sábado, 24 de março de 2018

Ponto da situação (2018/03/23) - via SPY


     Como eu tinha temido na última posta, os mercados bolsistas mundiais voltaram a cair. A situação foi particularmente feia no sector financeiro, mas o resto dos sectores de mercado não ficou muito atrás em matéria de desvalorização. No caso do S&P 500, por exemplo, o SPY fechou a semana muito perto do mínimo de Fevereiro e, pior do que isso, abaixo da média móvel simples a 200 dias:


Observe-se ainda que a média móvel simples a 50 dias já inverteu a sua trajectória ascendente, estando agora com um declive negativo. O MACD e o RSI, apesar de estendidos, ainda sugerem que as quedas poderão continuar na próxima seguinte.

Olhando agora para o gráfico intradiário do SPY (velas de 30 minutos), verificamos um aumento significativo da volatilidade desde o máximo de 26 de Janeiro, tendo a média móvel simples a 5 dias um declive claramente descendente:


Como seria de esperar, o SPY fechou abaixo das médias móveis ponderadas por volume que temos seguido nas últimas postas (VWAP YTD, VWAP 26-JAN e VWAP 9-Fev). Tive de fazer este gráfico no MS-Excel porque a minha plataforma de negociação não me permite criar VWAPs ancoradas:


Perante este cenário, urge perguntar: o que podemos esperar para a próxima semana? Em primeiro lugar, é necessário termos bem presente que este género de comportamento dos mercados é normal durante os Bull Markets. E nem sequer é preciso recuarmos muito tempo para vermos algo do género num passado recente, neste mesmo Bull Market. Entre Agosto de 2015 e Março de 2016, o S&P 500 fez isto, que foi (até ver) bem mais feio do que aquilo que estamos a ver agora:


Há duas formas aceitáveis de lidar com este género de situações: (1) não fazer nada até que o S&P desça abaixo de um nível considerado como limite aceitável para as perdas e, nessa altura, encerrar as posições, ficando depois à espera que a bolsa volte a dar sinais de força ascendente; e (2) definir patamares graduais para encerramento de posições activas e abertura de posições defensivas.

Em relação à primeira estratégia -que é aquela que se recomenda ao público em geral e às pessoas sem experiência de bolsa-, o Sr. Ciovacco partilhou connosco, no seu comentário em vídeo semanal, este gráfico que nos mostra como podemos definir o tal valor limite para as perdas:


Ou seja, pegamos no mínimo registado desde o início das quedas (9-Fev) e no máximo observado durante o mesmo período (13-Mar) e traçamos um rectângulo de consolidação como aquele que se pode ver na imagem acima. Note-se que o rectângulo é apenas indicativo, pelo que o $SPX pode descer um pouco abaixo do valor registado (2532). No entanto, quanto mais tempo o $SPX se mantiver abaixo do rectângulo, maior será a probabilidade de que não consiga recuperar. Por isso, se o índice cair e não recuperar durante várias semanas, será altura de deitar a toalha ao chão.

A segunda estratégia -que é aquela que eu adopto nestas ocasiões mas que é muito mais arriscada- é não ficar impotentemente à espera que o $SPX desça até ao fundo da caixa, mas ir abrindo posições curtas à medida que o índice vai desvalorizando. Fiz isso esta quinta-feira, quando o $SPX desceu abaixo do mínimo de 2-Mar, aumentei a posição na sexta-feira e tenciono aumentá-la novamente caso o rectângulo seja quebrado. Mas atenção que o $SPX pode tocar no fundo do rectângulo e voltar rapidamente para cima, pelo que recomendo muito cuidado a quem decida fazer o mesmo!

Para terminar, vamos olhar para um gráfico semanal do SPY, partilhado pelo Sr. Harmon:


Como se pode ver acima, o RSI semanal do SPY só entrou agora na zona bearish (<50%), pelo que ainda há muito espaço para mais quedas, facto que é corroborado pela distância da última vela à Banda de Bollinger inferior e pelo aumento do histograma do MACD. Resumindo e concluindo, vai ser preciso termos muita paciência nas próximas sessões... e, acima de tudo, um plano para todas as possibilidades: ressaltos, mais quedas, e quedas seguidas de ressaltos!

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