quarta-feira, 4 de março de 2015

A sabedoria de Peter L. Brandt (3)


     Aqui ficam alguns excertos do livro «Diary of a Professional Commodity Trader» (2011), da autoria de uma das maiores lendas-vivas da arte da especulação. A tradução, da minha autoria, é aproximada. Além disso, acrescentei algumas notas para enriquecer ainda mais o texto. Texo original entre aspas e a cor preta, comentários do blogueiro a cor verde.


 III. Sobre as limitações dos padrões gráficos

«Há três limitações importantes em relação cartismo¹ que devem ser bem interiorizadas por aqueles que seguem esta metodologia de análise técnica:

1. É muito fácil olhar para um gráfico e descrever o comportamento do mercado a posteriori. Eu vi exemplos incontáveis de livros e material promocional em que se usam gráficos históricos para evidenciar tendências magníficas e fazer parecer que é fácil ganhar dinheiro nos mercados. Mas a verdade é que o trading acontece em tempo real e a tarefa principal de um trader é por isso dificílima, porque o trader tem de antever como é que o gráfico vai ser no futuro, não no passado. Os padrões gráficos mais claros e significativos são geralmente compostos por outros padrões mais pequenos que nunca se chegaram a materializar. Nesse sentido, os gráficos são entidades orgânicas que evoluem ao longo do tempo, enganando os traders repetidamente até se concretizaram finalmente.

2. Os gráficos são ferramentas de transacção e não metodologias de previsão dos preços. Ao longo dos anos, eu tenho-me divertido imenso com os “economistas gráficos”, pessoas que estão constantemente a tentar reinterpretar os fundamentais com base nos últimos casos e reviravoltas dos gráficos [N.B.: os mé(r)dia financeiros ganham a vida a fazer precisamente isso, é por isso que quase tudo o que publicam é treta!] Há uma grande diferença entre abrir uma posição curta num mercado devido a um padrão gráfico e entre estar “bearish” nos fundamentais de um mercado por causa do mesmo padrão gráfico. Os gráficos representam uma ferramenta - ponto final. Qualquer outro uso dos gráficos para além disso levará apenas ao desapontamento e a perdas monetárias.

3. As emoções humanas não podem ser removidas das equações do trading. É impossível estudar e interpretar os preços constantes nos gráficos de uma forma completamente desligada do medo, da esperança e da ganância. É muito pouco prudente agir como se os gráficos nos fornecessem um método totalmente isento de compreender a evolução dos preços. A verdade é que o viés inerente ao trader transborda sempre para a sua forma de analisar os gráficos.»
pp. 37-38
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(¹) Atenção que eu aqui estou a usar "cartismo" como uma tradução livre de "charting"; no entanto, é preciso salientar que, nos dicionários da língua portuguesa actualmente existentes, esta palavra tem um significado inteiramente diferente.

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