domingo, 8 de julho de 2018

Taxa de desemprego mensal nos EUA (Jan-1948 a Jun-2018)


        Aqui fica um gráfico com a evolução da taxa de desemprego mensal nos EUA, desde Janeiro de 1948 até Junho de 2018. A taxa de desemprego no último mês (Junho de 2018) foi de 4,0% mas, como se pode ler aqui, houve mais empregos criados face ao mês anterior (Maio de 2018). Porém, a taxa de desemprego subiu (+0,2%) porque houve mais pessoas a entrar na população activa. Ou seja, cuidado com a forma como se olha para a taxa de desemprego, porque sendo ela o quociente entre o número de pessoas desempregadas e o número total de pessoas na população activa, ela pode enganar quando o número total de pessoas na população activa variar muito de mês para mês!

Mas não foi esse o motivo pelo qual eu decidi publicar este gráfico, mas sim a forma como ele tem sido usado por algumas pessoas nos últimos meses. Há quem esteja a usar este gráfico para argumentar que a descida da taxa de desemprego desde finais de 2009 já dura há muito tempo, pelo que ela não pode continuar indefinidamente. E como as inversões da taxa de desemprego têm coincidido (notem bem, eu escrevi "têm coincidido" e não "coincidem") com os períodos de recessão económica (assinalados a cor cinzenta no gráfico), essas pessoas estão convencidas de que as bolsas norte-americanas vão afundar novamente num futuro próximo.





Ora, esta previsão assenta numa falácia muito comum nas pessoas que olham para gráficos com indicadores económicos, que consiste em olhar isoladamente para um indicador económico e extrapolar a evolução desse indicador económico sem olhar para mais nada. Isto, meninas e meninos, é um erro grosseiro! Os indicadores económicos avaliam-se em conjunto, nunca isoladamente! A ideia de que a curva no gráfico acima tem de inverter nos próximos tempos só porque "a taxa de desemprego está em queda há demasiado tempo" é um logro: a taxa de desemprego tanto pode voltar a subir rapidamente nos próximos meses como a estabilizar em torno de um determinado valor (e.g. Set-1968 a Mai-1969) ou até continuar a cair durante mais tempo (Jun-1953).

Porquê? Porque a evolução da taxa de desemprego nunca pode ser desligada da conjuntura económica. Se os lucros das empresas estão a subir (e estão a subir!), se o mercado imobiliário está a crescer (e está a crescer!), se o crescimento económico não abrandou (olhando ano a ano, ainda não abrandou) e, mais importante de tudo, se o dinheiro não está a ser transferido das acções para os activos de refúgio, então, vaticinar o fim da expansão económica apenas com base numa suposta insustentabilidade da taxa de desemprego é um perfeito disparate. Ou, posto de uma forma mais clara: a taxa de desemprego é uma consequência da conjuntura económica, não é uma causa, não devendo por isso ser tomada como um indicador de entrada ou de saída nos mercados financeiros!

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