma determinada LT é quebrada, o especulador deve interpretar o fenómeno como um enfraquecimento da tendência, não como um sinal da sua extinção. Apostar na queda de um mercado só porque uma LT ascendente foi quebrada é um erro crasso. A quebra pode realmente ser seguida por quedas continuadas, mas também pode apenas dar lugar a uma tendência de subida menos íngreme.

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Ver também: 

domingo, 14 de junho de 2015

Mercados americanos: a análise semanal de Brian Shannon (40)


Passou mais semana e foi uma semana pouco interessante nos mercados americanos. O mês de Junho não está a ser grande coisa para os investidores ianques, com os três principais índices (S&P 500, Nasdaq 100 e Dow Jones) em terreno negativo. Vamos ouvir o que pensa o grande Brian Shannon a este respeito:



Modo actual: tendencialmente bearish, mas os mercados têm andado muito erráticos nas últimas semanas. Portanto, tudo pode acontecer...

[00m31s]: contrariamente ao que é habitual, o Sr. Shannon começa a sua análise com um gráfico semanal do S&P 500 (SPY), para enfatizar que a tendência de muito longo prazo (meses) se mantém inequivocamente ascendente. O Sr. Shannon traça uma linha de tendência ascendente (LTA) para mostrar que, apesar das subidas, é perfeitamente possível que o preço recue novamente até aos $ 200, a principal zona de suporte de longo prazo. No entanto, o gráfico diário do SPY conta uma história um pouco diferente, havendo uma outra LTA, traçada sobre a acção de preços desde o início do ano (year-to-date, YTD), que foi recentemente quebrada e posteriormente superada, indicando indecisão por parte dos investidores e especuladores.

Já no gráfico intradiário do SPY (de 30 em 30 minutos), é possível identificar uma zona de suporte entre os $ 209,25 e os $ 210 que poderá sustentar os preços durante a próximas semana.

[02m49s]:o Sr. Shannon enfatiza que, apesar do mau momento que se observa nos índices, há várias acções que estão a subir e que constituem por isso boas oportunidades para fazer dinheiro. Como exemplo, ele cita a Taser International, Inc. (TASR: Nasdaq CM) a Mobileye NV (MBLY:NYSE).

[03m16s]:  No caso do Nasdaq 100 (QQQ, o Sr. Shannon identificou não uma LTA mas sim duas (YTD), delimitando uma "região de tendência ascendente". Há duas zonas de suporte imediatamente abaixo, uma nos $106,7 determinada pela 1ª retracção de Fibonacci (38,2%) e outra, talvez mais consistente, na zona dos $106, onde se encontra actualmente a Média de Preços Ponderada por Volume (Volume Weighted Average Price- VWAP), construída desde o início do ano (year-to-date, YTD).
 
[04m28s]: o Russell 2000 (IWM) é presentemente o mais interessante dos grandes índices, encontrando-se ainda bem acima da sua média móvel a 50 dias. No gráfico intradiário (de 30 em 30 minutos), o IWM ainda apresenta uma média móvel a 5 dias ascendente, razão pela qual o Sr. Shannon recomenda que não pensemos em apostar em quedas da cotação.

[05m24s]: os semicondutores (SMH) devolveram os ganhos de há duas semanas, estando presentemente sobre a média móvel a 50 dias. Apesar de a tendência ascendente de longo prazo ser inquestionável, o Sr. Shannon vê alguma indecisão nos gráficos diário e intradiário, recomendando por isso que nos mantenhamos afastados.

sexta-feira, 12 de junho de 2015

sábado, 6 de junho de 2015

A sabedoria de Peter L. Brandt (6)


   Aqui ficam mais alguns excertos do livro «Diary of a Professional Commodity Trader» (2011), da autoria de uma das maiores lendas-vivas da arte da especulação, o gigante Peter L. Brandt. A tradução, da minha autoria, é aproximada. Além disso, acrescentei algumas notas para enriquecer ainda mais o texto. O texto original (traduzido) está entre aspas e a cor preta, os meus comentários estão a cor verde.


  VI. Sinais de transacção: as "linhas de gelo" (2)

«É estupendo quando os máximos e os mínimos intermédios de um determinado padrão gráfico providenciam pontos de fixação exacta para as linhas de fronteira [N.B. como no gráfico do par cambial GBP/USD da figura mostrada na parte V]. No entanto, essa é a excepção, não é a regra. A verdade é que uma linha de fronteira deve ser sempre desenhada de forma a encaixar o melhor possível numa determinada área de consolidação de preços, mesmo que isso signifique que essa linha tenha de atravessar algumas das barras de preços.» 
p. 60

O Sr. Brandt distingue entre três tipos de penetrações da “linha de gelo”: 

«1. Movimentos para fora da linha: há ocasiões em que uma barra de preço diário penetra significativamente uma linha de fronteira mas depois regressa quase imediatamente ao padrão geométrico. Este fenómeno designa-se por movimento para fora da linha. (…) A história mostra que este tipo de movimentos é uma anomalia em relação à forma geral do padrão, sendo raro durarem mais de que um ou dois dias. Abaixo, apresentam-se duas figuras que ilustram movimentos para fora da linha. O primeiro, no gráfico diário do açúcar ($SUGAR), mostra um movimento para fora da linha de 1 dia (o preço subiu acima da linha nesse dia, mas voltou ao padrão no dia seguinte):


O segundo movimento para fora da linha, no gráfico diário do açúcar branco de Nova Iorque, durou vários dias:



2. Penetração prematura: é um pouco diferente do movimento para fora da linha porque, neste caso, o preço vai significativamente para além da linha e mantém-se na região exterior durante vários dias antes de regressar ao padrão. Só depois ocorre a penetração verdadeira, que leva o preço muito para além dos níveis alcançados durante a penetração prematura. O gráfico abaixo, onde se ilustra a evolução do subíndince de Cacau da Bloomberg ao longo dos primeiros três trimestres de 2009, mostra uma penetração prematura (em Junho). A penetração definitiva só acontece em meados de Julho.



3. Penetração falsa: ao contrário da penetração prematura, que é seguida por uma penetração genuína na mesma direcção, a penetração falsa tem como resultado o desenvolvimento de um padrão muito mais prolongado ou, no pior caso, um forte movimento na direcção contrária. Alguns traders referem-se a isto como uma “armadilha para ursos” (em inglês, bear trap), porque implica que aqueles que se posicionaram na direcção do movimento inicial acabam por ficar presos no lado contrário à direcção do mercado. Na figura que se segue, é possível observar-se uma penetração falsa o índice alemão DAX (Deutshcer Aktien Index).


Em 2009, um belíssimo exemplo de penetração falsa ocorreu nos mercados americanos. Conforme se pode ver na figura em baixo, os preços fecharam abaixo da linha do pescoço de um padrão de “cabeça e ombros” [N.B.: figura de reversão]. Mantiveram-se abaixo da linha do pescoço durante cinco dias, mas depois reverteram e subiram rapidamente. A acção de preços a partir de 14 de Julho [novo teste à linha do pescoço com subsequente rejeição] mostrava que tinha sido activada uma “armadilha para ursos”. A partir do dia 16 de Julho, o mercado subiu espectacularmente e fechou acima do ombro direito, dando assim um sinal de compra muito fiável.»
pp. 60-63



Já agora, o Sr. Brandt não usa médias móveis, mas havia no gráfico acima uma indicação importante de que o padrão de "cabeça e ombros" podia vir a falhar: a média móvel a 50 dias estava a subir e cruzou a média móvel a 200 dias, que estava a descer, de cima para baixo. Este fenómeno designa-se por "cruzamento de ouro" (golden cross) e, geralmente, indica que o mercado está a ganhar momento ascendente de longo prazo.

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Ver também: