quarta-feira, 11 de maio de 2022

Ponto da situação: a inflação não desarma, e as zonas de suporte no S&P 500 e no Nasdaq 100 foram quebradas 😱


    Segundo o relatório oficial divulgado hoje nos EUA, a inflação continuou a crescer durante o passado mês de Abril, não obstante esse crescimento ter registado um abrandamento face ao mês de Março. O índice de preços no consumidor (Consumer Price Index - CPI) em Abril registou um aumento de 8,3% face ao ano passado (i.e. face a Abril de 2021). Em Março, o número correspondente tinha sido 8,5%.
 
 

 
No gráfico de barras abaixo, é possível verificar que os combustíveis fósseis continuam a ser o principal motor do aumento da inflação, o que é péssimo, por duas razões: (1) a guerra na Ucrânia vai continuar a contribuir para manter os preços elevados; (2) a política de transição energética da Administração Bidé tenderá a agravar o custo das energias convencionais.




Bem sei que eu próprio comecei por desvalorizar o papel desta inflação aqui no blogue, mas o que é demais é demais e chegámos agora a um ponto em que é mesmo preciso levá-la a sério. Para aqueles que não estejam devidamente familiarizados com o porquê de a inflação ser um problema, vou citar novamente o grande Braga de Matos:

«O aumento da inflação provoca acréscimo das taxas de juro, dificuldade me planear e incertezas nos mercados, o que prejudica as empresas, os seus lucros e, no final, as acções.

(...) 

Passando à verificação comprovativa, Eugene e Fama e outros investigadores, autonomamente, encontraram uma correlação negativa entre as cotações das acções em geral e a inflação, para o período de 1925 a 1980, no mercado americano. (...) No mercado Inglês, a mesma correlação negativa foi encontrada para equivalente período de tempo.»

- in "Ganhar em Bolsa", Fernando Braga de Matos, 8ª Ed., pp. 217-219


Ou seja, pela primeira vez desde a crise financeira de 2008, os fundamentais estão claramente maus. E as más notícias não acabam aqui... é que os técnicos ainda estão piores! Hoje, as zonas de suporte que tínhamos identificado no passado dia 27 foram quebradas:

 


Agora podem acontecer várias coisas mas, nos próximos dias, as mais prováveis são as seguintes:

 
Qualquer uma destas possibilidades está em cima da mesa. Eu, pessoalmente inclino-me mais para as duas primeiras. Em ambos os casos, (a) e (b), o índice deverá descer rapidamente até à zona de suporte na casa dos 3600 pts. É provável que se detenha temporariamente nessa zona, ficando depois a lateralizar, no melhor cenário, ou retomando as quedas até aos 3200 pts, no pior cenário.

No Nasdaq, a situação é apenas um pouco melhor. O suporte ainda não foi quebrado de uma forma convincente, mas as quedas na maior parte do sector tecnológico têm sido monumentais, pelo que não é expectável que o índice aguente muito mais tempo.
 


 
Face a tudo isto, eu já decidi: a partir de amanhã, se (a) ou (b) acontecerem, sendo que (b) é preferível a (a), começo a fechar posições longas e a abrir posições curtas. Não gosto de o fazer, mas os fundamentais não estão para brincadeiras, pelo que me parece prudente fechar algumas posições. Enquanto os fundamentais estavam bons, valia a pena arriscar. Essa estratégia foi muito proveitosa entre 2013 e a presente data. Mas a história diz-nos que agora as quedas se poderão prolongar durante muito tempo, pelo que o risco já não compensa.
 
Faço notar que isto não é um conselho aos leitores deste blogue. Eu estou apenas a dizer o que eu vou fazer, não o que vocês devem fazer. Cada um deve analisar os dados por si e adoptar a estratégia de actuação que melhor se adequar ao seu perfil de investidor.

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