domingo, 22 de maio de 2022

Mercados americanos: o Inferno é o limite?


     E já vamos em sete, sete semanas de quedas consecutivas nos mercados norte-americanos! E o pior de tudo é que não há nada que nos indique que a situação poderá vir a alterar-se nos próximos tempos. Pelo contrário, é mais provável virmos a ter mais quedas do que mais subidas! 😖

S&P 500 ($SPX), gráfico diário:


Aquela linha tracejada mais abaixo (a cor vermelha) corresponde a uma queda de 20% desde os máximos históricos de Janeiro. Ou seja, a linha tracejada mais abaixo corresponde à fronteira oficial do Bear Market. Não, não se trata de uma demarcação arbitrária, 20% pode parecer um número redondo, mas a História dos mercados bolsistas norte-americanos dizem-nos que é a partir desse número, mais porcento, menos porcento, que os índices tendem a espatifar-se ao comprido e as quedas tendem a prolongar-se durante muitas semanas ou até meses.

A boa notícia é que, para já, o índice tocou nessa zona entre os 3825 e os 3850 pontos, mas depois voltou a subir rapidamente. A má notícia é que esta rejeição inicial é apenas isso, inicial. Porque no gráfico semanal a situação está muito feia:

 


É bem notória a quebra da zona de suporte a cor amarela que eu tinha assinalado nas últimas semanas. O $SPX desceu até aos 3800 pontos (em rigor, 3810,32, que para efeitos práticos vai dar ao mesmo), o que, face à rejeição desse nível, me obrigou a traçar uma linha de suporte nessa casa. O "cabeça e ombros" que assinalei no gráfico ainda não está confirmado, mas isso poderá mudar já na próxima semana.

Há quem faça agora analogias deste género:

 

 

Mas eu acho sinceramente que ainda é demasiado cedo para tanto, embora não deixe de ser possível. E há um aspecto nos dois gráficos anteriores que é preciso ter bem presente: a rapidez com que as quedas se sucedem a partir dos tais 20%. Olhos bem abertos nas próximas semanas!

Esta semana a diferença entre os novos máximos e os novos mínimos (total mercados EUA a cada 5 dias), recuperou (-2989) face à semana anterior (-12074): 



Mas isso, é claro, pode ser sol de pouca dura, como se costuma dizer. É que as taxas de juro das obrigações do tesouro americano voltaram a subir esta semana:

 


E a procura por obrigações (TLT, gráfico semanal) poderá estar finalmente a começar:

 


O gráfico mensal (provisório) é ainda mais assustador, com um potencial "martelo" a formar-se neste mês de Maio:



Porém, é claro, é preciso esperar para ver o que acontece até ao fim do mês.

Agora vamos olhar para o rácio P/E médio das acções que integram o S&P 500: 


 

O exercício aqui não vale tanto como os anteriores, uma vez que o rácio P/E não segue as subidas do $SPX tão bem como outros indicadores. Ainda assim, vale a pena observar que o fundo das correcções anteriores só aconteceu quando o rácio desceu a valores muito mais baixos do que o actual (19,72). Por exemplo, durante a Covid-19, o rácio P/E desceu até aos 16,04. E em 2011, durante a crise das dívidas soberanas europeias, o rácio P/E desceu até aos 12,64.

Entre 2010 e 2022 a média durante correcções do $SPX foi entre 17,50 e 17,60. Isto significa que o $SPX ainda pode continuar a cair durante muito tempo, até que o rácio P/E atinja esses valores, ou até mais baixos.

Resumindo e concluindo, a sangria parece estar para durar... termino com o triste desempenho dos maiores índices desde o início do ano (YTD):

 


Olhar para os gráficos é a parte mais fácil. Agir consoante a informação dos gráficos é que é a parte mais difícil...

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