sábado, 25 de novembro de 2017

Mercados americanos: o comentário semanal de Chris Ciovacco (15)


     Tivemos mais uma semana de ganhos em Wall Street, com o S&P 500 ($SPX), o Nasdaq ($NDX) e o Russell 2000 ($RUT) a fecharem em novos máximos históricos. Os índices bolsistas norte-americanos teimam em não corrigir: o $SPX já não desce à sua média móvel simples a 200 dias -mms(200)- desde Novembro de 2016 e à sua média móvel simples a 50 dias -mms(50)- desde o início de Setembro deste ano. O $NDX e o $INDU já não descem à sua mms(200) desde Julho de 2016, tendo tocado na sua mms(50) no início de Setembro de 2017. O $RUT esteve abaixo da sua mms(200) em Agosto deste ano, mas recuperou rapidamente logo em Setembro e está novamente em máximos históricos.

A minha carreira como investidor nos mercados financeiros é relativamente recente: em Março de 2018 ter-se-ão cumprido apenas 13 anos desde que fiz o meu primeiro negócio em bolsa. Mas em todo esse período, não me lembro de uma altura tão boa na bolsa americana como a actual...  estou até um pouco frustrado porque não tenho conseguido acrescentar capital às minhas posições, por não terem ocorrido quedas de cotação que me permitam fazê-lo a meu gosto. E o que é mais surreal, é que o Sr. Ciovacco -analista técnico seguidor de tendências de longo prazo- está convencido que esta festa está para durar!

Pontos de interesse do vídeo do Sr. Ciovacco:
  • 00m33s O exercício que o Sr. Ciovacco nos propõe esta semana é ligeiramente diferente daquilo a que ele nos tem habituado. É que hoje o termo de comparação não são médias móveis ou indicadores técnicos, mas sim as obrigações e o ouro. Por exemplo, o gráfico que se segue mostra-nos o quociente entre a cotação de dois fundos transaccionáveis da iShares, (1) o IWF, que procura replicar a valorização de um cabaz de acções de grande e média capitalização bolsista e (2) o IEF, que procura replicar a valorização de um conjunto de obrigações do tesouro americano com maturidade entre 7 e 10 anos. O que o gráfico nos diz é que, durante períodos bons para as acções, o rácio IWF:IEF tende a aumentar e, inversamente, a diminuir em períodos maus para as acções.

  • 01m19s Olhando para um gráfico da muito longo prazo do rácio entre o S&P 500 ($SPX) e o índice das obrigações cuja maturidade até aos 30 anos do Chicago Board of Trade ($USB = U.S. Bond), observa-se um período de consolidação multinanual entre 1994 e 2017 (23 anos) no interior do rectângulo alaranjado. Repare-se também na 'bear trap' em 2016.
 
  • 04m07s No gráfico que se segue temos o mesmo rácio ($SPX:USB), mas num gráfico trimestral (o anterior era anual). O gráfico mostra o mesmo rectângulo de consolidação e também o índice direccional médio, o ADX. Verifica-se que a linha preta do ADX está prestes a cruzar as linhas verde e vermelha de baixo para cima, o que é tipicamente um sinal bullish.

  • 07m06s O Sr. Ciovacco volta a partilhar connosco uma brilhante observação de Richard Donchian:
«Um movimento que é sucedido por uma período de lateralização dentro de uma gama de valores é muitas vezes seguido por um segundo movimento na mesma direcção do primeiro movimento e quase com a mesma extensão.»
-Richard Donchian, no livro Trend Following
  • O ponto desta citação é o seguinte: olhe-se para a evolução do rácio no gráfico acima antes do rectângulo; depois olhe-se para a evolução do rácio dentro do rectângulo... se o Sr. Donchian tiver razão, há uma grande probabilidade (atenção, probabilidade ≠ certeza!) de que aquilo que aconteceu entre 1978 e 1994 se repita nos próximos anos.
  • 11m04s Refazemos a análise, mas agora começamos por usar o fundo transaccionável SPY (S&P 500) em vez do índice ($SPX), para comparar o S&P 500 ao ouro (GLD). Sendo um activo de refúgio, o Ouro tende a subir quando as acções tendem a cair (nem sempre, é uma regra geral mas não absoluta).


  • 11m44s Pois bem, usando agora o rácio entre os índices correspondentes ($SPX e $GOLD), é possível obter  gráfico trimestral para o período entre 1979 e 2017 (23 anos) que se mostra a seguir. A primeira coisa que salta à vista é a quebra da linha de tendência descendente (LTD) que vigorou desde o crash da "bolha das dot com", em 2000, até 2013, quando as acções começaram a ter um desempenho superior ao do ouro. Esse momento, quebra da LTD, é assinalado no gráfico pelo número 1. Os dois números seguintes são: (2) novo mínimo mais alto que o precedente e (3) novo máximo mais alto que o precedente.

  • 14m08s O Sr. Ciovacco acrescenta a média móvel de convergência-divergência (MACD) ao gráfico anterior. O indicador técnico reforça as observações feitas acima, com a situação actual a parecer muito semelhante àquela que se observou no período entre 1988 e 2000, altura em que as acções tiveram uma performance relativa muito superior à do ouro.
  • 16m30s O Sr. Ciovacco acrescenta o TRIX ao gráfico anterior. As conclusões são muito semelhantes àquelas que foram retiradas para o MACD.
  • 18m01s Tudo isto para responder a duas perguntas que o Sr. Ciovacco colocou no início do vídeo: (1) "os portfolios diversificados já tiveram melhor dias?" e (2) "estará a ouro a iniciar um período de baixa performance?" A resposta a ambas perguntas parece ser sim. Tendo em conta os dados e os factos expostos neste vídeo, as obrigações e o ouro parecem destinados a render menos do que as acções durante próximos anos. Mais uma vez, isto não é uma previsão, é simplesmente aquilo que os gráficos sugerem.
  • 22m11s O Sr. Ciovacco termina a sua apresentação a sublinhar, mais uma vez, a necessidade de não cair nos erros de amador elencados neste slide. Ou como disse o maior especulador de todos os tempos, "não há ninguém que consiga apanhar todas as flutuações [de mercado]".

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